Ele despertou após 15 anos em coma. Miguel Parrondo está vivo hoje graças à fé do seu pai, que nunca permitiu que desligassem os aparelhos

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Entre os riscos da legalização da chamada “morte digna”, cabe destacar aqueles corridos por pessoas que, tendo entrado em coma durante um longo período, podem ser desconectadas dos aparelhos que as mantêm com vida – em muitos casos por decisão dos próprios familiares, aconselhados pelos médicos.

Um exemplo disso é o caso de Mathew Taylor, um homem britânico que despertou ao ouvir a voz da sua namorada, após um ano em coma.

Recentemente, foi divulgado um caso ainda mais espetacular: Miguel Parrondo, que entrou em coma após sofrer um acidente de carro em 1987, despertou em 2002, graças à constância, amor e fé dos seus familiares.

Seu pai, médico dermatologista no mesmo hospital, se negou completamente a “desligar” seu filho, seis meses após o acidente.

De fato, quando Miguel chegou ao Hospital Juan Canalejo de A Coruña, nenhum médico tinha esperanças de que ele pudesse sair adiante. Nem sequer seu próprio pai, que, quando viu o estado em que seu filho chegou, pediu ao sacerdote do hospital que lhe desse a unção dos enfermos.

Estes fatos ocorreram em 1987, quando Miguel, aos 32 anos, voltava de uma noite de festa em companhia de duas amigas. Ele perdeu o controle da direção em uma curva e acabou colidindo com um muro, em seu Renault 5 GT Turbo. De repente, sua vida se tornou escuridão durante os 15 anos em que passou na UTI.
 
“Só Deus pode tirar a vida”

Durante esses 15 anos na UTI, sua mãe, seu pai e sua filha Almudena, com dedicação exclusiva, não saíram do seu lado. O principal motor dessa verdadeira maratona foi sua fé. Eles passaram mais de uma década da sua vida vendo Miguel através de um vidro.

Foram meses e anos de lágrimas, de esgotamento e de momentos muito duros, como quando os médicos lhes sugeriram que avaliassem a possibilidade de “desligar” Miguel.

“Queriam me desconectar, então meu pai reuniu seus colegas do hospital e lhes disse: ‘Só Deus pode tirar a vida’. Se não fosse por isso, eu não estaria aqui, porque não davam nada por mim. Meu pai teve fé”, contou Miguel.

Ele despertou em uma manhã de 2002. Sem saber como, abriu os olhos e a primeira coisa que viu, atrás da janela de vidro da UTI, foi sua mãe e sua filha. “Eu não sabia nada. Abri os olhos e vi minha mãe junto a uma menina. Olhei para a minha filha e perguntei: ‘Almudena?’ Porque eu me lembrava de que tinha uma filha com esse nome. E ela me respondeu: ‘Sim!’. Então eu disse: ‘Eu sou seu pai!’. Minha mãe chorava como uma criança e meu pai não conseguia acreditar.”

De fato, não há explicação médica alguma para o seu caso. Miguel havia acordado de um sonho de 15 anos e começava uma vida nova. Entrou em coma aos 32 anos e saiu aos 47.

“Foi como se eu tivesse dormido e acordado no dia seguinte. Quando vi minha filha, me assustei. Ela já estava formada e eu já era avô. Hoje ela tem 38 anos.”

A volta à vida

Após despertar, sua própria família lhe contou os detalhes de como foram todos aqueles anos. “Imagine como eu cheguei ao hospital, para que meu pai, médico, pedisse a um padre que me desse a extrema unção”, recordou.

“Depois, quando despertei, ele não acreditava, e me levou à Universidade de Santiago para que me vissem. Disseram-nos que o meu caso era único. Ou seja, sou um bicho estranho. E a minha mãe (que já faleceu) passava todos os dias na UTI vendo-me através do vidro; comia lá, dormia lá, não se separava de mim”, agradeceu.

Retornar à vida não foi fácil, foi um choque para Miguel. Ele teve sequelas físicas, dezenas de cirurgias e um mundo totalmente novo, que havia mudado a uma velocidade difícil de assimilar.

“Eu pareço um mapa rodoviário. Tiraram meu baço, uso uma prótese no ombro, lesões cranioencefálicas severas que provocaram uma hemiparesia (doença que diminui a força motora e paralisa parcialmente uma parte do corpo), devido às cicatrizes do cérebro. Estive mais morto que vivo.”

A memória de Miguel chega até a trágica noite de 1987. Do acidente, “lembro-me onde foi, em uma curva, e foi por excesso de velocidade. Disso eu me lembro”. Ele viajava com duas amigas; uma delas faleceu.

“Infelizmente, uma das meninas que ia comigo morreu. Há alguns dias, eu estava na rua, e uma senhora ficou me olhando fixamente. Aí eu pensei: sou bonito, mas nem tanto! Então, ela me perguntou: ‘Você é o Miguel?’. ‘Sim, sou eu’, respondi. Ela me abraçou e começou a chorar. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas logo depois fiquei sabendo que ela era a outra moça que estava no carro.”

“Eu não havia mais tido notícias delas, eram duas moças que eu havia conhecido em uma noite louca”, confessou.

Na primeira vez que saiu na rua ao deixar o hospital, ele parecia estar sonhando. Queria voltar a dormir. “A primeira coisa que eu perguntei foi: o que é isso de ‘euro’? Eu não sabia nada do euro, era da época das pesetas.”

“O mundo mudou muito – explicou. Quando comecei a sair na rua, eu pensava: as pessoas estão loucas, falam sozinhas! Mas elas estavam falando ao celular. Ou via um carro da polícia com uma mulher dirigindo e ficava desconcertado.”

“Quando saí na rua, me assustei mesmo. Antes eu ouvia fita cassete e agora o carro tem CD player e pendrive. Na casa dos meus pais, eram 16 vizinhos e só restavam dois, todos morreram. Não conheço a metade de La Coruña, onde agora está o bairro de Los Rosales. Antes, tudo isso era terra.”

Nunca podemos perder a fé

Antes do acidente, Miguel trabalhava como programador no banco. Naquela época, ele tinha um bom cargo e um ótimo salário. Eram os primeiros computadores e os pioneiros na informática. Ele cobrava 300.000 pesetas por mês.

Graças ao seu pai, suas finanças se mantiveram e seu dinheiro rendeu. “Ele guardava meu salário todos os meses e, quando despertei, tinha uma boa quantidade. Comprei um apartamento e tudo.”

Miguel não perdeu a paixão pelos motores. O caso de Schumacher o impactou, mas ele está convencido de que “ele vai se recuperar bem, com fisioterapia e tudo mais. Eu me recuperei bem”.

Hoje, ele dirige um carro normal, sem adaptações, e exibe todos os troféus que ganhou quando praticava motocross.

Miguel comentou que há diversos casos como o dele, com famílias desesperadas que duvidam, que perderam a esperança. Por isso, sua experiência o faz ser totalmente contra a eutanásia.

“Nunca podemos perder a fé. Estive com uma senhora há pouco tempo; ela tem um filho em coma há quatro anos e está destruída. Contei-lhe minha história e ela recuperou a esperança.”

Miguel hoje vive tranquilo, apesar da invalidez, aproveitando a oportunidade que a vida lhe deu, ainda que “um pouco desesperado por estar aqui o dia inteiro sem fazer nada. Sou hiperativo e os dias parecem semanas”. Mas não reclama. Não tem um só motivo: “Como costumo dizer, agora tenho 12 aninhos, porque nasci duas vezes”.

Fonte: Aleteia

Ele despertou após 15 anos em coma. Miguel Parrondo está vivo hoje graças à fé do seu pai, que nunca permitiu que desligassem os aparelhos

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Entre os riscos da legalização da chamada “morte digna”, cabe destacar aqueles corridos por pessoas que, tendo entrado em coma durante um longo período, podem ser desconectadas dos aparelhos que as mantêm com vida – em muitos casos por decisão dos próprios familiares, aconselhados pelos médicos.

Um exemplo disso é o caso de Mathew Taylor, um homem britânico que despertou ao ouvir a voz da sua namorada, após um ano em coma.

