Touro, águia, leão, homem: por que os evangelistas estão associados a essas criaturas?

Daniel R. Esparza | Ago 20, 2019
Uma tradição antiga e muitas vezes desconhecida sustenta esses temas cristãos tradicionais

Um dos temas mais comuns da arte cristã é o quase onipresente Tetramorph. Do grego tetra (“quatro”) e morphé (“forma” ou “forma”) a palavra aplica-se, em geral, a qualquer representação de um conjunto de quatro elementos.
Mas na arte cristã, o Tetramorph refere-se quase exclusivamente à maneira mais comum de descrever os quatro evangelistas, cada um deles acompanhado ou representado por uma figura, três deles sendo animais e apenas um (aquele que acompanha ou representa Mateus) humano ou, mais frequentemente, uma figura angelical alada.

Tais imagens, ao contrário de alguns outros motivos zoomórficos tradicionais da arte cristã, têm bases bíblicas. Elas correspondem à visão dos chamados “quatro seres viventes” de Ezequiel: o profeta descreve quatro seres: “Quanto ao aspecto de seus rostos tinham todos eles figura humana, todos os quatro uma face de leão pela direita, todos os quatro uma face de touro pela esquerda, e todos os quatro uma face de águia.” Esse Tetramorph carregou o trono ou carruagem do Senhor.

Pode-se apenas imaginar de onde Ezequiel tirou essas imagens complexas.

Todos sabemos que a combinação de diferentes seres e símbolos era bastante comum no antigo Egito, assim como na antiga Mesopotâmia. Lembremo-nos das esfinges egípcias, dos touros babilônicos alados e das harpias gregas. Curiosamente, o próprio Ezequiel foi um dos profetas judeus que viveu durante o exílio na Babilônia por volta do século 6 antes de Cristo, então sua visão poderia ter sido influenciada pelos antigos motivos da arte assíria, na qual essas combinações eram de fato bastante comuns.

A Revelação de João (isto é, o livro do Apocalipse) ecoa a visão de Ezequiel em seu quarto capítulo: “O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo”.

   Agora, por que essas criaturas são designadas para um evangelista específico? Por que a águia está emparelhada com João, por exemplo? Há razões associadas às particularidades dos Evangelhos de cada autor, segundo São Jerônimo. Procure esses quatro símbolos nas gravuras dos evangelistas ou, por si só, decorando as fachadas dos livros e dos púlpitos do Evangelho.

Mateus é associado ao homem alado, ou anjo, porque o seu Evangelho se concentra na humanidade de Cristo, afirma São Jerônimo. O Evangelho de Mateus inclui uma narrativa sobre a genealogia de Jesus.
O leão é relacionado a São Marcos, porque o seu Evangelho enfatiza a majestade de Cristo e sua dignidade real, assim como o leão é tradicionalmente considerado o rei dos animais. O Evangelho de Marcos começa com a voz profética de João Batista, clamando no deserto como um rugido de leão.
A Lucas associa-se o touro, porque seu Evangelho se concentra no caráter sacrificial da morte de Cristo, e o touro sempre foi um animal sacrificial por excelência, tanto para o judaísmo quanto para o paganismo romano.

Por, João está associado à águia por duas razões: primeiro, porque seu Evangelho descreve a Encarnação do Logos divino, e a águia é um símbolo daquilo que vem de cima. A segunda, porque como a águia, João, em sua Revelação, viu além do que está imediatamente presente. Por isso São João Evangelista é chamado de “Águia de Patmos”.

Modéstia: como as mulheres devem se portar?

Dando às mulheres uma falsa liberdade e poder, a reengenharia social está mudando a natureza feminina e destruindo a dignidade que lhes foi conferida pelo próprio Deus. Como resistir a essa investida? De que modo as roupas e o modo de se portar podem influenciar na posição da mulher dentro da sociedade?

