Primeira pregação de Advento 2016 “CREIO NO ESPÍRITO SANTO”

Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap

Primeira pregação de Advento 2016“CREIO NO ESPÍRITO SANTO”

1. A novidade do pós-concílio

Com a celebração do 50º aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, terminou a primeira fase do “pós-concílio” e abriu-se uma outra. Se a primeira fase foi caracterizada por problemas relacionados à “recepção” do Concílio, esta nova será caracterizada, creio eu, pelo completar e integrar o Concílio; em outras palavras, pela releitura do Concílio à luz dos frutos produzidos por este, destacando também o que nele está ausente, ou presente apenas de forma embrionária.

A maior novidade do pós-concílio, na teologia e na vida da Igreja, tem um nome específico: o Espírito Santo. O Concílio não havia ignorado a sua ação na Igreja, mas havia falado quase sempre “en passant”, mencionando-o muitas vezes, mas sem destacar o seu papel central, nem sequer na constituição sobre a Liturgia. Em uma conversa, no tempo em que estávamos juntos na Comissão Teológica Internacional, recordo que o Pe. Yves Congar usou uma imagem forte a este respeito; falou de um Espírito Santo, espalhado aqui e ali nos textos, como se faz com o açúcar nos doces, mas que não se torna parte da composição da massa.

Mas o degelo havia começado. Podemos dizer que a intuição de São João XXIII do Concílio como sendo “um novo Pentecostes para a Igreja” encontrou a sua implementação somente mais tarde, terminado o concílio, como tem acontecido muitas vezes nas histórias dos concílios.

No próximo ano nós comemoramos o 50º aniversário do início, na Igreja Católica, da Renovação Carismática. É um dos muitos sinais – o mais evidente pela vastidão do fenômeno – do despertar do Espírito e dos carismas na Igreja. O Concílio havia preparado o caminho para a sua recepção, falando, na Lumen Gentium, da dimensão carismática da Igreja, juntamente com aquela institucional e hierárquica, e insistindo na importância dos carismas[1]. Na homilia da Missa Crismal da Quinta-feira Santa de 2012, Bento XVI disse:

“Quem olha para a história da época pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que muitas vezes assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpáveis a vivacidade inesgotável da Santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo”.

Ao mesmo tempo, a experiência renovada do Espírito Santo tem estimulado a reflexão teológica[2]. Depois do concílio se multiplicaram os tratados sobre o Espírito Santo: dentre os católicos, está o do próprio Congar[3], de K. Rahner[4], de H. Mühlen[5] e de von Balthasar[6], dentre os luteranos o de J. Moltmann[7] e M. Welker[8], e de muitos outros. Da parte do Magistério houve a encíclica de São João Paulo II “Dominum et vivificantem”. Por ocasião do XVI centenário do concílio de Constantinopla, do 381, o próprio Sumo Pontífice, em 1982, promoveu um congresso internacional de Pneumatologia no Vaticano, cujas atas foram publicadas pela Livraria Editora Vaticana, em dois grandes volumes intitulados “Credo in Spiritum Sanctum[9]”.

Nos últimos anos estamos observando passos decididos nessa direção. No fim de sua carreira, Karl Barth fez uma declaração provocativa que foi, em parte, também uma autocrítica. Disse que no futuro iria desenvolver uma teologia diferente, a “teologia do terceiro artigo”. Por “terceiro artigo” entendia, naturalmente, o artigo do credo sobre o Espírito Santo. A sugestão não caiu no vazio. Desde que foi lançada a proposta surgiu a atual corrente denominada, precisamente, “Teologia do terceiro artigo”.

Não acredito que tal corrente queira tomar o lugar da teologia tradicional (seria um erro se pretendesse), mas sim estar do lado e reaviva-la. Ela se propõe a fazer do Espírito Santo não somente o objeto do tratado que lhe diz respeito, a Pneumatologia, mas por assim dizer a atmosfera na qual se desenvolve toda a vida da Igreja e toda pesquisa teológica, “a luz dos dogmas”, como um antigo Padre da Igreja definia o Espírito Santo.

O tratado mais completo desta recente corrente teológica é o volume de ensaios surgido em Inglês no último mês de setembro, com o título “Teologia do terceiro artigo. Para uma dogmática pneumatológica[10]”.  Nesse, partindo da doutrina trinitária da grande tradição, teólogos de várias Igrejas cristãs oferecem a sua contribuição, como premissa de uma teologia sistemática mais aberta ao Espírito e mais adequada às exigências atuais. Inclusive foi-me pedido, como católico, uma contribuição com um ensaio sobre “Cristologia e pneumatologia nos primeiros séculos da Igreja”.