Recentemente, foi divulgado um caso ainda mais espetacular: Miguel Parrondo, que entrou em coma após sofrer um acidente de carro em 1987, despertou em 2002, graças à constância, amor e fé dos seus familiares.

Seu pai, médico dermatologista no mesmo hospital, se negou completamente a “desligar” seu filho, seis meses após o acidente.

De fato, quando Miguel chegou ao Hospital Juan Canalejo de A Coruña, nenhum médico tinha esperanças de que ele pudesse sair adiante. Nem sequer seu próprio pai, que, quando viu o estado em que seu filho chegou, pediu ao sacerdote do hospital que lhe desse a unção dos enfermos.

Estes fatos ocorreram em 1987, quando Miguel, aos 32 anos, voltava de uma noite de festa em companhia de duas amigas. Ele perdeu o controle da direção em uma curva e acabou colidindo com um muro, em seu Renault 5 GT Turbo. De repente, sua vida se tornou escuridão durante os 15 anos em que passou na UTI.
 
“Só Deus pode tirar a vida”

Durante esses 15 anos na UTI, sua mãe, seu pai e sua filha Almudena, com dedicação exclusiva, não saíram do seu lado. O principal motor dessa verdadeira maratona foi sua fé. Eles passaram mais de uma década da sua vida vendo Miguel através de um vidro.

Foram meses e anos de lágrimas, de esgotamento e de momentos muito duros, como quando os médicos lhes sugeriram que avaliassem a possibilidade de “desligar” Miguel.

“Queriam me desconectar, então meu pai reuniu seus colegas do hospital e lhes disse: ‘Só Deus pode tirar a vida’. Se não fosse por isso, eu não estaria aqui, porque não davam nada por mim. Meu pai teve fé”, contou Miguel.

Ele despertou em uma manhã de 2002. Sem saber como, abriu os olhos e a primeira coisa que viu, atrás da janela de vidro da UTI, foi sua mãe e sua filha. “Eu não sabia nada. Abri os olhos e vi minha mãe junto a uma menina. Olhei para a minha filha e perguntei: ‘Almudena?’ Porque eu me lembrava de que tinha uma filha com esse nome. E ela me respondeu: ‘Sim!’. Então eu disse: ‘Eu sou seu pai!’. Minha mãe chorava como uma criança e meu pai não conseguia acreditar.”

De fato, não há explicação médica alguma para o seu caso. Miguel havia acordado de um sonho de 15 anos e começava uma vida nova. Entrou em coma aos 32 anos e saiu aos 47.

“Foi como se eu tivesse dormido e acordado no dia seguinte. Quando vi minha filha, me assustei. Ela já estava formada e eu já era avô. Hoje ela tem 38 anos.”

A volta à vida

Após despertar, sua própria família lhe contou os detalhes de como foram todos aqueles anos. “Imagine como eu cheguei ao hospital, para que meu pai, médico, pedisse a um padre que me desse a extrema unção”, recordou.

“Depois, quando despertei, ele não acreditava, e me levou à Universidade de Santiago para que me vissem. Disseram-nos que o meu caso era único. Ou seja, sou um bicho estranho. E a minha mãe (que já faleceu) passava todos os dias na UTI vendo-me através do vidro; comia lá, dormia lá, não se separava de mim”, agradeceu.

Retornar à vida não foi fácil, foi um choque para Miguel. Ele teve sequelas físicas, dezenas de cirurgias e um mundo totalmente novo, que havia mudado a uma velocidade difícil de assimilar.

“Eu pareço um mapa rodoviário. Tiraram meu baço, uso uma prótese no ombro, lesões cranioencefálicas severas que provocaram uma hemiparesia (doença que diminui a força motora e paralisa parcialmente uma parte do corpo), devido às cicatrizes do cérebro. Estive mais morto que vivo.”

A memória de Miguel chega até a trágica noite de 1987. Do acidente, “lembro-me onde foi, em uma curva, e foi por excesso de velocidade. Disso eu me lembro”. Ele viajava com duas amigas; uma delas faleceu.

“Infelizmente, uma das meninas que ia comigo morreu. Há alguns dias, eu estava na rua, e uma senhora ficou me olhando fixamente. Aí eu pensei: sou bonito, mas nem tanto! Então, ela me perguntou: ‘Você é o Miguel?’. ‘Sim, sou eu’, respondi. Ela me abraçou e começou a chorar. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas logo depois fiquei sabendo que ela era a outra moça que estava no carro.”

“Eu não havia mais tido notícias delas, eram duas moças que eu havia conhecido em uma noite louca”, confessou.

Na primeira vez que saiu na rua ao deixar o hospital, ele parecia estar sonhando. Queria voltar a dormir. “A primeira coisa que eu perguntei foi: o que é isso de ‘euro’? Eu não sabia nada do euro, era da época das pesetas.”

“O mundo mudou muito – explicou. Quando comecei a sair na rua, eu pensava: as pessoas estão loucas, falam sozinhas! Mas elas estavam falando ao celular. Ou via um carro da polícia com uma mulher dirigindo e ficava desconcertado.”

“Quando saí na rua, me assustei mesmo. Antes eu ouvia fita cassete e agora o carro tem CD player e pendrive. Na casa dos meus pais, eram 16 vizinhos e só restavam dois, todos morreram. Não conheço a metade de La Coruña, onde agora está o bairro de Los Rosales. Antes, tudo isso era terra.”

Nunca podemos perder a fé

Antes do acidente, Miguel trabalhava como programador no banco. Naquela época, ele tinha um bom cargo e um ótimo salário. Eram os primeiros computadores e os pioneiros na informática. Ele cobrava 300.000 pesetas por mês.

Graças ao seu pai, suas finanças se mantiveram e seu dinheiro rendeu. “Ele guardava meu salário todos os meses e, quando despertei, tinha uma boa quantidade. Comprei um apartamento e tudo.”

Miguel não perdeu a paixão pelos motores. O caso de Schumacher o impactou, mas ele está convencido de que “ele vai se recuperar bem, com fisioterapia e tudo mais. Eu me recuperei bem”.

Hoje, ele dirige um carro normal, sem adaptações, e exibe todos os troféus que ganhou quando praticava motocross.

Miguel comentou que há diversos casos como o dele, com famílias desesperadas que duvidam, que perderam a esperança. Por isso, sua experiência o faz ser totalmente contra a eutanásia.

“Nunca podemos perder a fé. Estive com uma senhora há pouco tempo; ela tem um filho em coma há quatro anos e está destruída. Contei-lhe minha história e ela recuperou a esperança.”

Miguel hoje vive tranquilo, apesar da invalidez, aproveitando a oportunidade que a vida lhe deu, ainda que “um pouco desesperado por estar aqui o dia inteiro sem fazer nada. Sou hiperativo e os dias parecem semanas”. Mas não reclama. Não tem um só motivo: “Como costumo dizer, agora tenho 12 aninhos, porque nasci duas vezes”.

Fonte: Aleteia

Suíça considera legalizar o incesto. Inacreditável!

Fonte: blog Marxismo cultural.

Em mais um passo que demonstra de forma conclusiva os malefícios que descendem sobra uma sociedade que deixa de temer a Deus, políticos suíços tencionam legalizar o incesto. Eles consideram repelir as leis contra o incesto por as considerar “obsoletas”.

A câmara superior do parlamento suíço concluiu uma lei que visa descriminalizar o ato sexual consentido entre membros da mesma família. Essa lei vai agora ser avaliada pelo governo.

Só houve 3 casos de incesto no país desde 1984. Pelo menos casos reportados.

A Suíça, que recentemente teve um referendo que aprovou uma lei que pune os imigrantes com a extradição por prática de alguns crimes, insiste que as crianças dentro das famílias vão continuar a ser “protegidas pelas leis que governam os abusos e a pedofilia”. Não se sabe como é que os esquerdistas vão fazer isso, mas eles de certo que têm tudo controlado.

Daniel Vischer, um membro do Partido “Os Verdes”, afirmou que não vê nada de mal no ato sexual consentido entre adultos – mesmo que eles sejam da mesma família. Esta declaração não é surpresa uma vez que os esquerdistas apoiam qualquer medida que vise destruir a instituição da família.

O esquerdista afirma:

O incesto é uma questão moral delicada, mas não é uma que possa ser respondida pela lei Penal.