I. Introdução

Temos dedicado nossas últimas aulas ao especial estatuto de dignidade que as mulheres, desde as origens do cristianismo, têm perante os olhos da Igreja Católica [1]. Começamos esta série de considerações como que pela cúpula do edifício; após abordarmos a dignidade feminina em si mesma, fomos dela extraindo as notas que fazem da mulher, ao lado do homem, um ser único na ordem da criação. Igualmente feita para servir e amar a Deus, a mulher, segundo o projeto divino, é complemento—corporal, psíquico e espiritual—do homem, ao qual não convinha ficar só (cf. Gn 2, 18). Este caráter complementar se expressa quer na feminilidade que lhe é própria e lhe confere todos aqueles atributos que a distinguem do sexo masculino, quer na tendência natural que a leva a unir-se em sociedade àquele de cuja costela provém [2]. Dando continuidade ao assunto, falaremos hoje da modéstia feminina. Ao contrário do que se costuma fazer, porém, evitaremos encarar o tema sob uma perspectiva estritamente moralista; não se trata, noutras palavras, de determinar o que as mulheres podem ou não vestir. Ora, uma tal abordagem, embora possa ter alguma utilidade em certos casos, além de tornar a questão antipática a muitos, parece desviar-se do centro do problema; longe de resumir-se, pois, a um inventário de vestidos mais ou menos escandalosos, a questão da modéstia feminina deve ser situada dentro daquilo que é o projeto de Deus para a reta convivência entre homens e mulheres.

II. «O despertar da concupiscência»

Há na mulher, com efeito, algo que atrai o olhar masculino; este poder atrativo, todavia, não é uma realidade decorrente da queda de nossos primeiros pais nem tampouco uma degradação da natureza humana. Os capítulos iniciais do Gênesis trazem elementos bastante esclarecedores a este respeito e indicam de modo indireto as forças que entram em cena quando homem e mulher se põem cara a cara. Ao concluir Sua obra, Deus decide dar ao homem um auxiliar que lhe correspondesse; por isso, conduz a Adão todas as feras selvagens e todas as aves do céu e fá-las desfilar ante seus olhos para ver como ele as chamaria (cf. Gn 2, 18-9). Este trecho da narrativa bíblica já delineia uma peculiaridade muito significativa do modo de ser do varão, a saber: ele se guia sobretudo pela visão. Tendo enfim contemplado toda a criação e dado nomes às feras selvagens, Adão não encontrou entre os animais nenhuma companheira que lhe estivesse à altura. O Senhor então fez cair sobre ele um torpor, tomou “uma de suas costelas e fez crescer carne em seu lugar. Depois da costela que tirara do homem, Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem” (Gn 2, 20-1); vendo-a, Adão exclama, admirado: “Esta, sim, é osso de meus ossos e carne de minha carne! Ela será chamada ‘mulher’ [‘îsha], porque foi tirada do homem [‘îsh]” (Gn 2, 23).

Simples e singela, a admiração de Adão ao ver Eva pela primeira nos dá a conhecer tanto o desejo de Deus para a relação entre eles quanto a dinâmica deste relacionamento antes da queda: há na mulher, como dissemos, uma beleza própria e fundamental que, traduzindo ao seu modo a própria beleza divina, encanta e enleva o homem. Ora, o estado de justiça e inocência de que gozavam no paraíso permitia-lhes não se envergonharem diante da nudez (cf. Gn 2, 25), pois a vontade de ambos estava de tal sorte ordenada, que nem a carne poderia desejar algo contra o espírito nem o espírito, algo contra a carne [3]. De fato, como poderiam envergonhar-se [4], se não sentiam ainda em seus membros nenhuma lei que repugnasse à lei de suas consciências (cf. Rm 7, 23) [5]? Como, no entanto, desobedecessem a Deus, que lhes proibira comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (cf. Gn 2, 16-7), logo perderam a santidade em que foram constituídos; Adão e Eva, deste modo, não apenas incorreram na justa ira divina, mas, despojados de sua justiça e sujeitos à morte, que, como pena, lhes fora cominada, tronaram-se também cativos do demônio [6]. É, portanto, apenas quando a desordem do pecado entra no mundo que eles, envergonhados de sua nudez, se escondem da presença de Deus. A partir deste momento, começa a haver uma profunda distorção seja no modo como o homem vê o corpo feminino, seja na forma em que a mulher se apresenta aos olhos masculinos. Por isso, o Senhor tece-lhes túnicas de pele para se cobrirem.

