Bispos australianos: “É um erro pedir equiparação do matrimônio homossexual”

Os bispos, em carta: “não criar confusão sobre o matrimônio”, salientam a importância da união homem-mulher

Por Redação

Roma, 28 de Maio de 2015 (ZENIT.org)

“Não criar confusão sobre o casamento” é o título da longa carta pastoral divulgada pela Conferência Episcopal Australiana (Acbc), para enfatizar a importância do matrimônio entre homem e mulher. Dividida em 17 páginas, o documento – explicam os bispos – nasce do contexto atual, onde há muitas “discussões sobre o significado do matrimônio” e se define “uma discriminação” não permitir as núpcias homossexuais. Por isso, reitaram os prelados, é importante esclarecer.

A carta pastoral – explica – começa de um princípio essencial: “o respeito com todos”, com todo ser humano, em quanto criatura de Deus. As pessoas homossexuais, portanto, “devem ser tratadas com respeito, sensibilidade, amor” e “nenhuma injusta discriminação, baseada no sexo, religião, raça ou idade” pode ser querida pela Igreja. No entanto, pedir para equiparar o matrimônio homossexual com o matrimônio entre homem e mulher “está errado”, explica a Igreja de Sydney, porque são duas coisas diferentes.

“A união entre homem e mulher – de fato – é diferente de outros tipos de união: essa é uma instituição designada a apoiar as pessoas do sexo oposto na fidelidade mútua e com os seus filhos”. Por isso, “não é uma discriminação” reservar o matrimônio só para este tipo de união.

Em vez disso, enfatizam os bispos australianos, “é injusto, muito injusto, legitimar a falsa afirmação de que não há distinção entre um homem ou uma mulher, um pai ou uma mãe; é injusto ignorar os valores peculiares realizados pelo verdadeiro matrimônio; é injusto não reconhecer a importância, para as crianças, de ter uma mãe e um pai; é injusto mudar, em retrospecto, as bases sobre as quais as pessoas casavam no passado”.

A Conferência Episcopal destaca, portanto, um ponto importante: o matrimônio não é uma mera “ligação emotiva”, mas sim “uma união onicompreensiva, destinada não só ao bem-estar dos cônjuges, mas também à procriação e ao bem-estar dos filhos”. Especialmente, continua a carta, “o que permite que este tipo especial de união entre um homem e uma mulher se tornem um matrimônio é justamente a diferença e a complementaridade entre os cônjuges”, o seu completar-se mutuamente. Por isso, afirmam os bispos australianos, “as relações entre pessoas do mesmo sexo são uma coisa muito diferente e considerá-las como um casamento é ignorar as características especiais que ele tem”.

“Bem fundamental, pedra angular da existência humana, bênção de Deus”, o matrimônio está no centro da atenção da Igreja católica porque ele é “o fundamento de uma nova família e toda família baseada no matrimônio é uma célula básica da sociedade”. Não só: os bispos australianos recordam que “as famílias garantem a estabilidade social, criando amor e comunhão, acolhendo a vida, cuidando dos fracos, dos doentes e dos anciãos”. E é reconhecendo tal “papel crucial para o crescimento da comunidade” que os governos reconhecem e regulamentam o matrimônio entre homem e mulher, enquanto que, por exemplo, não se preocupam das relações de amizade entre as pessoas.

Mas há um outro significado do matrimônio que não deve ser esquecido, acrescentam os bispos: o religioso. As núpcias são “um sacramento” que “Deus é o autor”, e portanto, “a Igreja afirma que o matrimônio não é só uma instituição natural, mas também sagrada”. A Acbc recorda a necessidade de “respeitar a dignidade das crianças”, ou seja, “a sua natural necessidade e direito de ter uma mãe e um pai”, tanto que “vários estudos afirmam que a ausência de um pai e de uma mãe impede o desenvolvimento dos menores”. Neste sentido, “não criar confusão sobre o matrimônio significa também não criar confusão nas crianças”, porque “isso seria gravemente injusto”. Tudo isso, naturalmente, acrescenta a Carta, não se aplica às famílias monoparentais não intencionais que, de fato, a Igreja “tenta ajudar na sua resposta heróica às necessidades dos filhos”.

Os prelados australianos elencam, então, em detalhes, numerosos exemplos de violação da liberdade de consciência e de crença, como o de sacerdotes ameaçados por terem defendido o matrimônio tradicional. Sem esquecer – lê-se ainda no texto – que “permitir o matrimônio homossexual abre o caminho à legitimação da poligamia, como foi o caso do Brasil”.

A carta pastoral conclui com um apelo: “É hora de agir – escreve a Igreja de Sydney – porque o matrimônio não é simplesmente um rótulo que pode ser anexado, de tempos em tempos, em diferentes tipos de relacionamentos, dependendo da moda do momento”. Ele, pelo contrário, tem “um significado intrínseco, natural, antecedente à legislação estatal” que “reflete o plano de Deus para a humanidade, o crescimento pessoal de cada um, das crianças e da sociedade”. Daí, o convite “a todas as pessoas de boa vontade a rezarem e duplicar os esforços para apoiar o matrimônio” tradicional, também graças ao testemunho de casais.

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