Barbara Schmid Federer do Partido do Povo Cristão da Suíça afirmou que a proposta da câmara superior é “totalmente repugnante“.

O Partido Protestante Popular está também em oposição a esta lei. Um dos porta-voz afirmou: O assassínio também é bastante raro na Suíça mas ninguém sugere que se removam as leis que o castiguem dos nossos estatutos.

***
A ideologia cristã defende que quando se nega que Deus seja a Referência Moral Absoluta, o homem fica moralmente à mercê da arbitrariedade humana. A questão do incesto demonstrou-o de forma óbvia.

As seguintes citações foram feitas por pessoas que negam que o Deus da Bíblia seja a Ponto de Referência Absoluto para comportamentos morais. Segundo estes “iluminados”, cada sociedade deve decidir por si qual é o caminho moral que quer seguir.

Tendo isto como pano de fundo, vejamos o que eles respondem quando pressionados a declarar se um pai que tenha relações sexuais consentidas com as filhas adultas age bem ou mal. À medida que vão lendo as suas respostas, lembrem-se que estas são as mesmas pessoas que geralmente usam o que eles chamam de “argumento do mal” contra o Deus que eles pensam que não existe.

Qual é o argumento ateu contra o que os suíços querem fazer? Se a homossexualidade é permissível na base de que ninguém tem nada a ver com o que dois adultos fazem em privado e em consentimento, então quais os argumentos “laicos” contra um pai ter relações sexuais com a sua filha maior se ambos assim o quiserem?
………
PS: Antes que algum ateu tente desviar a conversa aludindo para eventos que ele não acredita terem acontecido:
1. Lot não teve a aprovação de Deus para o seu incesto. Reportar algo não significa aprovar algo.
2. Vêr este texto em resposta aos filhos de Adão e Eva.

Eis as respostas dos esquerdistas:

  • “O incesto – consensual entre adultos, repito – é uma questão muito complicada, mas de foro moral e não legal. E como todas as questões de foro moral, penso que cabe ao indivíduo decidi-la.” [Cristy]
  • “As pessoas não precisam de Deus para saber que o incesto é uma pratica a evitar. [jmoitacarrasco]
  • “O que me preocupa a mim o que decidem entre si dois adultos na plena posse das suas faculdades? Em que medida é mau para mim ou para a minha família, que tu gostas tanto de puxar à conversa?”[Cristy]
  • “Isto para te dizer que os casos diferem, não se pode avaliar todos pelo mesmo padrão. E, no fim, a decisão cabe ao indivíduo, porque este, repito, não é um assunto legal.” [Cristy]
  • “E o que eu acho é que o código penal não tem nada que ver com isso. Objetivamente, a única razão para evitar o incesto é o perigo de problemas genéticos.” (…) “Por isso também me parece difícil aceitar que a polícia se intrometa no incesto entre adultos.” [Ludwig]
  • “Para quem está sempre a condenar o intervencionismo de Estado como prática esquerdista e socialista, acho estranho que agora já julge que esse mesmo Estado tem o direito de se intrometer nas famílias” [Sérgio Sodré]
  • “Livremente sem coação entre adultos é entre eles, ou entre eles e Deus (para quem acredita no Deus Bíblico ou Alcorânico), e mais ninguém…”[Sérgio Sodré]
  • “O problema não é se o comportamento é moralmente correto, o problema é se outrem (coletivo ou individual) tem o direito de se intrometer no seio das famílias pela força.” [Sérgio Sodré]
  • “O Estado sem aspas que fique do lado de fora dos lares e das famílias se não houver crimes contra a liberdade individual de ninguém” [Sérgio Sodré]
    • “Não sei o que o Estado deve fazer apenas sei que não o quero a espionar a vida interna das famílias, nem acho que ele tenha esse direito”

[Sérgio Sodré]

Resumindo: segundo os “laicos”, o incesto é 

1) “uma questão complicada”,

2) do “foro moral e não legal”, 

3) moralmente qualificável apenas pelos “adultos” envolvidos (ninguém – nem o Estado – tem nada que se meter entre um homem e a sua filha adulta que decidam ter relações sexuais),

4) aceitável se não houver “problemas genéticos” mas ao mesmo tempo

5) “uma prática a evitar”.

Ficou mais uma vez patente o quão à deriva nós humanos ficamos quando removemos o Deus da Bíblia como a Autoridade Moral Suprema neste universo. As pessoas citadas em cima estão mais do que cientes de que há algo de fundamentalmente errado no incesto, mas sem Deus, elas não tem como classificar esse comportamento de moralmente errado (para além da sua subjectividade pessoal).

As palavras supra-citadas são um lembrete poderoso do quão baixo nós podemos cair quando nós humanos nos colocamos no lugar de autoridade moral vigente.

Conselho de Ética alemão: “incesto é direito humano fundamental”. Aonde o homem quer chegar?

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Conselho de Ética Alemão emitiu parecer segundo o qual o incesto deve ser considerado “direito fundamental de parentes à autodeterminação sexual”, quer dizer, ao incesto, noticiou o jornal inglês The Telegraph.

O incesto é ilegal na Alemanha. Mas, segundo esse parecer, as leis que o proíbem entre irmãos e irmãs constituem uma intrusão inaceitável, contrária a um suposto “direito à autodeterminação sexual”.

“O Direito Penal não é o meio apropriado para preservar um tabu social”, escreveu com empáfia o Conselho. “O direito fundamental de parentes próximos à autodeterminação sexual deve ser considerado como de maior peso do que a abstrata ideia de proteção da família”, acrescenta sibilinamente.

O Conselho se pronunciou após a ocorrência de um caso de incesto muito explorado pela mídia, como é o método para se introduzir uma perversão moral nas leis dos países.

O jovem Patrick, que vivia com sua irmã, foi condenado a mais de três anos de prisão e obrigado a se separar dela. Ambos, porém, aguardam que a sentença seja derrubada pela Corte Europeia dos Direitos Humanos, de triste fama.

Eles tiveram duas crianças deficientes mentais, reforçando a experiência, reconhecida por todos, da alta probabilidade de nascerem crianças com anormalidades genéticas de casal incestuoso.

Mas o Conselho de Ética menosprezou esse argumento de bom senso, arguindo que também aconteceu de nascerem crianças normais.

O Conselho privilegia os polêmicos Direitos Humanos e aduz que muitos incestuosos vivem secretamente sua relação.

O incesto é ilegal na maioria dos países europeus, com exceção da França, onde Napoleão I aboliu as leis que o proibiam.

“A abolição do crime de incesto será um mau sinal”, disse Elisabeth Winkelmeier-Becker, porta-voz do partido da chanceler Angela Merkel no Parlamento.

“Eliminando o temor do castigo dos atos incestuosos dentro das famílias, agiremos contra a proteção e o desenvolvimento tranquilo das criança 

Bispos de Portugal emitem importante carta pastoral sobre a “Ideologia do gênero”

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Confederação dos Bispos de Portugal

Carta Pastoral da CEP: A propósito da ideologia do género

Difunde-se cada vez mais a chamada ideologia do género ou gender. Porém, nem todas as pessoas disso se apercebem e muitos desconhecem o seu alcance social e cultural, que já foi qualificado como verdadeira revolução antropológica. Não se trata apenas de uma simples moda intelectual. Diz respeito antes a um movimento cultural com reflexos na compreensão da família, na esfera política e legislativa, no ensino, na comunicação social e na própria linguagem corrente.
Mas a ideologia do gênero contrasta frontalmente com o acervo civilizacional já adquirido. Como tal, opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da sexualidade humanas. Com o intuito de esclarecer as diferenças entre estas duas visões surge este documento. Move-nos o desejo de apresentar a visão mais sólida e mais fundante da pessoa, milenarmente descoberta, valorizada e seguida, e para a qual o humanismo cristão muito contribuiu. Acreditamos que este mesmo humanismo, atualmente, é chamado a dar contributo válido na redescoberta da profundidade e beleza de uma sexualidade humana corretamente entendida.
Trata-se da defesa de um modelo de sexualidade e de família que a sabedoria e a história, não obstante as mutações culturais, nos diferentes contextos sociais e geográficos, consideram apto para exprimir a natureza humana.
           