III. A virtude da modéstia

§ 1. Necessidade. — Daí possuir, no estado atual, uma dádiva verdadeiramente extraordinária o homem capaz de olhar para as mulheres e, sem desejá-las, reconhecer nelas a beleza divina. Mas por tratar-se de dom raríssimo, é necessário que ambos os sexos, com o auxílio da Graça, desenvolvam aquelas virtudes responsáveis por regular nosso apetite concupiscível segundo a reta razão. Com efeito, a modéstia de que vamos falar se inscreve no âmbito das quatro grandes virtudes humanas, ou seja: a prudência, a temperança, a justiça e a fortaleza. Uma vez que a função de moderar nosso desejo pelos prazeres não só venéreos, mas também alimentares cabe à temperança [7], é a esta que a modéstia deve ordenar-se e servir de auxílio. Como toda e qualquer virtude, também a temperança tem por objetivo orientar nossos atos aos fins estabelecidos por Deus. Ora, o Criador quis vincular um prazer sensível àquelas operações naturais que são necessárias à conservação tanto da vida individual (pela comida) quanto da espécie (pela procriação) [8]; daqui provém, pois, “a veemente inclinação do homem aos prazeres do gosto e do apetite genésico, que tem aquela altíssima finalidade, querida e fixada pelo Autor mesmo da natureza.” [9] Daí também se vê a necessidade de uma virtude incumbida de manter dentro de justos limites os movimentos que nos impelem a uma busca quase sempre desenfreada por toda sorte de deleites.

A fim de compreender melhor esta função ancilar da modéstia, devemos ter em mente que a temperança, enquanto virtude cardeal, modera nossos apetites pelos prazeres mais intensos do tato, pois, como diz Santo Tomás de Aquino,

A temperança está para os […] prazeres assim como a fortaleza, para os temores […]. Ora, a fortaleza ocupa-se com os temores […] referentes àqueles males maiores pelo quais se destrói a natureza, que são os perigos de morte; do mesmo modo, convém que a temperança se ocupe com os desejos dos maiores prazeres. Dado que o prazer decorre de uma operação natural, certos prazeres serão tanto mais intensos quanto mais naturais forem as operações de que derivam. Ora, as operações mais naturais aos animais são aquelas mediante as quais se conserva, pelo alimento, a vida do indivíduo e, pela conjunção sexual, a perpetuação da espécie; por isso, a temperança diz respeito propriamente aos prazeres da comida e da bebida e aos prazeres venéreos. Ora, tais prazeres derivam do sentido do tato. Donde se conclui que a temperança diz respeito aos prazeres táteis. [10]
Existem, contudo, outras espécies de estímulo sensível que, além do tato, implicam alguma forma de prazer, como, por exemplo, a imagem de uma bela mulher que provoca no homem libidinoso certos movimentos carnais, ou um aroma agradável capaz de inspirar-nos fome. Tais prazeres, na medida em que se ordenam aos gozos sexual e alimentar propriamente ditos, devem ser moderados pela temperança apenas mediata e secundariamente, isto é, por meio de virtudes específicas a ela anexas [11] que serão tanto mais eficazes quanto mais bem enraizada for a temperança. Estas “pequenas virtudes”, também chamadas partes potenciais, referem-se tão-só a aspectos determinados e, portanto, menos principais e mais fáceis da matéria a que virtude cardeal sob cuja influência atuam aplica-se primária e principalmente [12]. De fato, já que à temperança cumpre moderar os prazeres mais fortes do tato, pode-se considerar parte potencial dela qualquer outra virtude que exerça alguma moderação em matérias menos difíceis e ordene, em sua linha, algum desejo desordenado por prazer. Ora, onde quer que haja uma virtude que se ocupe com o que é mais difícil, convém que haja também uma virtude que se ocupe com o que é mais fácil, pois a vida humana deve regular-se pela virtude em todos os níveis. Com efeito, do mesmo modo como a virtude da magnificência diz respeito às grandes riquezas, assim também a liberalidade se refere às quantias mais modestas. Neste sentido, a temperança modera o que é mais difícil, isto é, os prazeres do tato; por isso, é preciso que haja uma outra virtude que regule os prazeres mais facilmente moderáveis: e esta virtude é a modéstia [13].