2. O credo lido de baixo

As razões que justificam esta nova orientação teológica não são apenas de ordem dogmáticas, mas também históricas. Em outras palavras, compreende-se melhor o que é e o que se propõe a teologia do terceiro artigo, se se leva em conta como se formou o atual símbolo Niceno-Constantinopolitano. A partir desta história pode-se ver com maior clareza a utilidade de ler uma vez tal símbolo “de trás para frente”, ou seja, começando do final, em vez do início.

Vou tentar explicar o que quero dizer. O símbolo Niceno-Constantinopolitano reflete a fé cristã na sua fase final, depois de todos os esclarecimentos e as definições conciliares, concluídas no V século. Reflete a ordem alcançada ao final do processo de formulação do dogma, mas não reflete o próprio processo. Não corresponde, em outras palavras, ao processo pelo qual, de fato, a fé da Igreja historicamente foi formada, e nem sequer corresponde ao processo pelo qual se chega à fé hoje, compreendida como fé viva em um Deus vivo.

No credo atual, parte-se de Deus Pai e criador, dele passa-se ao Filho e à sua obra redentora, e, por fim, ao Espírito Santo atuante na Igreja. Na verdade, a fé seguiu o caminho oposto. Foi a experiência Pentecostal do Espírito que levou a Igreja a descobrir quem era realmente Jesus e qual havia sido o seu ensinamento. Com Paulo e especialmente com João, se chega a subir de novo de Jesus ao Pai. É o Paráclito que, como prometido por Jesus (João 16, 13), conduz os discípulos à “verdade plena” sobre ele e o Pai.

São Basílio de Cesareia resumiu nestes termos o desdobramento da revelação e da história da salvação:

“O caminho do conhecimento de Deus procede do único Espírito, através do único Filho, até o único Pai; inversamente, a bondade natural, a santificação secondo natura, a dignidade real, se difundem pelo Pai, por meio do Unigênito, até o Espírito[11]”.

Em outras palavras, na ordem da criação e do ser, tudo parte do Pai, passa pelo Filho e chega a nós no Espírito; na ordem da redenção e do conhecimento, tudo começa com o Espírito Santo, passa pelo Filho Jesus Cristo e retorna ao Pai. Podemos dizer que São Basílio é o verdadeiro iniciador da teologia do terceiro artigo! Na tradição ocidental tudo isso é expresso de forma sucinta na última estrofe do hino Veni Creator. Dirigindo-se ao Espírito Santo, a Igreja reza dizendo:

Per te sciamus da Patrem,

noscamus atque Filium,

te utriusque Spiritum

credamus omni tempore.

Faça que por meio de ti conheçamos o Pai,

que conheçamos ao mesmo tempo o Filho

e em ti que es o Espírito de ambos

creiamos firmemente hoje e sempre.

Isso de forma alguma significa que o Credo da Igreja não seja perfeito ou que deva ser reformado. Ele só pode ser assim do jeito que é. É a maneira de lê-lo que, por vezes, é útil mudar, para refazer o caminho com o qual se formou. Entre as duas formas de utilizar o credo – como um produto realizado, ou no seu próprio fazer-se –, existe a mesma diferença de fazer pessoalmente, no início da manhã, a escalada do Monte Sinai partindo do mosteiro de Santa Catarina, ou ler a narração de alguém que fez a escalada antes de nós.

3. Um comentário ao “terceiro artigo”

Com isto em mente, nas três meditações de Advento, gostaria de propor reflexões sobre alguns aspectos da ação do Espírito Santo, partindo precisamente do terceiro artigo do credo que lhe diz respeito. Este compreende três grandes afirmações. Vamos começar com a primeira:

a. “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”.

O credo não diz que o Espírito Santo é “o” Senhor (acima, no credo, se proclama, “e creio em um só Senhor Jesus Cristo”!). Senhor (no texto original, to kyrion, neutro!) indica aqui a natureza, não a pessoa; diz o que é, não quem é o Espírito Santo. “Senhor” significa que o Espírito Santo compartilha o Senhorio de Deus, que está do lado do Criador, e não das criaturas; em outras palavras, que é de natureza divina.