            1. A pessoa humana, espírito encarnado
Antes de mais, gostaríamos de deixar bem claro que, para o humanismo cristão, não há lugar a dualismos: o desprezo do corpo em nome do espírito ou vice-versa. O corpo sexuado, como todas as criaturas do nosso Deus, é produto bom de um Deus bom e amoroso. Uma segunda verdade a considerar na visão cristã da sexualidade é a da pessoa humana como espírito encarnado e, por isso, sexuado: a diferenciação sexual correspondente ao desígnio divino sobre a criação, em toda a sua beleza e plenitude: «Ele os criou homem e mulher» (Gn 1,27); «Deus, vendo toda sua obra, considerou-a muito boa» (Gn 1,31).
A corporalidade é uma dimensão constitutiva da pessoa, não um seu acessório; a pessoa é um corpo, não tem um corpo; a dignidade do corpo humano é corolário da dignidade da pessoa humana; a comunhão dos corpos deve exprimir a comunhão das pessoas.
Porque a pessoa humana é a totalidade unificada do corpo e da alma, existe necessariamente, como homem ou mulher. Por conseguinte, a dimensão sexuada, a masculinidade ou feminilidade, é constitutiva da pessoa, é o seu modo de ser, não um simples atributo. É a própria pessoa que se exprime através da sexualidade. A pessoa é, assim, chamada ao amor e à comunhão como homem ou como mulher. E a diferença sexual tem um significado no plano da criação: exprime uma abertura recíproca à alteridade e à diferença, as quais, na sua complementaridade, se tornam enriquecedoras e fecundas.
            2. Confrontados com uma forte mudança cultural
            Reconhecemos, sem dúvida, que, no longo caminho do amadurecimento cultural e civilizacional, nem sempre se atribuiu aos dois âmbitos do humano (o masculino e o feminino) o mesmo valor e semelhante protagonismo social. Especialmente a mulher, não raramente, foi vítima de forte sujeição ao homem e sofreu alguma menorização social e cultural. Graças a Deus, tais situações estão progressivamente a ser ultrapassadas e a condição feminina, antigamente conotada com a ideia de opressão, hoje está a revelar-se como enorme potencial de humanização e de desenvolvimento harmonioso da sociedade.
            No desejo de ultrapassar esta menoridade social da mulher, alguns procederam a uma distinção radical entre o sexo biológico e os papéis que a sociedade, tradicionalmente, lhe outorgou. Afirmam que o ser masculino ou feminino não passa de uma construção mental, mais ou menos interessada e artificial, que, agora, importaria desconstruir. Por conseguinte, rejeitam tudo o que tenha a ver com os dados biológicos para se fixarem na dimensão cultural, entendida como mentalidade pessoal e social. E, por associação de ideias, passou-se a rejeitar a validade de tudo o que tenha a ver com os tradicionais dados normativos da natureza a respeito da sexualidade (heterossexualidade, união monogâmica, limite ético aos conhecimentos técnicos ligados às fontes da vida, respeito pela vida intra-uterina, pudor ou reserva de intimidade, etc.). É todo este âmbito mental que se costuma designar por ideologia do gênero ou gender.
            A ideologia do gênero surge, assim, como uma antropologia alternativa, quer à judaico-cristã, quer à das culturas tradicionais não ocidentais. Nega que a diferença sexual inscrita no corpo possa ser identificativa da pessoa; recusa a complementaridade natural entre os sexos; dissocia a sexualidade da procriação; sobrepõe a filiação intencional à biológica; pretende desconstruir a matriz heterossexual da sociedade (a família assente na união entre um homem e uma mulher deixa de ser o modelo de referência e passa a ser um entre vários).
            3. Os pressupostos da ideologia do gênero
Esta teoria parte da distinção entre sexo gênero, forçando a oposição entre natureza e cultura. O sexo assinala a condição natural e biológica da diferença física entre homem e mulher. O gênero baliza a construção histórico-cultural da identidade masculina e feminina. Mas, partindo da célebre frase de Simone de Beauvoir, «uma mulher não nasce mulher, torna-se mulher», a ideologia do gênero considera que somos homens ou mulheres não na base da dimensão biológica em que nascemos, mas nos tornamos tais de acordo com o processo de socialização (da interiorização dos comportamentos, funções e papéis que a sociedade e cultura nos distribui). Papéis que, para estas teorias, são injustos e artificiais. Por conseguinte, o gênero deve sobrepor-se ao sexo e a cultura deve impor-se à natureza.
Como, para esta ideologia, o gênero é uma construção social, este pode ser desconstruído e reconstruído. Se a diferença sexual entre homem e mulher está na base da opressão desta, então qualquer forma de definição de uma especificidade feminina é opressora para a mulher. Por isso, para os defensores do gender, a maternidade, como especificidade feminina, é sempre uma discriminação injusta. Para superar essa opressão, recusa-se a diferenciação sexual natural e reconduz-se o gênero à escolha individual. O gênero não tem de corresponder ao sexo, mas pertence a uma escolha subjetiva, ditada por instintos, impulsos, preferências e interesses, o que vai para além dos dados naturais e objetivos.
gender sustenta a irrelevância da diferença sexual na construção da identidade e, por consequência, também a irrelevância dessa diferença nas relações interpessoais, nas uniões conjugais e na constituição da família. Se é indiferente a escolha do gênero a nível individual, podendo escolher-se ser homem ou mulher independentemente dos dados naturais, também é indiferente a escolha de se ligar a pessoas de outro ou do mesmo sexo. Daqui a equiparação entre uniões heterossexuais e homossexuais. Ao modelo da família heterossexual sucedem-se vários tipos de família, tantos quantas as preferências individuais, para além de qualquer modelo de referência. Deixa de se falar em família e passa a falar-se em famílias. Privilegiar a união heterossexual afigura-se-lhe uma forma de discriminação. Igualmente, deixa de se falar em paternidade e maternidade e passa a falar-se, exclusivamente, em parentalidade, criando um conceito abstrato, pois desligado da geração biológica.
            4. Reflexos da afirmação e difusão da ideologia do gênero
A afirmação e difusão da ideologia do gênero pode notar-se em vários âmbitos. Um deles é o dos hábitos linguísticos correntes. Vem-se generalizando, a começar por documentos oficiais e na designação de instituições públicas, a expressão gênero em substituição de sexo (igualdade de gênero, em vez de igualdade entre homem e mulher), tal como a expressão famílias em vez de famíliaou parentalidade em vez de paternidade maternidade. Muitas pessoas passam a adotar estas expressões por hábito ou moda, sem se aperceberem da sua conotação ideológica. Mas a generalização destas expressões está longe de ser inocente e sem consequências. Faz parte de uma estratégia de afirmação ideológica, que compromete a inteligibilidade básica de uma pessoa, por vezes, tendo consequências dramáticas: incapacidade de alguém se situar e definir no que tem de mais elementar.
Os planos político e legislativo são outro dos âmbitos de penetração da ideologia do gênero, que atinge os centros de poder nacionais e internacionais. Da agenda fazem parte as leis de redefinição do casamento de modo a nelas incluir uniões entre pessoas do mesmo sexo (entre nós, a Lei nº 9/2010, de 31 de maio), as leis que permitem a adoção por pares do mesmo sexo (em discussão entre nós, na modalidade de co-adoção), as leis que permitem a mudança do sexo oficialmente reconhecido, independentemente das caraterísticas fisiológicas do requerente (Lei nº 7/2011, de 15 de março), e as leis que permitem o recurso de uniões homossexuais e pessoas sós à procriação artificial, incluindo a chamada maternidade de substituição (a Lei nº 32/2006, de 26 de julho, não contempla a possibilidade referida).
Outro âmbito de difusão da ideologia do género é o do ensino. Este é encarado como um meio eficaz de doutrinação e transformação da mentalidade corrente e é nítido o esforço de fazer refletir na orientação dos programas escolares, em particular nos de educação sexual, as teses dessa ideologia, apresentadas como um dado científico consensual e indiscutível. Esta estratégia tem dado origem, em vários países, a movimentos de protesto por parte dos pais, que rejeitam esta forma de doutrinação ideológica, porque contrária aos princípios nos quais pretendem educar os seus filhos. Entre nós, a Portaria nº 196-A/2010, de 9 de abril, que regulamenta a Lei nº 60/2009, de 6 de agosto, relativa à educação sexual em meio escolar, inclui, entre os conteúdos a abordar neste âmbito, sexualidade e género.
            5. O alcance antropológico da ideologia do gênero
Importa aprofundar o alcance da ideologia do gênero, pois ela representa uma autêntica revolução antropológica. Reflete um subjetivismo relativista levado ao extremo, negando o significado da realidade objetiva. Nega a verdade como algo que não pode ser construído, mas nos é dado e por nós descoberto e recebido. Recusa a moral como uma ordem objetiva de que não podemos dispor. Rejeita o significado do corpo: a pessoa não seria uma unidade incindível, espiritual e corpórea, mas um espírito que tem um corpo a ela extrínseco, disponível e manipulável. Contradiz a natureza como dado a acolher e respeitar. Contraria uma certa forma de ecologia humana, chocante numa época em que tanto se exalta a necessidade de respeito pela harmonia pré-estabelecida subjacente ao equilíbrio ecológico ambiental. Dissocia a procriação da união entre um homem e uma mulher e, portanto, da relacionalidade pessoal, em que o filho é acolhido como um dom, tornando-a objeto de um direito de afirmação individual: o “direito” à parentalidade.
No plano estritamente científico, obviamente, é ilusória a pretensão de prescindir dos dados biológicos na identificação das diferenças entre homens e mulheres. Estas diferenças partem da estrutura genética das células do corpo humano, pelo que nem sequer a intervenção cirúrgica nos órgãos sexuais externos permitiria uma verdadeira mudança de sexo.
É certo que a pessoa humana não é só natureza, mas é também cultura. E também é certo que a lei natural não se confunde com a lei biológica. Mas os dados biológicos objetivos contêm um sentido e apontam para um desígnio da criação que a inteligência pode descobrir como algo que a antecede e se lhe impõe e não como algo que se pode manipular arbitrariamente. A pessoa humana é um espírito encarnado numa unidade bio-psico-social. Não é só corpo, mas é também corpo. As dimensões corporal espiritual devem harmonizar-se, sem oposição. Do mesmo modo, também as dimensões natural e culturalA cultura vai para além da natureza, mas não se lhe deve opor, como se dela tivesse que se libertar.
            6. Homem e mulher chamados à comunhão
A diferenciação sexual inscrita no desígnio da criação tem um sentido que a ideologia do gênero ignora. Reconhecê-la e valorizá-la é assegurar o limite e a insuficiência de cada um dos sexos, é aceitar que cada um deles não exprime o humano em toda a sua riqueza e plenitude. É admitir a estrutura relacional da pessoa humana e que só na relação e na comunhão (no ser para o outro) esta se realiza plenamente.
Essa comunhão constrói-se a partir da diferença. A mais básica e fundamental, que é a de sexos, não é um obstáculo à comunhão, não é uma fonte de oposição e conflito, mas uma ocasião de enriquecimento recíproco. O homem e a mulher são chamados à comunhão porque só ela os completa e permite a continuação da espécie, através da geração de novas vidas. Faz parte da maravilha do desígnio da criação. Não é, como tal, algo a corrigir ou contrariar.
A sociedade edifica-se a partir desta colaboração entre as dimensões masculina e feminina. Em primeiro lugar, na sua célula básica, a família. É esta quem garante a renovação da sociedade através da geração de novas vidas e assegura o equilíbrio harmonioso e complexo da educação das novas gerações. Por isso, nunca um ou mais pais podem substituir uma mãe, e nunca uma ou mais mães podem substituir um pai.
            7. Complementaridade do masculino e do feminino
É um facto que algumas visões do masculino e feminino têm servido, ao longo da história, para consolidar divisões de tarefas rígidas e estereotipadas que limitaram a realização da mulher, relegada a um papel doméstico e circunscrita na intervenção social, econômica, cultural e política. Mas, na visão bíblica, o domínio do homem sobre a mulher não faz parte do original desígnio divino: é uma consequência do pecado. Esse domínio indica perturbação e perda da estabilidade da igualdade fundamental, entre o homem e a mulher. O que vem em desfavor da mulher, porquanto somente a igualdade, resultante da comum dignidade, pode dar às relações recíprocas o carácter de uma autêntica communio personarum (comunhão de pessoas).
A ideologia do gênero não se limita a denunciar tais injustiças, mas pretende eliminá-las negando a especificidade feminina. Isso empobrece a mulher, que perde a sua identidade, e enfraquece a sociedade, privada dum contributo precioso e insubstituível, como é a feminilidade e a maternidade. Aliás, a nossa época reconhece – e bem! – a importância da presença equilibrada de homens e mulheres nos vários âmbitos da vida social, designadamente nos centros de decisão econômica e política. Mesmo que essa presença não tenha de ser rigidamente paritária, a sociedade só tem a ganhar com o contributo complementar das específicas sensibilidades masculina e feminina.
            8. O “gênio feminino”
Nesta perspetiva, há que pôr em relevo aquilo que o Papa João Paulo II denominou “gênio feminino”. Não se trata de algo que se exprima apenas na relação esponsal ou maternal, específicas do matrimônio, como pretenderia uma certo romantismo. Mas estende-se ao conjunto das relações interpessoais e refere-se a todas as mulheres, casadas ou solteiras. Passa pela vocação à maternidade, sem que esta se esgote na biológica. Nesta, entretanto, comprova-se uma especial sensibilidade da mulher à vida, patente no seu desvelo na fase de maior vulnerabilidade e na sua capacidade de atenção e cuidado nas relações interpessoais.
A maternidade não é um peso de que a mulher necessite de se libertar. O que se exige é que toda a organização social apoie e não dificulte a concretização dessa vocação, através da qual a mulher encontra a sua plena realização. É de reclamar, em especial, que a inserção da mulher numa organização laboral, concebida em função dos homens, não se faça à custa da concretização dessa vocação, e se adotem todos os ajustamentos necessários.
            9. O papel insubstituível do pai
Não pode, de igual modo, ignorar-se que o homem tem um contributo específico e insubstituível a dar à vida familiar e social, cumprindo a sua vocação à paternidade, que não é só biológica, assumindo a missão que só o pai pode desempenhar cabalmente. Talvez o âmbito em que mais se nota a ausência desse contributo seja o da educação, o que já levou a que se fale do pai como o “grande ausente”. Isto pode originar sérias consequências, tais como desorientação existencial dos jovens, toxicodependência ou delinquência juvenil. Se a relação com a mãe é essencial nos primeiros anos de vida, é também essencial a relação com o pai, para que a criança e o jovem se diferenciem da mãe e assim cresçam como pessoas autônomas. Não bastam os afetos para crescer: são necessárias regras e autoridade, o que é acentuado pelo papel do pai.
 