§ 2. Dependência de outras virtudes. — Enquanto virtude anexa, a modéstia está condicionada pela boa educação das duas virtudes integrantes da temperança, ou seja, da vergonha e da honestidade. De fato, apenas com grande dificuldade pode tornar-se temperante quem não foi ensinado a ser honesto e a envergonhar-se do pecado. A vergonha de que falamos não é, em sentido próprio, uma virtude, mas antes uma espécie louvável de paixão que, dispondo-nos à temperança [14], nos inclina a temer a feiura do pecado. Trata-se de paixão, porque implica alguma forma de “alteração corporal (enrubescimento, tremedeira…); e é louvável, porque este temor, regulado pela razão, infunde horror à torpeza” [15]. Assim como a vergonha é o temor e, por conseguinte, a fuga da perversão do pecado, a honestidade é o amor e, portanto, a busca pelo decoro proveniente da prática da virtude: “A honestidade”, diz o Aquinate, “é certa beleza espiritual” [16]; ora, dado que o torpe se opõe ao belo, “a honestidade corresponderá de maneira especial àquela virtude que tenha por objeto evitar o torpe” [17], isto é, à temperança. Por estas razões, devem os pais esmerar-se em educar os filhos, desde a mais tenra idade, nestas duas virtudes: elas são, por assim dizer, as guardiãs da castidade e da temperança; abandonadas estas custódias, é comum o homem precipitar-se nas mais sórdidas imundícies da luxúria e da intemperança.

§ 3. Espécies. — Resta-nos falar um pouco de mais perto sobre a modéstia. Já vimos tratar-se de uma virtude anexa à temperança e cuja finalidade é moderar todos os outros movimentos menos difíceis, mas que, em todo caso, precisam ser regulados, pois, assim como a temperança é moderadora do apetite primário pelos prazeres do tato, a modéstia regula nosso apetite desordenado por formas secundárias de prazer. Ora, este apetite desregrado pode dar-se em quatro âmbitos principais, quais sejam: a) no movimento interior da alma em busca de sua própria excelência, que é a soberba moderada pela humildade; b) no desejo natural de conhecer, que é a curiosidade moderada pela estudiosidade; c) nos movimentos corporais exteriores, que são regulados pela modéstia corporal; e d) nos trajes exteriores, que são ordenados pela virtude da modéstia no vestir-se [18].

Sob a modéstia, portanto, está contida uma série de outras virtudes que podem assim ser esquematizadas:

Movimentos interiores: (a) humildade e (b) estudiosidade.
Movimentos exteriores: (c) modéstia corporal e (d) modéstia no vestir-se.
§ 4. A modéstia no vestir-se. — Se bem não possa haver nas coisas exteriores nem vício nem virtude em sentido estrito, o uso que delas fazemos, no entanto, pode configurar uma atitude mais ou menos pecaminosa; ora, o mau uso de tudo quanto serve à nossa utilidade pode ser ou por excesso, ou por defeito; por isso, é necessária uma virtude que, relativamente aos trajos humanos, guarde a devida ordem no cuidado do corpo e na maneira com que nos vestimos, a fim de evitar não só a vulgaridade, mas também toda deselegância e exagero [19]. De um modo geral, a desordem no vestir-se pode manifestar-se a) em relação ao costume dos homens de mesma condição com os quais vivemos: “É indecorosa”, escreve Santo Agostinho, “a parte que não se acomoda ao todo” [20], pois a modéstia inclina o homem a apresentar-se em conformidade com o seu sexo (se é mulher, por exemplo) e estado (casada ou solteira) e de acordo com a ocasião (formal ou informal) e os costumes do tempo em que vive; e b) por um desordenado afeto que leva a abusar ou fazer pouco caso dos bons costumes.

