A guerra contra a utopia de gênero

As vitórias parciais contra a ideologia de gênero não nos devem enganar. A guerra contra o suposto “segredo de uma organização social perfeita” só está começando.

Equipe Christo Nihil Praeponere

19 de Dezembro de 2013

Quando Adão e Eva, seduzidos pela serpente, desobedeceram a Deus e comeram do fruto da ciência do bem e do mal, entrou no mundo o pecado e, com ele, a destruição e a morte. Desde então, “por causa do homem, a criação está submetida à servidão da corrupção”[1] e, trazendo em si mesmo a queda dos primeiros pais – o pecado original –, o ser humano vê a sua própria existência converter-se em um drama terrível, no qual tudo está pendente, inclusive a sua salvação.

Traçado o quadro clínico da humanidade, não é difícil perceber como a condição militante e combativa é inerente à realidade deste mundo. Quem quer que se arrogue o poder de eliminar desta vida as suas pelejas e tempestades, as suas dificuldades e desafios, prometendo “uma vida isenta de sofrimentos e de trabalhos, toda de repouso e de perpétuos gozos, certamente engana o povo e lhe prepara laços, onde se ocultam, para o futuro, calamidades mais terríveis que as do presente”[2].

Grande parte da inércia presente na sociedade moderna é fruto de uma ideologia que, desprezando a doutrina do pecado original, instala o homem numa espécie de “jardim do Éden”, no qual todas as pessoas seriam boas, não haveria nenhuma maldade, a natureza viveria em grande harmonia e ninguém seria chamado a nenhum desafio. Trata-se, sem sombra de dúvidas, de uma utopia: este mundo doce e cor de rosa não existe e jamais existirá nesta terra. Quem se dispõe a propagar esta visão frágil de mundo pretende nada menos que “castrar” o homem e tirar a transcendência de seu horizonte de vida.

Por isso, o Catecismo da Igreja Católica adverte: “Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da educação, da política, da ação social e dos costumes”[3]. Ignorar que o homem é capaz do mal engendra a ilusão de que poderemos ser felizes neste mundo, de que pode existir um modelo perfeito de sociedade aqui.

Os perigos desta construção ideológica – que é o que está por trás de toda a “agenda de gênero” – já se fizeram sentir no século XX, nos países dominados pelo regime socialista. A ousadia dos novos revolucionários, no entanto, vai mais além: diferentemente dos primeiros socialistas, eles não querem simplesmente abolir as “diferenças de classes”, mas as próprias distinções sexuais. Por isso, a criação de uma nova categoria: o gênero. Para libertar as pessoas da família – a qual os ideólogos consideram a forma mais primitiva de opressão –, é preciso acabar com os conceitos de “homem” e de “mulher”, que eles alegam ser socialmente construídos.

Mas, ainda que alguém lhes mostre, por “a” mais “b”, que estas diferenças sexuais são estabelecidas por Deus ou pela natureza, nem assim eles desanimam. Em A Dialética do Sexo, Sulamita Firestone diz que “a natureza não é necessariamente um valor humano. A humanidade já começou a superar a natureza; não podemos mais justificar a manutenção de um sistema discriminatório de classes sexuais fundamentadas em sua origem natural”[4].

Para os ideólogos de gênero, não importa a família, não importa a natureza, não importam as diferenças evidentes entre “homem” e “mulher”, não importa a verdade. Em nome de um futuro utópico que eles mesmos construíram, vale tudo, inclusive transformar a própria realidade para que caiba em suas mentes celeradas. Como adverte o bem-aventurado João Paulo II, “quando os homens julgam possuir o segredo de uma organização social perfeita que torne o mal impossível, consideram também poder usar todos os meios, inclusive a violência e a mentira, para a realizar”[5].

Tomando consciência de todo este plano idealizado para destruir a célula mater da sociedade, as pessoas de boa vontade devem se unir, em ordem de batalha, para defender o bem comum e, se possível, desmascarar as mentiras concebidas nestes projetos sórdidos e diabólicos. Esta semana, no Congresso Nacional, graças à ação conjunta de católicos, protestantes, espíritas e muitos outros grupos, alguns destes projetos foram temporariamente freados. No entanto, a mão por detrás de toda esta maquinação é forte e a guerra não acabou.

A vitória, no fim das contas, está do nosso lado. Se a veremos ou não, esta é outra história. Cabe a nós, como diz Santo Inácio de Loyola, “orar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar como se tudo dependesse de nós”. Afinal, desta importante luta dependem o futuro da família, do Brasil e da própria humanidade.

Referências

Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 400
Papa Leão XIII, Encíclica Rerum Novarum, n. 9
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 407
Retirado de “A Agenda de Gênero – Redefinindo a Igualdade”, condensado da obra de Dale O’Leary.
Papa João Paulo II, Encíclica Centesimus Annum, n. 25

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