A Igreja chegou a esta certeza baseando-se não somente na Escritura, mas também na própria experiência de salvação. O Espírito, já escrevia Santo Atanásio, não pode ser uma criatura, porque quando somos tocados por ele (nos sacramentos, na Palavra, na oração) fazemos a experiência de entrar em contato com Deus em pessoa, e não com o seu intermediário. Se nos diviniza, isso significa que ele próprio é Deus[12].

Não se poderia, no símbolo de fé, dizer a mesma coisa de forma mais explícita, definindo o Espírito Santo puramente e simplesmente “Deus e consubstancial ao Pai”, como havia sido feito para o Filho? Certamente, e foi precisamente essa a crítica movida rapidamente por alguns bispos, dentre os quais São Gregório de Nazianzo, à definição. Por razões de conveniência e de paz, eles preferiram dizer a mesma coisa com expressões equivalentes, atribuindo ao Espírito, além do título de Senhor, também a isotimia, ou seja, a igualdade com o Pai e o Filho na adoração e na glorificação da Igreja.

A expressão segundo a qual o Espírito Santo “dá a vida” é tomada de várias passagens do Novo Testamento: “É o Espírito que dá a vida” (Jo 6, 63); “A lei do Espírito dá a vida em Cristo Jesus” (Rm 8, 2); “O último Adão tornou-se espírito que dá a vida” (1 Cor 15, 45); “A letra mata, o Espírito dá a vida” (2 Cor 3, 6).

Temos três perguntas. Em primeiro lugar, que vida dá o Espírito Santo? Resposta: dá a vida divina, a vida de Cristo. Uma vida super-naturale, não uma super-vida natural; cria o homem novo, não o super-homem de Nietzsche “inchado de vida”. Em segundo lugar, onde nos dá uma vida assim? Resposta: no batismo, que é apresentado, de fato, como um “renascer do Espírito” (Jo 3, 5), nos sacramentos, na palavra de Deus, na oração, na fé, no sofrimento aceite em união com Cristo. Em terceiro lugar, como o Espírito nos dá a vida? Resposta: fazendo morrer as obras da carne! “Se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis”, diz São Paulo em Romanos 8, 13.

b. “… e procede do Pai (e do Filho) e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado”

Passemos agora à segunda grande afirmação do credo sobre o Espírito Santo. Até agora, o símbolo de fé nos falou da natureza do Espírito, não ainda da pessoa; nos disse o que é, não quem é o Espírito; falou-nos sobre o que é comum ao Espírito Santo, ao Pai e ao Filho – o fato de ser Deus e de dar a vida. Com a presente afirmação se passa ao que distingue o Espírito Santo do Pai e do Filho. O que o distingue do Pai é que procede dele (um é aquele que procede, outro de quem procede!); o que o diferencia do Filho é que procede do Pai e não por geração, mas por inspiração; para expressar-nos em termos simbólicos, não como o conceito (logos) que procede da mente, mas como o sopro que procede da boca.

É o elemento central do artigo do credo, aquele com o qual se pretendia definir o lugar que ocupa o Paráclito na Trindade. Esta parte do símbolo é conhecida especialmente pelo problema do Filioque, que foi por um milênio o objeto principal de desacordo entre o Oriente e o Ocidente. Não vou me debruçar sobre este problema já muito discutido, até porque eu mesmo já falei aqui, tratando sobre o acordo de fé entre Oriente e Ocidente na Quaresma do ano passado.

Vou apenas destacar o que podemos reter desta parte do símbolo e que enriquece a nossa fé comum, além das disputas teológicas. Isso nos diz que o Espírito Santo não é um parente pobre na Trindade. Não é um simples “modo de agir” de Deus, uma energia ou um fluido que permeia o universo como pensavam os estóicos; é uma “relação subsistente”, portanto, uma pessoa.

Não tanto a “terceira pessoa do singular”, mas sim “a primeira pessoa do plural”. O “Nós” do Pai e do Filho[13]. Quando, para expressar-nos de modo humano, o Pai e o Filho falam do Espírito Santo, não dizem “eles”, mas dizem “nós”, porque ele é a unidade do Pai e do Filho. Aqui se vê a fecundidade extraordinária da intuição de Santo Agostinho para o qual o Pai é aquele que ama, o Filho o amado e o Espírito o amor que os une, o dom mútuo. Sobre isso está baseada a crença da Igreja ocidental, segundo a qual o Espírito Santo procede “do Pai e do Filho”.