Com efeito, o uso das roupas pode ser abusivo ou excessivo de três maneiras, a saber: 1.º) por excessiva solicitude, quando se gasta demasiado tempo, atenção ou dinheiro na procura por roupas e ornamentos elegantes; 2.º) por vaidade, quando se procura tão-somente atrair olhares e a admiração alheia; e 3.º) por lascívia, se o fim desejado é estimular a imaginação e a sensualidade de terceiros. Pode-se pecar também por defeito, e isto de dois modos: 1.º) se, por negligência, despreza-se a ordem e o cuidado devido ao corpo e a decência com que convém seja apresentado às pessoas; e 2.º) por vanglória, se o desalinho e a pobreza das roupas servem de pretexto para simular uma humildade falsa e hipócrita [21]. Todos estes vícios podem ser combatidos se, ao nos vestirmos, tivermos em mente a humildade, a simplicidade e a justa diligência devidas ao cuidado externo, porque, ainda que simples e discretas, nossas roupas têm de ser limpas e minimamente bem cuidadas: “Conserva”, recomenda São Francisco de Sales, “um asseio esmerado, Filotéia, e nada permitas em ti rasgado ou desarranjado. É um desprezo das pessoas com quem se convive andar no meio delas com roupas que as podem desgostar; mas guarda-te cuidadosamente das vaidades e afetações, das curiosidades e das modas levianas.” [22].

§ 5. Os ornamentos femininos. — Do que foi dito segue-se, pois, que às mulheres é lícito vestir-se e enfeitar-se com o fito de aumentar a própria beleza, desde que se evite todo escândalo e não se pretenda nenhum fim desonesto. A dificuldade a este respeito, porém, deve-se tanto ao fato de a aparência feminina provocar mais facilmente a lascívia no homem do que o contrário quanto à peculiar tendência que as mulheres têm para o uso desordenado da própria beleza e, por conseguinte, de tudo o que a possa manifestar ou acentuar. Por isto, sempre se discutiu em que circunstâncias podem as mulheres ornar-se a fim de agradar os homens. Apesar de certos rigorismos, a posição de muitos teólogos é a de que, embora possam, sim, enfeitar-se, apenas à mulher casada é lícito vestir-se de modo a seduzir ou agradar seu marido. Portanto, é contrário não só à reta razão, mas também à caridade usar qualquer tipo de vestido ou adereço que induza alguém a pecar contra a castidade. As jovens que desejam casar-se podem também, guardada a decência, vestir-se a fim de encontrar um noivo; as mulheres porém que não têm marido ou não desejam tê-lo nenhuma razão têm para, sem pecado, vestir-se a fim de atrair os olhares masculinos, porque desejar excitar a concupiscência de alguém nada mais é do que incentivá-lo a pecar [23]. Se por acaso a mulher se veste de modo provocativo não com a intenção expressa de seduzir, mas movida antes por certa leviandade, vaidade ou falta de boa formação, peca apenas venialmente, pois não há neste comportamento nenhuma grave desordem, mas apenas certa jactância, vanglória ou desejo de aparecer. É ainda possível que estejam totalmente isentas de pecado as mulheres que, não agindo por vaidade, mas por um costume pouco recomendável, se vistam de forma contrária à decência e ao pudor [24]. Todos estes princípios, aliás, devem ser observados também pelos homens.
Padre Paulo Ricardo 

Referências

Cf. Paulo VI,Discurso às participantes do Encontro Nacional do Centro Feminino Italiano (CIF), 6 dez. 1976; v. João Paulo II, Carta apost. Mulieris Dignitatem, de 15 ago. 1988, n. 1 (AAS 80 [1988] 1654).
Cf. Tomás de Aquino, Sum. Th. I, q. 92, a. 3.
Cf. A. Knoll, Institutiones Theologiae Theoreticae, Augustae Taurinorum, 1865, vol. 1, p.  318, § 171.
Cf. Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 144, a. 1, resp. e a. 2, resp.
Cf. Agostinho, De Gen. ad lit, XI, c. 1, 3 (PL 34, 430).
Cf. Pedro Canísio, Summa Doctrinae Christianae, Landishuti, ex officina J. Thomann, 1862, p. 237, § 1.
Cf. D. Prümmer, Manuale Theologiae Moralis. 5.ª ed., Herder: Barcinone, Friburgi Brisgorviae, Romae, 1961, vol. 2, p. 496, n. 643.
Cf. Id., p. 497, n. 644.
Antonio R. Marin, Teología de la Perfección Cristiana. 4.ª ed., Madrid: BAC, 1962, p. 560, n. 343, 2.
Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 141, a. 4, resp.
Cf. D. Prümmer, op. cit., p. 498, n. 644.
Cf. Antonio R. Marin, op. cit., p. 108, n. 60.
Cf. C.-R. Billuart, Cursus Theologiae Universalis, Wirceburgi, 1752, vol. 2, diss. 7, a. 4, p. 873,
Cf. Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 144, a. 4, ad 4.
Antonio R. Marin, op. cit., p. 561, n. 345.
Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 145, a. 4.
Antonio R. Marin, op. cit., loc. cit., n. 346.
Cf. Id., p. 567 n. 354.
Cf. Id., p. 578, n. 364; D. Prümmer, op. cit., p. 550, n. 717; C.-R. Billuart, op. cit., p. 876.
Agostinho, Conf. III, c. 8 (PL 32, 690).
Antonio R. Marin, op. cit., p. 579, n. 364; C.-R. Billuart, op. cit., p. 877; A. Tanquerey, Synopsis Theologiae Moralis et Pastoralis. 7.ª ed., Tornaci: Desclée & socii, 1922, vol. 2, p. 635, n. 1092.
Francisco de Sales, Filotéia, III, c. 25. Trad. port. de Fr. João J. P. de Castro. 8.ª ed., São Paulo: Vozes, 1958, p. 236.
Cf. A. Tanquerey, op. cit., loc. cit.; C.-R. Billuart, op. cit., loc. cit.
Cf. Tomás de Aquino, Sum. Th. II-II, q. 169, a. 2, resp.