Num contexto em que se discute a legalização da adoção por pares do mesmo sexo, não é supérfluo sublinhar a importância dos papéis da mãe e do pai na educação das crianças e dos jovens: são papéis insubstituíveis e complementares.Cada uma destas figuras ajuda a criança e o jovem a construir a sua própria identidade masculina ou feminina. Mas também, e porque nem o masculino nem o feminino esgotam toda a riqueza do humano, a presença dessas duas figuras ajudam-nos a descobrir toda essa riqueza, ultrapassando os limites de cada um dos sexos. Uma criança desenvolve‑se e prospera na interação conjunta da mãe e do pai, como parece óbvio e estudos científicos comprovam.
            10. A resposta à afirmação e difusão da ideologia do gênero
            A ideologia do gênero não só contrasta com a visão bíblica e cristã, mas também com a verdade da pessoa e da sua vocação. Prejudica a realização pessoal e, a médio prazo, defrauda a sociedade. Não exprime a verdade da pessoa, mas distorce-a ideologicamente.As alterações legislativas que refletem a mentalidade da ideologia do gênero -concretamente, a lei que, entre nós, redefiniu o casamento – não são irreversíveis. E os cidadãos e legisladores que partilhem uma visão mais consentânea com o ser e a dignidade da pessoa e da família são chamados a fazer o que está ao seu alcance para as revogar.
Se viermos a assistir à utilização do sistema de ensino para a afirmação e difusão dessa ideologia, é bom ter presente o primado dos direitos dos pais e mães quanto à orientação da educação dos seus filhos. O artigo 26º, nº 3, da Declaração Universal dos Direitos Humanos estatui que «aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o vénero de educação dos seus filhos». E o artigo 43º, nº 2, da nossa Constituição estabelece que «o Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas».
De qualquer modo, a resposta mais eficaz às afirmações e difusão da ideologia do gênero há de resultar de uma nova evangelização. Trata-se de anunciar o Evangelho como este é: boa nova da vida, do amor humano, do matrimônio e da família, o que corresponde às exigências mais profundas e autênticas de toda a pessoa. A esse anúncio são chamadas, em especial, as famílias cristãs, antes de mais, mediante o seu testemunho de vida.
  Fátima, 14 de novembro de 2013

Como no mundo atual podemos criar a cultura da pessoa?

