Quaresma (Parte II)

Continuamos nossa meditação sobre a Quaresma, tempo de graça em que somos chamados a viver mais intensamente a vida de oração, jejum e esmola.

Em nossa primeira formação falamos um pouco da justiça, que é um fruto da vivência da oração, que é o encontro pessoal com Jesus. Meditamos com Zaqueu, que também exerceu com tanta verdade a prática da esmola (sua vida era pautada em roubar os irmãos, como cobrador de impostos, e após o encontro com Jesus ele devolve tudo que roubou em dobro), e fez penitência da carne pois praticava a avareza.

Hoje iremos falar da prática do Amor, que também é fruto da oração, esmola e jejum.

2 – Amor

“AME E FAÇA TUDO QUE QUISERES” (Stº Agostinho)

Mas que amor é este que Stº Agostinho fala, o qual amando pode fazer tudo que quiser?

É o amor que brota do mais profundo do nosso ser, do encontro pessoal com a Pessoa de Jesus. É neste encontro que o homem encontra sua verdadeira dignidade de filho de Deus, que se sente amado e querido, e sua resposta a este amor é contagiar a todos com ele.

Mas como saber o que é o amor concretamente na nossa vida, como ele se manifesta?

Possamos lançar o nosso olhar para a Palavra em I Cor 13,1-8. São Paulo nos descreve o fruto na vida daquele que se encontrou com o amor, e mais importante, coloca que, se as nossas ações não forem por amor, posso ter fé, distribuir meus bens aos pobres, dá meu corpo às chamas… se não tiver amor, isso de nada nos adiantaria.

E continua nos dizendo como se comporta aquele que pratica o amor;

Ela é paciente, prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho, não é inconveniente, não se irrita, não guarda rancor, não se alegra com a injustiça, se regozija com a verdade, tudo desculpa, tudo crê e tudo suporta.

Às vezes lemos esta palavra de forma meio fantasiosa, sem trazer para concretude de nossa vida, desejando, pedindo a Deus a graça do Amor. Neste tempo somos chamados a fazer um paralelo entre a nossa vida e a que Jesus nos chama a viver. A nossa oração precisa ser contemplativa e de ação. Encontro-me com o Amor na contemplação da minha oração pessoal, Adoração, Santa Missa; e descubro como estou e o que preciso mudar para acolher e testemunhar este amor. Em seguida vou ao encontro do outro. Quem está cheio do amor de Deus só deseja levá-lo a todos os homens.

Por isso Stº Agostinho nos diz que ame (sendo paciente, prestativo… tudo suportando e tudo crendo) e você pode fazer o que quiser.

Um mundo que não sabe o que é amor e que precisa conhecê-lo através do nosso testemunho e acolhimento. Hoje  precisamos ir de encontro aos piores mendigos que a história da humanidade já teve, homens e mulheres que mendigam o amor em bares, drogas, sexo, função que ocupam, consumismo, materialismo, internet; parece que tem tudo, mas o Tudo lhes foi tirado: o Amor de Deus. São os mendigos que precisam de um olhar da caridade, por isso somos chamados a acreditar sempre que, enquanto tiver suspiro de vida tem tempo para conversão, mas é preciso sairmos de nós ao encontro do outro.

Da oração caminhamos para a esmola e desta para a penitência. É necessário nos penitenciarmos para acolher o Amor e transbordar este Amor. A penitência  dos nossos sentidos:

– Do olhar: ver no outro Cristo Jesus, pois não há como separar um do outro;

– Ouvir e nunca julgar;

– Acreditar sempre que é possível a salvação para todos;

– Falar só o que irá ajudar no crescimento do irmão;

– Que nossas mãos sirvam sempre para ajudar o outro a caminhar e, se preciso for, levá-los nos braços.

Não deixemos que esta seja mais “uma quaresma”, mas a Quaresma, onde deixamos Deus transformar a nossa vida em amor fecundo, pela oração, penitência e esmola.

Janet Alves

Religiosa descreve simplicidade do mosteiro em que o Papa Bento habitará

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Uma das freiras que viveram no mosteiro onde o Papa vai passar a residir diz que sua escolha mostra a sua “grande simplicidade”, porque “não é um obra de arte ou nada comparável a outros edifícios do Vaticano”.


“Sua decisão de retirar-se foi uma surpresa para mim, mas ele é muito corajoso, embora frágil e idoso”, disse uma freira da Ordem da Visitação de Santa Maria ao grupo ACI, que pediu anonimato pela da sua vida de clausura.