Caminho da perfeição

“Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?”(Mt 19,16)

É importante que possamos abrir a Palavra em Mt 19,16-22, e lermos, contemplarmos a cena do encontro de Jesus com aquele jovem.

Interessante como o jovem se aproxima de Jesus perguntando: o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?  Lógico que, ele veio à Jesus porque havia em seu coração o desejo da vida eterna, mas trazia uma mentalidade, que nós também as vezes trazemos, que parte de nós realizarmos atos bons, para desta, sermos “recompensados” com o direito,  um lugar no céu. Como se nossa salvação dependesse de nossas forças e não da Graça de Deus.

Primeiramente necessitamos ter em mente que, como a Palavra nos diz, Bom só Deus. Um ato, um pensamento bom que tenhamos, já é Deus agindo em nós.

Segundo é que, o caminho que Deus escolheu para nós é outro, não o de méritos e recompensas, mas do Amor. É o Caminho que se inicia na obediência a Sua Vontade, aos seus Mandamentos, não por ser uma lei a ser cumprida, para não sermos castigados ou conseguirmos algo, mas porque experimentamos o Amor gratuito de Deus por nós, e em resposta, por gratidão, nosso coração  inflamado deste amor, só terá  o desejo de fazer a vontade de Deus, e que outros também a experimentem.

“Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me.”(Mt 19,21)

É interessante que, a medida que vamos nos aprofundando na intimidade com Deus, seguir os seus mandamentos, não será pesado, muito menos cansativo, mas o Espírito Santo vai escrevendo em nosso coração a vontade de Deus, e dentro de nós vai crescendo o desejo de, dia a após dia, alegrarmos o coração de Deus, além de ir aparecendo  uma rejeição a tudo que fere o Seu Coração.

Começamos, então, a trilharmos o Caminho da Perfeição, que todos os Santos trilharam, que não é um caminho para os perfeitos, mas para os pobres, que é caminhar segundo a vontade de Deus.

A medida que caminhamos, chegará um momento que, iremos abrir mão de todas as riquezas que possuímos, que nos impedem de caminharmos, sejam interiores ou exteriores. Sim, interiores, as riquezas mais escondidas, que ninguém as conhece, só você e Deus.

Quando leio a Palavra do jovem rico, sempre me vem ao coração que , as riquezas que ele possui poderiam ser interiores e/ou exteriores. Porque, as vezes, podemos cair no engano de pensarmos que se trata apenas das riquezas exteriores, mas quantas riquezas e apegos interiores trazemos que nos impedem de fazer a vontade de Deus! Aquele jovem, exteriormente, para o povo, cumpria todos os preceitos da lei, mas as riquezas interiores, ninguém podia ver, só ele as conhecia.

