O aborto, por qualquer motivo, sempre deixa uma marca profunda (Parte II)

Entrevista com Mons. Vitaliano Mattioli, missionário italiano no Brasil

Por Thácio Siqueira

BRASILIA, sexta-feira, 10 de agosto de 2012 (ZENIT.org) – Em entrevista a ZENIT, Mons. Vitaliano Mattioli, missionário italiano fidei donum no Brasil, revela os principais perigos do aborto para uma mulher e para uma nação.

Publicamos a segunda parte da entrevista hoje. Para ler a primeira parte clique aqui.

***

ZENIT: Por que o aborto é uma coisa ruim para a mulher?

ZENIT: Falar de mulher é sinônimo de maternidade. É uma sensibilidade totalmente feminina que o homem não possui, pelo menos nesse nível. Quando uma mulher está grávida não diz: “Dentro de mim tenho um zigoto ou um embrião”, mas diz: “estou esperando um filho”. Ela sabe que aquela realidade que está amadurecendo dentro dela é um outro ser humano, seu filho. Fiquei impressionado com uma página de um romance grego (Sec I ou II d.C.). Uma senhora tornou-se escrava enquanto se encontrava no segundo mês de gravidez. Confidenciou a uma amiga a sua preocupação. Esta respondeu-lhe que a solução era abortar. Mas a mulher disse: “Como, você que é uma mulher, me aconselha matar o meu filho?” (Caritón de Afrodisias, O Romance de Caliroe). O corpo da mulher, que deve ser o primeiro berço da criança, o lugar privilegiado para o desenvolvimento de uma vida, transforma-se em um lugar de morte, em um cemitério. A mulher sabe que traiu seu filho, mas especialmente que traiu a si mesma. O seu organismo genital, onde Deus trabalha para gerar e amadurecer uma vida, foi profanado. À ação divina de amadurecer e proteger uma vida, substituiu-se uma vontade humana de condenar à morte.

ZENIT: O senhor tem atendido algum caso de casal que tenha abortado?

MONS.VITALIANO: Atendi vários casos. É preciso muita compreensão e, ao mesmo tempo

atrair essas pessoas para se tornarem apóstolos da vida, ajudando outras mulheres que se encontram nesta situação para não cometerem o mesmo erro. De um mal pode vir bem.

ZENIT: O brasil está a ponto de votar pela aprovação do novo código penal que despenalizará o aborto até a 12 semana. O que essa legislação pode trazer para o Brasil e para as famílias brasileiras?

MONS.VITALIANO: O Brasil é um país maravilhoso. Espero que o Congresso de Brasília não cometa o mesmo erro que o italiano e de outras Nações. Pergunto-me: qual é o significado desta 12ª semana, ou seja, o terceiro mês. A genética nos diz que o feto, no terceiro mês, é um bebê completamente formado. Mas já a partir do momento da concepção o novo indivíduo possui todo o patrimônio genético, possui a sua carta de identidade genética. Só precisa de tempo para desenvolver-se, para amadurecer. Todas as transformações depois da concepção não são mais do que desenvolvimento das suas características que já possui desde o começo da sua existência. O zigoto é um ser humano com todas as potencialidades e não um ser humano em potência. No primeiro caso trata-se de desenvolver o que o zigoto, embrião, feto já tem em sua composição genética; no segundo trata-se de uma intervenção de fora para dar-lhes o que não possui. Mas não há uma outra intervenção externa depois da concepção. Portanto, o desenvolvimento da gestação consiste no amadurecimento daqueles elementos que o novo indivíduo possui desde o começo. É necessário chamar a realidade com o próprio nome e não com outras palavras que obscurecem a verdadeira essência da ação. A palavra aborto é indolor. O mesmo: interrupção de uma gravidez. Mas se falamos: o aborto é a interrupção de uma vida humana nas primeiras fases da sua existência, ou seja, é um assassinato, o impacto psicológico é muito diferente. Se o Brasil aprova essa lei, mais do que dizer: lei que permite o aborto, seria mais honesto dizer: “lei que permite a interrupção de uma vida humana nas primeiras fases da sua existência, ou seja, um assassinato. As conseqüências desta lei são desastrosas, como ocorre naqueles Países onde o aborto é legalizado. Antes de mais nada, a desvalorização da vida humana. Quando um Governo permite a uma mãe matar o seu próprio filho, não devemos mais surpreender-nos se a vida humana não tem mais valor. Além disso, o relaxamento dos costumes sexuais, já muito em crise, vai aumentar. Em vez de formar uma sociedade forte, o mesmo Governo irá contribuir de forma decisiva para formar uma sociedade fraca e frágil. O Brasil é um país que conserva uma grande sensibilidade e um grande amor à vida. No mundo a população mundial é invejada pelo desejo, a alegria, o gosto de viver. Tomara que não seja justamente o Governo que prive este povo maravilhoso, de tanta felicidade e alegria.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.