Uma reflexão a partir do “conceito wojtiliano” do ser humano como pessoa

Por Prof. Hermes Rodrigues Nery

SãO PAULO, 06 de Janeiro de 2015 (Zenit.org) – “Impõe-se que o homem de hoje se volte novamente para Cristo, a fim de obter d’Ele a resposta sobre o que é bem e o que é mal.1

A cultura da pessoa – com a visão do homem como pessoa – foi aperfeiçoada e alcançou elevado nível de civilização, com o cristianismo, que exerceu na história “maior influência na modelagem do destino humano que qualquer outra filosofia institucional”.2. Muito mais que uma filosofia, o cristianismo é a presença de uma força viva na história, ainda impactante.

Foi com Jesus Cristo que passamos a compreender o que é ser a imagem e semelhança do Criador, pois como verbo encarnado, Deus veio até nós apresentar e testemunhar a humanidade perfeita, com a perspectiva da eternidade. Humanidade esta imprescindível para a nossa realização e felicidade, cuja condição começa a ser construída nesta vida, mas só encontrará a plenitude na vida eterna. A pessoa portanto se constrói a partir da humanidade, e se destrói se não tiver desenvolvida adequadamente (e amadurecida) esta mesma humanidade, pois por seus atos o homem se aperfeiçoa como pessoa”3 Daí que toda expressão cultural que reconhece e promove a dignidade do ser humano como pessoa, tem alcance universal e perene, tendo em vista ainda que “o ser humano não se esgota na cultura e a natureza dele é a medida desta”4

“O cristianismo consiste na visão do homem como pessoa. (…) O cristão se vê a si mesmo como ALGUÉM inconfundível, não “algo”, um “quem” distinto de todo “quê”, com nome próprio, criado e amado por Deus, não só e isolado, mas em convivência com os que, por serem filhos do mesmo Pai, são irmãos. Sente-se livre e, portanto, responsável, capaz de escolha e decisão com uma realidade recebida, da qual não é autor, porém própria. Sabe-se capaz de arrependimento, de voltar-se sobre a realidade, aceitá-la ou repudiá-la e corrigi-la. E essa realidade é projetiva, consiste em antecipação do futuro, do que vai fazer, de quem pretende ser, e é amorosa, definida pela afeição por algumas pessoas e o dever de que se estenda às demais. E aspira à sobrevivência, a continuar vivendo depois da morte inevitável, não isolada e sim com os demais – reza sua crença na ‘comunhão dos santos’. Vive por sua condição amorosa a possibilidade de interpenetração de outras pessoas, de ser habitado por algumas.
Tudo isto fez parte durante dois milênios da PERSPECTIVA CRISTÃ, foi transmitido, de maneira não teórica, escassamente conceitual, a milhões e milhões de homens e mulheres – desde crianças geralmente -, foi a interpretação básica de suas vidas e, não menos, da realidade total. O modo de sua instalação no mundo e como a vida humana é interpretação de si mesma, este esquema tem sido durante séculos um elemento dessa realidade mesma em grande parte do mundo.5

O cristianismo, portanto, deu vigência à compreensão do homem como pessoa “esse tipo de homem, hoje ameaçado de desaparecer”6, daí a sua universalidade e perenidade, cujo conteúdo alcança o âmago da verdade sobre o que é o homem, indagada desde os mais antigos filósofos, e confirmada pelo Magistério da Igreja. “O cristianismo não é nunca um conjunto de posições a manter, um corpo de doutrina, mas uma maneira de ser e de viver, um compromisso total”7. Não apenas conhecer-se a si mesmo (Sócrates), mas também tornar-se o que é como pessoa (Píndaro), é o desafio da construção do ser humano na dimensão da pessoalidade. “O ser humano é, potencialmente, pessoa que se constrói na medida em que agir eticamente. Esta construção pressupõe uma estrutura ontológica que se atualiza na ação eticamente adequada”8

Karol Wojtila fala de um “humanismo ascendente”9, que traduz o mistério da maturação do ser humano como pessoa (quando capaz da “maturidade no dom de si”). O mistério que maravilha a todos os povos, em todas as épocas, é o homem (ser pessoa) ser capaz de “maturação”, isto é, estar destinado a se realizar ou se irrealizar, cuja felicidade ou infelicidade enquanto ser, depende de seus atos volitivos, especialmente como expressão do mandamento universal de amor a Deus e ao próximo como a s i mesmo. A seriedade do existir está em que a partir da vida dada pelo Criador, cada pessoa é o que decide ser. Trata-se de uma decisão realmente relevantíssima.

A decisão é mais profunda. Diz respeito a toda a estrutura da vida, repercute no meu âmago. Se eu vivo a vida sem Deus ou contra Ele, o que seria possível, então será completamente diferente de fundá-la em Deus. É uma decisão relacionada com toda a orientação da minha própria existência: como vejo o mundo, como eu próprio quero ser e como hei de ser. Não é qualquer uma das muitas decisões exteriores que existem no mercado das possibilidades que se me oferecem: pelo contrário, está em questão toda a concepção da vida.”10

Nosso desafio hoje é justamente destacar e fazer revigorar a cultura da pessoa humana, já existente, e buscar uma nova metodologia (um melhor “como fazer”) para que haja um renovado convencimento do valor e do sentido desta cultura, em contraponto à antítese que emerge fortemente na sociedade cientificista e tecnicista que aí está, cujas premissas reducionistas e materialistas, vem obscurecendo e até comprometendo de vez a beleza e o valor vivificante da cultura (que cultiva) do humanismo ascendente.

(…) Há um par de séculos a vigência da perspectiva cristã experimentou uma regressão nos povos que a possuíam e a haviam conservado desde seu início ou pelo menos há vários séculos. Pode-se falar com fundamento de um processo de DESCRISTIANIZAÇÃO em várias etapas, de distinto pontos de vista, realizado por diversas ‘equipes’ que se vão rendendo, com estranha continuidade, desde o século XVIII. (…) Esta descristianização trata-se de algo mais amplo e de maiores conseqüências: a eliminaçã o da dimensão religiosa do homem. Que esta empresa tenha se concentrado no cristianismo é mera conseqüência de que era a religião com a qual se tinha que haver, a que tinha realidade, vigência, vigor, a forma concreta em que acontecia a religiosidade (…) À medida que o tempo foi passando, até chegar ao presente, viu-se com clareza que o que se tratou de eliminar é toda visão religiosa.