“Mas esta decisão é a prova de que ele tem uma mente muito lúcida”, afirmou ela, acrescentando que “o nosso amor próprio não nos permite ver as nossas próprias limitações, ao contrário do que o Papa Bento XVI fez.”

“Se eu o amava antes”, declarou ela, “agora eu o amo ainda mais.”

As irmãs levam uma vida simples, sem pessoal de serviço. Elas passam o tempo rezando e, para seu aniversário de 400 anos de fundação, fizeram vestes litúrgicas para que o Papa Bento doasse para as igrejas mais pobres.

“Uma semana antes de sairmos ele nos perguntou: ‘o que o Papa faria sem vocês’ e nos pediu para continuar orando por ele”, disse a freira.

“A decisão nos fez chorar, mas ele tem sido muito corajoso”, acrescentou.

O mosteiro, chamado Mater Ecclesiae, tem uma área de cerca de 400 metros quadrados e situa-se ao oeste da Basílica de São Pedro.

Ele contém uma capela, uma sala de coro, uma biblioteca, uma porão, um terraço e uma sala de visitas que foi adicionada em 1993.

Quando o Papa Bento XVI anunciou no dia 11 de fevereiro que iria deixar o papado e viver no convento, a especulação começou a circular sobre quando ele tomou sua decisão, uma vez que renovações no edifício começaram em novembro de 2012.

De acordo com a freira espanhola, que atualmente reside em um convento em Madri, o prédio não foi reformado em 18 anos e precisava de reparos menores.

“Tivemos umidade no porão e as janelas precisavam ser mudadas, e no terraço precisava de uma reforma e pintura por causa da neve do ano passado”, explicou ela.

“Mas o prédio é muito pequeno, por isso eles tiveram que esperar que nós o deixássemos para começar a trabalhar nele.”

Refletindo sobre sua experiência de vida no convento do Vaticano, a freira da Visitação disse que ela e suas irmãs religiosas sentiam que “estavam no coração da Igreja”.

“Foi uma experiência que é muito difícil de colocar em palavras”, afirmou.

Sua missão era rezar pelo Papa, pelas suas viagens, e acompanhá-lo em oração diariamente.

A freira espanhola lembrou que o Papa Bento XVI, muitas vezes agradeceu-lhes por suas orações e cuidava regularmente de informar-se pelo seu bem-estar.

Ele queria originalmente freiras francesas para viver no mosteiro, explicou ela, mas devido ao pequeno número de vocações na França, ele decidiu que seria melhor buscá-las na Espanha.

O mosteiro foi fundado em 1994 pelo beato João Paulo II como um lugar dedicado exclusivamente à oração pelo Papa, pelo seu ministério e pelos cardeais.

A ordem da Visitação de Santa Maria foi escolhida entre muitos outros grupos religiosos para viver no mosteiro desde o dia 7 de outubro de 2009 até 7 de outubro de 2012.

Sua estadia foi estendida por 15 dias e elas deixaram o mosteiro em 22 de outubro, logo após a festa do Beato Papa João Paulo II.

As sete irmãs habitavam em conventos da Espanha, sendo uma de nacionalidade colombiana e outra de Guiné Equatorial.

Por:
ACI

Eleição do novo Papa: Conclave começará entre 15 e 20 de março

O Dr. Luis Navarro, Decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Santa Cruz de Roma (Itália), explicou que o conclave para a eleição do novo Papa começará entre o 15 e em 20 de março.
ppconclave2O dito pelo canonista se ajusta ao estabelecido pelo Beato Papa João Paulo II, na constituição apostólica publicada em 1996, Universi Dominici Gregis sobre a Sede Vacante da Sé Apostólica e a eleição do Romano Pontífice.

Neste documento o Beato João Paulo II precisa que “desde o momento em que a Sé Apostólica ficar legitimamente vacante, os Cardeais eleitores presentes devem esperar, durante quinze dias completos, pelos ausentes; deixo, ademais, ao Colégio dos Cardeais a faculdade de adiar, se houver motivos graves, o início da eleição por mais alguns dias. Transcorridos, porém, no máximo, vinte dias desde o início da Sé vacante, todos os Cardeais eleitores presentes são obrigados a proceder à eleição”.

Portanto, assevera o Prof. Navarro, “a eleição tem que começar entre o 15 e em 20 de março. Esses são os cálculos. São 15 dias desde que há sede vacante, quer dizer, a partir de 28 de fevereiro”.

O Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sede, explicou em conferência de imprensa como será o procedimento logo depois de que em 28 de fevereiro às 20:00h (hora de Roma), quando se inicia o período de Sede Vacante.

Esse dia, explicou, terão início as “congregações” dos cardeais em preparação ao conclave, cuja data ainda não pode ser precisada com exatidão mas que será definida nos próximos dias.

As “congregações” são reuniões de cardeais que permitem o intercâmbio de opiniões entre os cardeais sobre os problemas que deverão enfrentar, em relação à situação da Igreja, para que cada eleitor tenha mais critérios de juízo para as votações.


Por:
ACI Digital

Quaresma (Parte I)

A Igreja, durante todo o ano, vai nos proporcionando tempos favoráveis para crescermos na Fé, Esperança e Caridade.

A Quaresma é este tempo favorável, de graça, que devemos parar e refletirmos sobre nossa vida de cristãos, nossa fé e testemunho, e desta forma nos prepararmos para a missão que Jesus nos confiou (Mc 16,15-18). E neste primeiro dia da Quaresma o Senhor nos diz:

Leitura da Profecia de Joel 2,12-13
12 ‘Agora, diz o Senhor,
voltai para mim com todo o vosso coração,
com jejuns, lágrimas e gemidos;
13 rasgai o coração, e não as vestes;
e voltai para o Senhor, vosso Deus;
ele é benigno e compassivo,
paciente e cheio de misericórdia,
inclinado a perdoar o castigo’.

O Senhor nos chama a voltarmos para Ele. Mas o que significa voltar? Se raciocinarmos, é porque estamos longe. É necessário voltarmos à origem para que fomos criados, a imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26), que é Amor.

É tempo de rasgarmos nosso coração, nos abrirmos acolhendo a graça, o perdão e os ensinamentos de Deus e ir em direção ao outro. O jejum que o Senhor nos chama a praticar é o da justiça, do amor e do perdão.

1 – Justiça:

E o que é a justiça de Deus se não a sua Misericórdia? A justiça do homem analisa os fatos e determina a sentença, a justiça de Deus olha o homem como filho e derrama a sua misericórdia. E assim como o Senhor faz conosco, somos chamados a nos dirigir ao outro, com paciência, mansidão e amor. Mas só é possível realizar o “jejum” da justiça para com os homens, se antes nos sentirmos amados, queridos e perdoados por Deus. Desta forma a primeira obra que deve acontecer é em nosso coração, em nossa vida. Mas é uma obra que só o Espírito Santo poderá realizar (Mt 3,13-17), é só mergulhar no batismo de Jesus no rio Jordão, por João Batista, pois só depois Ele estava pronto para renunciar todas as propostas do Demônio (Mt 4,1-11), naquele momento é acolhido pelo Pai e sente-se profundamente amado.

A justiça de Deus para acontecer em nossa vida, é necessário a força do Espirito Santo, que nos levará ao encontro pessoal com a Pessoa de Jesus.

Podemos meditar o encontro de Jesus com Zaqueu (Lc 19,1-10), como encontro e prática da justiça. Zaqueu procurava ver Jesus, e foi necessário fazer um esforço, pois os obstáculos (multidão) eram muitos em sua vida. Este esforço físico nós poderemos comparar com algum jejum que façamos, nos abstendo de algum alimento, pois nosso jejum físico não é para que as pessoas nos aplaudam ou para cumprir normas, mas para nos ajudar a encontrarmos com Jesus. Vendo naquele homem, o desejo de seu coração, Jesus vai a casa de Zaqueu. Ele deseja adentrar em todas as nossas casas, em nossos corações e ali conversar, estar conosco. E fico imaginando o olhar de amor e acolhimento de Jesus para com aquele homem e ao mesmo tempo a mudança interior que foi acontecendo dentro de Zaqueu.

E a palavra nos diz que Zaqueu pondo-se de pé (assumiu sua dignidade de filho de Deus e sua missão), reconhece que estava errado e diz que irá restituir tudo que roubou. E Jesus diz que a salvação entrou naquela casa. Quantas vezes olhamos esta palavra e pensamos apenas em roubo material, mas quantos de nós roubam a paz, a dignidade, a salvação, a alegria, a liberdade, a vida dos irmãos, quando somos egoístas, adúlteros, individualistas, materialistas, omissos, condenando e perdendo a esperança na salvação do irmão.

É preciso trilharmos este caminho de Zaqueu, que encontrando Jesus, o leva para sua casa, e deste encontro, encontrar a prática de verdadeira justiça. E desta justiça encontraremos o Amor e o Perdão.

Janet Alves