Quantos “achismo” trazemos das nossas formações humanas, culturais, familiares, e pensamentos pessoais, que não queremos nos desapegarmos para trilharmos o Caminho que Deus escolheu para nós! Fazemos tudo muito correto, exteriormente, mas o que nos é mais caro para nos desapegarmos, ficamos guardando, escondendo. Pode até acontecer de encontrarmos Jesus, como o jovem, mas não temos a coragem de abrir mão de tudo, pelo Tudo, que é Deus.

“Em verdade vos digo que o rico dificilmente entrará no Reino dos Céus”(Mt 19,23).

A maior riqueza que o homem deverá, cultivar e guardar, é a pobreza. Porque o pobre é aquele que depende em tudo de Deus, e nada deseja possuir se não for para a Glória de Deus. Tem consciência que é um administrador dos Dons, das coisas de Deus.

O pobre caminha na humildade e obediência, acreditando e acolhendo a vontade de Deus, como Nossa Senhora.

O pobre acredita que, em Deus, esta toda a sua riqueza. Os bens materiais ou espirituais, não lhe trás nenhuma vaidade, aproveita-os para expandir o Reino de Deus, com o desejo que todos descubram o que ele descobriu: o único Tesouro que deixará o homem verdadeiramente rico, saciado e feliz,  esta no Coração de Jesus, o Amor. É neste Amor que nos é resgatado a Dignidade de Filhos de Deus. Eis o grande Tesouro, que só experimentam os filhos de Deus.

Peçamos ao Senhor, pela intercessão de Maria, Mãe da Divina Misericórdia, que nos dê a graça de trilharmos o Caminho da Perfeição, onde a nossa única riqueza seja Jesus.

Natal, 19 de agosto de 2019

Janet Melo de Saboia Alves

Co-Fundadora da Comunidade Católica Reviver pela Misericórdia

Como os grupos LGBTQ estão destruindo as normas e mudando a educação

Hora da Drag Queen: nos principais centros urbanos dos Estados Unidos, drag queens leem contos para crianças em idade pré-escolar.

Foto: DivulgaçãoDennis PragerDaily Signal[15/08/2019] [13:52]