(…) O que é decisivo, o que se torna esclarecedor, é que esse processo se realiza paralela ou convergentemente com o de despersonalização. Na realidade, são duas faces da mesma atitude, do mesmo propósito. Há muito tempo se vem tentando que os homens percam de vista sua condição única de pessoas, que se vejam como organismos, reduzidos às outras formas de realidade que existem no mundo; em última análise, redutíveis ao inorgânico, mera realidade sem nenhuma irrealidade inseparável e intrínseca em forma de projeto, de futuro. É evidente, sem liberdade, submetidos às leis naturais – físicas, biológicas, sociais, psíquicas, econômicas – suscetíveis a toda manipulação provinda de todas essas instâncias. (…) O paradoxal é o fato de que este duplo processo de despersonalização e eliminação da religiosidade e de sua forma superior, a PERSPECTIVA CRISTÃ, coincida com o avanço maior de toda a história intelectual na descoberta e compreensão dessa forma estranha e única de realidade que é a PESSOA HUMANA, justamente O QUE SOMOS”11 

Primeiramente, para uma reflexão mais acurada, comecemos por aquilo que caracteriza, afinal, o ser humano como pessoa, segundo a concepção wojtiliana:

“Karol Wojtila (…) compreende o ser humano, fundamentalmente, como pessoa, cujos elementos constituintes fundamentais são a consciência, em sua dupla função de reflexão e subjetivação, a vontade livre, a capacidade de autotranscendência e de integração dos diversos dinamismos presentes no homem e a capacidade de participação, quando o ser humano exercita o ser pessoa junto com os outros. A capacidade de autotranscender-se é basil armente a possibilidade de amadurecimento de atualização do ser pessoal”12

O ser humano é pessoa é capaz de ato volitivo, portanto, causal, nesse sentido, assemelha-se ao Criador. “O bem consiste em pertencer a Deus, obedecer-Lhe, caminhar humildemente com Ele, praticando a justiça e amando a piedade (cf. Miq 6, 8).”13 A vida é dada, mas exige da realidade dada, um trabalho de ascese (que requer, muitas vezes, sacrifício e renúncia, porque é preciso discernir, fazer escolhas); uma obra de lapidação pessoal, de aprimoramento das potencialidades, completado e plenificado pela graça de Deus, quando a pessoa dirige sua liberdade p ara a verdade e o amor.  “Esta obediência nem sempre é fácil. (…) Na seqüência daquele misterioso pecado de origem, cometido por instigação de Satanás, que é ‘mentiroso e pai da mentira’ (Jo 8, 44), o homem é continuamente tentado a desviar o seu olhar do Deus vivo e verdadeiro para o dirigir aos ídolos (cf. 1 Ts 1, 9), trocando ‘a verdade de Deus pela mentira’ (Rm 1, 25); então também a sua capacidade para conhecer a verdade fica ofuscada, e enfraquecida a sua vontade para se submeter a ela. E assim, abandonando-se ao relativismo e ao ceticismo (cf. Jo 18, 38), ele vai à procura de uma ilusória liberdade fora da própria verdade.”14

O perigo da existência humana (daí um drama intenso) é que a pessoa pode ser salva ou perder-se a partir das escolhas feitas.

A pessoa é feita de corporeidade e espiritualidade, cuja realização há de ser na dimensão integral. “Corpo e alma são inseparáveis: na pessoa, no agente voluntário e no ato deliberativo, eles salvam-se ou perdem-se juntos”15. Há impasses, tensões agudas, angústias inumeráveis, mas a liberdade pode equivocar-se afastando-se da verdade, principalmente quando relativiza e banaliza o valor e o sentido da vida humana. Outro dado relevante: a vida é dada para sempre. Somos responsáveis pelas conseqüências dos nossos atos, daí a gravidade de não se levar a sério a real idade dada e não nos empenharmos para valer para acertar o passo na difícil caminhada da realização como pessoa humana. Jesus Cristo é Senhor e Salvador porque é Ele quem nos garante a salvação, quando reconhecemos a nossa fragilidade e recorremos a Ele, como o bom ladrão na cruz, para obter a graça salvífica.

“Não há valores humanos, naturais, que se possam separar da ordem sobrenatural. Tudo está submetido às exigências da salvação”16. A pessoa humana não se salva sozinha, precisa do Criador para completar o que as suas forças não alcançam por si só, daí que é preciso ascese e esforço pelas virtudes, mas a salvação do ser humano como pessoa (a sua realização integral e plena) não é obtida pelos méritos, mas pela graça de Deus, pois, “grande e único meio de salvação é a confiança em Deus”.17. A passagem do centurião que recorre a Jesus para lhe salvar um criado é significativa. Ele disse a Jesus que não precisava ir até sua casa, bastasse uma palavra sua e o seu criado estaria salvo. Ao que Jesus lhe disse comovido: “A sua fé o salvou!”.

O individualismo exacerbado dos nossos dias sinaliza “o perigo de se eliminar a situação de harmonia ôntica e ética do homem-pessoa”18. Por isso é preciso que saibamos ser capazes de tonificar o que a cultura da pessoa já foi capaz de produzir de excelso na história humana. É necessária uma nova primavera desta cultura realmente vigorosa, que está apenas debilitada, mesmo abalada quase em suas estruturas. Mas a água tonificante deve ir direto à raiz, para possamos vê-la novamente revigorante.

Para isso, é necessário primeiramente ter consciência clara que a dimensão da crise cultural atual, crise da vida humana como um todo, é uma crise profundamente radical, porque atinge os seus fundamentos. “Cultura, aliás, não é apenas a soma dos conhecimentos, mas também o resultado de uma formação e a estrutura de uma mentalidade”19. Como dissemos, no início desta reflexão, o cristianismo soube imprimir a validade universal de uma cultura de promoção da pessoa humana. Daí que “a ruptura entre Evangelho e cultura é, sem dúvida alguma, o drama do nosso tempo”20.

A crise atual “é global, afetando a vida humana medularmente e em todos os setores. (…) O que começou “como ‘crise de poucos’, (séculos XIV-XVII), ampliou-se como ‘crise dos muitos’ (século XVIII), e agora fez-se a ‘crise de todos’, conforme ensina Ferrater Mora”21. Crise ubiqüa, que se tornou “crise dos fundamentos da vida humana.”22 Crise que nos desinstalou, criou fraturas nos relacionamentos, que deixaram de ser subsistentes, para se tornar vulneráveis, escapistas, imediatistas e descartáveis. Crise do sentido da vida humana, do valor da pessoa humana, das razões para viver. “Privados de pontos de referência autênticos (…) muitos arrastam a sua vida quase até a borda do precipício, sem saber o que os espera”23. Nesse sentido, o cristianismo permanece a perspectiva redentora, na dimensão soteriológica, porque oferece os fundamentos de sustentação do autêntico sentido humano de vida. “A revelação cristã é a verdadeira estrela de orientação para o homem, que avança por entre os condicionalismos da mentalidade imanentista e os reducionismos duma lógica tecnocrática; é a última possibilidade oferecida por Deus, para reencontrar em plenitude aquele projeto primordial de amor que teve início com a criação”24 Como então reafirmar o valor da pessoa, num contexto histórico de indiferença e até negação desse mesmo valor, comprometendo na raiz, a estrutura ôntica da pessoa humana?

O mandamento do amor, como foi dito, é uma norma personalista. Partimos do ser da pessoa, para em seguida reconhecer o seu valor particular. O mundo dos seres é um mundo de objetos onde distinguimos pessoas e coisas. A pessoa distingue-se da coisa pela própria estrutura e perfeição. A estrutura da pessoa pertence à ‘interioridade’, na qual descobrimos os elementos da vida espiritual, o que nos obriga a reconhecer a natureza espiritual da alma humana. Por isso a pessoa possui sua própria perfeição espiritual. Esta perfeição decide o seu valor. Porque ela possui tal perfeição espiritual e até certos pontos é um espírito (encarnado) e não apenas ‘corpo’, mesmo que magnificamente animado, de nenhuma maneira se pode tratar a pessoa como uma coisa (ou até como um animal). Existe uma enorme distância, um abismo intransponível entre o psiquismo animal e a espiritualidade do homem”25

Enquanto cristãos, sabemos que “Deus nos releva seu projeto de vida”26, daí a vida humana ser projetiva, dentro da dimensão da pessoalidade. “Homens é o que sois, e não máquinas!”, advertia Chaplin, no clássico discurso final de O Grande Ditador. A pessoa é chamada a assumir a humanidade que lhe pertence naturalmente, pois “quanto mais o homem age segundo sua natureza e se aproxima da sua perfeição, tanto mais se aproxima da idéia criadora de Deus”27; daquele ideal do homem que Deus tinha em mente, quando o criou e dotou-o de liberdade para alcançá-lo”28  É preciso, portanto, reafirmar a cultura da pessoa humana proposta pelo cristianismo (de êxito histórico, ao contrário dos sistemas opressores da pessoa humana, fracassados na história). Para isso requer inclusive uma convergência entre fé e política, para especialmente no campo legislativo fazer vigorar legislações promotoras da cultura da pessoa, pois senão continuaremos a ser vítimas do permissivismo moral que atinge duramente a estrutura da pessoa, tornando-nos mais vulneráveis às ameaças existentes, sem a proteção indispensável para o cuidado com a vid a humana, em todos os aspectos. É certo que “a lei humana não faz tudo”29, mas com permissivismo vigente tolera-se males danosíssimos à dignidade da pessoa humana, fazendo com isso a lei voltar-se contra o ser humano, ao invés de protegê-lo e promovê-lo como pessoa.

