O crescente e preocupante turismo do “Suicídio assistido” na Suíça

Suicidio assistido

Não muito distante da Holanda, na vizinha Bélgica, temos também a eutanásia legalizada e na Suíça, o chamado “suicídio assistido”. Fixemos nossa atenção do que vem ocorrendo atualmente na Suíça. Sua legislação contempla a prática do suicídio assistido e uma das principais organizações que ajuda a pessoas a praticá-lo, chama-se “Dignitas”.

Recentes pesquisas revelam que o número de “turistas do suicídio” que vão à Suíça para terminar com suas vidas dobrou nos últimos quatro nos. Alemães e Britânicos são a maioria. Com condições neurológicas tais como paralisia, doenças do motor neuronal, Parkinson e esclerose múltipla, constituem quase a metade dos casos. Entre 2008 e 2012 611 não residentes suíços foram ajudados a abreviar suas vidas.

A idade varia de 23 a 97, com uma media de 69 anos, dos quais a mais da metade (58%) dos turistas eram mulheres e 40% homens. No total, pessoas de 31 países foram a Suíça entre 2008 a 2012 para utilizar serviços de suicídio assistido. Alemães somam 268 casos e pessoas do Reino Unido 126. Outros países (os dez mais) incluem a França, com 66, Itália, 44, EUA, com 21 casos, Áustria, 14, Canada, 12, Espanha e Israel, com 8 casos cada. O números de pessoas que optaram pelo suicídio assistido na Suíça dobrou entre 2009 e 2012.

Segundo os pesquisadores, uma a cada três pessoas apresentava mais de uma justificativa médica para solicitar o suicídio, mas as condições neurológicas constituíram quase a metade de todos os casos, seguida pelo câncer e doenças reumáticas.

Este fenômeno do turismo suicida na Suíça tem provocado mudanças na legislação e sérios debates parlamentares na Alemanha, Inglaterra e Franca, países com maior número de casos. Intensas discussões também ocorrem na própria sociedade Suíça, que começa a acordar deste pesadelo de ser considerada a terra do turismo, mas não de suas incríveis belezas naturais, mas desgraçadamente, de tristes finais de vida!

Um comentário final relacionado à argumentação ética da chamada “escada escorregadia”. No inicio de 2002, quando foi aprovada a lei, basicamente, os que procuravam procedimentos de eutanásia eram pacientes em fase terminal de câncer. Os candidatos à eutanásia seriam mais pessoas que tem um “sofrimento intolerável” (unberable suffering) no final de sua existência, como pacientes em fase final de vida. Hoje, situações existenciais tais como, sentir-se só, não ter sentido de vida, solidão, dor pela perda de um ente querido, passando por um luto, ser portador de uma doença crônica degenerativa, tal como Alzheimer ou Parkinson, tornaram-se motivos para a prática da eutanásia.

Não se menciona mais uma ação terapêutica ou medica para “cuidar ou aliviar a dor ou sofrimento da pessoa”, de dar novo significado à vida frente a estes desafios existenciais, denominadas “as doenças da alma do século XXI”.

Por que não se potencializa a filosofia dos cuidados paliativos, isto é, dos cuidados integrais, que visem atender à pessoa humana na sua integralidade de ser, ou seja nas suas necessidades humanas, físicas, psíquicas, sociais e espirituais (necessidade de um significado de vida, de uma esperança maior)?

Por causa desta dor incurável ou este sofrimento intolerável, tira-se a vida da pessoa. Não esqueçamos que neste caso estamos diante de pessoas que poderiam viver ainda muito tempo, anos, ou mesmo décadas. É necessário refletir!

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