Praticamente todas as semanas surge algum problema que deixa os Estados Unidos preocupados.
Mas com nossa atenção voltada para o presidente Donald Trump, Google, Charlottesville, Rússia, impeachment, Jeffrey Epstein, as próximas eleições, racismo, guerra comercial com a China, o movimento #MeToo ou qualquer outra coisa, as organizações LGBTQ trabalham em silêncio para desmantelar as normas éticas, zombando da educação, arruinando a vida de pessoas inocentes e destruindo a ingenuidade infantil.
Se você acha que estou exagerando, eis aqui alguns exemplos:
A destruição dos esportes femininos
No último mês, uma levantadora de peso transgênero ganhou várias medalhas de ouro nos Jogos do Pacífico 2019, em Samoa. Laurel Hubbard, da Nova Zelândia, ganhou duas medalhas de ouro e uma de prata em três categorias de levantamento de peso para mulheres com mais de 87 quilos. Hubbard é fisicamente um homem.
Ano passado, dois homens biológicos de duas escolas de ensino médio diferentes de Connecticut competiram na divisão feminina da competição estadual de atletismo. Eles chegaram em primeiro e segundo lugares nos 100 e 200 metros rasos.
Como o Ocidente se acovarda diante das exigências dos grupos LGBTQ, ainda que isso seja injusto para as atletas mulheres, os homens que se consideram mulheres têm permissão para competirem contra elas.
E eles quase sempre ganham.
A destruição do gênero – ainda no nascimento
Como relatado pela Associated Press: “Pais também podem escolher o gênero ‘X’ para os recém-nascidos. Nova York está se juntando à Califórnia, Óregon e Washington, permitindo que o gênero não seja designado nas certidões de nascimento. Uma medida semelhante entra em vigor em Nova Jersey em fevereiro”.
Que porcentagem de norte-americanos acredita que as crianças têm sorte se nascem em famílias cujos pais não as identificam como homens ou mulheres quando do nascimento? Por outro lado, quantos de nós achamos que esses pais estão praticando uma forma de abuso infantil?
A destruição da inocência infantil e da autoridade parental
A Associated Press recentemente também informou que “a Califórnia reformulou seu manual de educação sexual, voltado para os professores das escolas públicas, encorajando-os a falarem de identidade de gênero para os alunos do jardim de infância”.
Tatyana Dzyubak, uma professora do ensino fundamental na região de Sacramento, reclamou: “Eu não deveria estar ensinando essas coisas. Isso cabe aos pais”.
Mas os pais e a autoridade parental sempre foram um empecilho para o totalitarismo. Portanto, a destruição da autoridade parental é um dos principais objetivos da esquerda, da qual as organizações LGBTQ são um dos principais componentes.
Hoje as bibliotecas dos principais centros urbanos promovem a Hora da Drag Queen – na qual drag queens leem histórias para crianças em idade pré-escolar. (Leia, por exemplo, o laudatório artigo “A Hora da Drag Queen Traz o Arco-íris para a Leitura”, publicado no New York Times em 19 de maio de 2017).
Há algumas semanas, o famoso apresentador e ator Mario Lopez disse à analista conservadora Candace Owens:
Se você tem três anos de idade e está dizendo que se sente de uma certa forma ou que acha que é menino ou menina, seja qual for o caso, acho perigoso que um pai tome uma decisão a respeito disso: “OK, então você seja menino ou menina” (…) Acho que os pais precisam deixar que os filhos sejam crianças, mas ao mesmo tempo você precisa ser o adulto na situação.
Por expressar com sensibilidade e respeito o que qualquer pai de uma criança de três anos de deveria dizer, ele foi condenado pela GLAAD (Aliança de Gays e Lésbicas contra a Difamação) e a PFLAG (Pais e Amigos de Lésbiscas e Gays), duas das maiores organizações LGBTQ. Sabendo que sua fonte de renda estava em jogo, ele imediatamente recuou do que disse.
Ao estilo da Revolução Cultural Chinesa, ele recuou de tudo o que disse e ainda afirmou que tinha muito o que aprender sobre pais permitirem que crianças de três anos escolham o próprio gênero.
A destruição das normas educacionais
Semana passada, a CNN transmitiu uma reportagem que dizia:
O governador de Illinois, J.B. Pritzker, sancionou uma lei que a contribuição dos LGBTQ será ensinada nas escolas públicas. (…) [A lei diz que] ‘Nas escolas públicas, o ensino de história deve incluir o estudo do trabalho e da contribuição dada por lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros para a história deste país e estado’.
A Equality Illinois, maior organização de defesa LGBTQ do estado, deu apoio à lei e disse que o currículo pode “ter um efeito positivo sobre a autoimagem dos alunos, tornando-os mais tolerantes’.
Uma vez que o objetivo do ensino de história passe a ser ensinar o que aconteceu para que isso tenha “um efeito positivo sobre a autoimagem dos alunos”, a história deixa de ter a ver com o passado; ela se torna propaganda. Mas reescrever a história não é problema para a esquerda.
Como dizia a velha piada de um dissidente soviético: “Na União Soviética, o futuro é conhecido; o passado é que está sempre mudando”.
Noto quase todos os dias que a verdade é um valor moral progressista e conservador, mas ela jamais foi um valor importante para a esquerda. Este é apenas mais um exemplo.
A destruição da realidade
David Zirin, editor de esportes do Nation: “Outro argumento para impedir que atletas trans participem de competições com atletas cis sugere que a presença deles faz mal a meninas e mulheres cis. Mas essa linha de raciocínio não reconhece o fato de que mulheres trans são mulheres” (grifos meus).
Deputada Ilhan Omar, numa carta para a Federação Norte-americana de Levantamento de Peso: “O mito de que mulheres trans têm ‘uma vantagem competitiva direta’ não tem base científica”.
Sunu Chandy, do Centro Nacional de Direito Feminino: “Não há nenhuma pesquisa que fundamente a ideia de que permitir atletas trans de jogarem em equipes adequadas ao seu gênero criará um desequilíbrio competitivo”.
Como essas pessoas podem dizer tanta mentira? Elas dizem isso porque mentir não é um problema quando a verdade não é um valor moral.
As organizações LGBTQ se preocupam com lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros tanto quanto os comunistas se importavam com os operários. Elas os usam para encobrir sua pauta real: a destruição da civilização com a conhecemos.”

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