Por causa da concepção que a Igreja tem de pessoa humana, “é que ela se opõe a todas as filosofias totalitárias que reduzem a pessoa a uma parte de um todo, seja ele a raça ou o Estado. Por isso mesmo, ela se opõe a todas as formas de angelismo que não levem em conta as condições e as exigências concretas do homem como espírito encarnado na matéria, e assim confinado ao espaço e ao tempo, inserido dentro de um processo histórico. Por isso opõe-se a todas as formas de materialismo que desconhecem no homem as exigências do espírito e só vêem nele animal mais refinado que bastaria nutrir e vestir para fazer feliz”.30

A Igreja não tem modelos a propor, mas parte de sua doutrina social para indicar os princípios e valores pelos quais devemos nos pautar para reafirmar – a partir dos desafios dos tempos convulsivos da atualidade – a cultura da pessoa humana, para edificar a civilização capaz de afirmar o amor e a solidariedade, para o bem de todos.

NOTAS:

1- Veritatis Splendor, 8)

2- Paul Johnson, História do Cristianismo, Ed. Imago, 2001, pág. 7

3- Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 15

4- Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 15

5- Julian Marias, A Perspectiva Cristã, Ed. Martins Fontes, 2000, págs. 111-113

6- (Rops, 23)

7- (Rops, 29)

8- Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 13

9- Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 13

10- Joseph Ratzinger, O Sal da Terra – O Cristianismo e a Igreja Católica no Limiar do Terceiro Milênio, Ed. Imago, 1997, pág. 19

11- Julian Marias, A Perspectiva Cristã, Ed. Martins Fontes, 2000, págs. 114-116

12- Paulo Cesar da Silva, A Ética Personalista de Karol Wojtila, Editora Santuário / UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo, 2001, pág. 12

13- VS, 11

14- (VS, 1).

15- (VS, p. 81)

16- (Rops, 48)

17- (Paulo de Tarso, p. 15)

18- (KV, p. 54)

19- L. De Cândido, Dicionário de Espiritualidade, Crise, Ed. Paulus, 1993, 2ª edição, Pág. 242

20- (Stefano de Fiores, Dicionário de Espiritualidade, Espiritualidade Contemporânea, Ed. Paulus, 1993, 2ª edição, pág. 343

21- Gilberto de Mello Kujawski, A Crise do Século XX, Ediota Ática, 1991, pág. 30

22- Gilberto de Mello Kujawski, A Crise do Século XX, Ediota Ática, 1991, pág. 30

23- (Fé e Razão, p. 13)

24- (Fé e Razão, 15, p. 26)

25- Karol Wojtila, Amor e Responsabilidade – Estudo Ético, Edições Loyola, 1982,  pág. 106.

26- (D.A. p. 71)

27- Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, Solidarismo – Alternativa para a globalização, Editora Santuário, 1997, pág. 82

28- Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, Solidarismo – Alternativa para a globalização, Editora Santuário, 1997, pág. 82

29- (Santo Agostinho, O Livre-Arbítrio, Ed. Paulus, 1995, pág. 39)

30- Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, Solidarismo – Alternativa para a globalização, Editora Santuário, 1997, págs. 79-80

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Prof. Hermes Rodrigues Nery é especialista em Bioética (pós-graduado pela PUC-RJ) e coordenador do Movimento Legislação e Vida.

A teologia da selfie

Um desejo de eternidade

Por Jorge Henrique Mújica

ROMA, 29 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) – A NASA criou, em 2014, um mosaico temático feito com 36.422 fotos de pessoas de mais de cem países, tiradas por elas próprias e enviadas através das redes sociais com a hashtag #GlobalSelfie. A participação massiva é mais um reflexo do fenômeno da autofotografia, ou “selfie”, que se tornou “a palavra do ano” em 2013 na opinião do prestigioso dicionário Oxford da língua inglesa. E a “selfie” é um fenômeno que, pelo visto, parece destinado a continuar indo bem além de 2013.

O que leva as pessoas a compartilhar tantas fotos delas mesmas tiradas por elas mesmas? Só em 2013, houve 1 milhão de publicações desse tipo de imagem por dia! O fenômeno não é apenas resultado da atual facilidade técnica para tirar fotos em qualquer lugar e a qualquer momento; também existe algo de psicológico nessa manifestação cultural: as pessoas se sentem, embora pareça uma redundância, protagonistas das próprias fotos, não apenas por serem fotografadas, mas por se fotografarem.

Essa dimensão do protagonismo quer testemunhar com imagens que “eu estive lá”, que “eu sou assim”, que “eu estive com Fulano”; e, com um pouco de sorte, conseguir, quem sabe, alguma fama efêmera, caso a imagem se torne viral.

O fenômeno selfie pode envolver também certos matizes patológicos. Em maio de 2014, no “Giro d’Italia”, o ciclista alemão Marcel Kittel caiu e um jovem se aproximou dele rapidamente; mas não era para ajudá-lo, e sim para tirar uma selfie com o atleta. Atitudes semelhantes se repetem com muitas pessoas no mundo todo e fazem parte do pano de fundo do curta-metragem “Aspirational”, da atriz Kirsten Dunst.

No filme, Kirsten critica a cultura da selfie e a desumanização das pessoas em tempos de Instagram. Vemos a atriz, no curta-metragem, esperando alguém diante de sua casa quando passam duas garotas que a reconhecem, se aproximam com seus smartphones na mão e, sem mais nem menos, começam a tirar selfies com ela. Terminada a “sessão fotográfica”, as jovens vão embora praticamente sem abrir a boca. “Não querem me perguntar nada?”, indaga Kirsten, enquanto uma das jovens se limita a perguntar à outra: “Quantos seguidores você acha que eu vou conseguir com esta foto?”.

“Aspirational” é uma caricatura, mas tem fundamento bastante real. Como não recordar o menino espanhol que se emocionou até chegar às lágrimas por ter tirado uma foto com o jogador argentino Lionel Messi? “O que foi que o Messi disse para você?”, perguntou um jornalista ao menino. “Nada”, foi a resposta. Ele queria a foto, não as palavras do craque.

As selfies não são algo novo. O mito grego de Narciso nos apresenta o rapaz que se apaixonou pela própria imagem refletida na água e, enquanto contemplava a sua beleza, caiu no rio e morreu afogado. Aquela “selfie mitológica”, aplicada às circunstâncias atuais, pode servir como convite para prestarmos mais atenção não somente a essa superexposição vaidosa, mas também à falta de autenticidade das imagens manipuladas para aparentar o que não somos.

Historicamente falando, a primeira selfie data de 1914 e a protagonista foi uma adolescente de 13 anos: a grã-duquesa Anastácia, da Rússia. No âmbito religioso, podemos citar o Santo Sudário e o manto da Virgem de Guadalupe, duas “selfies” de peculiaridade sobrenatural. E, indo ainda mais longe, a primeira de todas as selfies remonta ao próprio Deus e tem como fundamento teológico a Bíblia.

O capítulo primeiro do livro do Gênesis, em seus versículos 26 e 27, diz claramente que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Será que não podemos considerar a nós próprios como “selfies” de Deus? Neste sentido, cada selfie humana de hoje em dia é uma imagem que reflete algo de divino e que remete a Deus. Mas Deus é ainda mais original e tirou a mais perfeita de todas as selfies: Jesus Cristo, que, muito além de mera “imagem” de Deus, é Deus em pessoa feito carne.

As selfies, de certa forma, são expressões da capacidade criadora semeada por Deus no coração humano e materializada em imagens. Não são uma simples popularização da fotografia, mas expressões muitas vezes instintivas que nos revelam um pouco do anseio de eternidade que temos na alma. Cada foto é uma forma de dizer “eu existo”, “eu faço parte da história humana” e, ainda mais profundamente, “eu sou imagem e semelhança de Deus”.