O Espírito Santo, apesar de tudo, será sempre o Deus escondido, mesmo se conhecemos os efeitos. Ele é como o vento: ninguém sabe de onde vem e para onde vai, mas vemos os efeitos da sua passagem. É como a luz que ilumina tudo o que está à frente, ficando ela própria escondida.

Por isso é a pessoa menos conhecido e amada das Três, apesar de ser o Amor em pessoa. Nos é mais fácil pensar no Pai e no Filho como “pessoas”, mas é mais difícil para nós o Espírito. Não existem categorias humanas que podem ajudar-nos a compreender este mistério. Para falar de Deus Pai nos ajudamos da filosofia que trata da causa primeira (o Deus dos filósofos); para falar do Filho temos a analogia da relação humana pai-filho e temos também a história, já que o Verbo se fez carne. Para falar do Espírito Santo só temos a revelação e a experiência. A própria Escritura fala dele servindo-se quase sempre de símbolos naturais: a luz, o fogo, o vento, a água, o perfume, a pomba.

Compreenderemos totalmente quem é o Espírito Santo só no paraíso. Na verdade, o viveremos em uma vida que não terá fim, em um aprofundamento que nos dará alegria imensa. Será como um incêndio muito doce que inundará a nossa alma e a encherá de bem-aventuranças, como quando o amor invade o coração de uma pessoa e esta se sente feliz.

c. “… e falou pelos profetas”

Estamos na terceira e última grande afirmação sobre o Espírito Santo. Depois de professar a nossa fé na ação vivificante e santificadora do Espírito na primeira parte do artigo (o Espírito que é o Senhor e dá a vida), agora se menciona também a sua ação carismática. Dessa se nomeia um carisma por todos, aquele que Paulo disse ser o primeiro por importância, ou seja, a profecia (cf. 1 Cor 14).

Até do carisma profético se menciona somente um momento: o Espírito que “falou por meio dos profetas”, ou seja, no Antigo Testamento. A afirmação é baseada em vários textos da Escritura, mas, em particular, em 2 Pedro 1, 21: “Movidos pelo Espírito Santo, falaram alguns homens da parte de Deus.”

4. Um artigo a ser completado

A Carta aos Hebreus diz que “depois de falar um tempo por meio dos profetas, nos últimos tempos, Deus falou a nós no Filho” (cf. Hb 1,1-2). O Espírito não parou, então, de falar por meio dos profetas; o fez com Jesus e o faz ainda hoje na Igreja. Esta e outras lacunas do símbolo foram preenchidas gradualmente na prática da Igreja, sem necessidade, para isso, de mudar o texto do credo (como aconteceu, infelizmente, no mundo latino, com a adição do Filioque). Vemos um exemplo na epiclese da liturgia ortodoxa rezada por São Tiago, que diz assim:

“Envia… o teu santíssimo Espírito, Senhor e vivificador, que senta contigo, Deus e Pai, e com o teu Filho unigênito; que reina consubstancial e co-eterno. Ele falou na Lei, nos Profetas e no Novo Testamento; desceu em forma de pomba em nosso Senhor Jesus Cristo no rio Jordão, repousando sobre ele, e desceu sobre os santos apóstolos… no dia do Santo Pentecostes[14]”.

Ficaria decepcionado quem quisesse encontrar no artigo sobre o Espírito Santo tudo, ou talvez só o melhor, da revelação bíblica sobre ele. Isso mostra a natureza e o limite de cada definição dogmática. O seu objetivo não é dizer tudo sobre um dado de fé, mas traçar um perímetro dentro do qual deve-se colocar cada afirmação sobre tal dado e que nenhuma afirmação pode contradizê-lo. A isso deve-se acrescentar, no nosso caso, o fato de que o artigo foi elaborado em um momento no qual a reflexão sobre o Paráclito estava apenas no começo e razões históricas contingentes ( o desejo de paz do imperador) impunham, como mencionei acima, um acordo entre as partes.

Contudo, nós não fomos abandonados somente com as palavras do credo sobre o Paráclito. A teologia, a liturgia e a piedade cristã, tanto no Oriente como no Ocidente, cobriram de “carne e sangue” as parcas afirmações do símbolo de fé.

Na sequência de Pentecostes, a relação íntima e pessoal com o Espírito Santo com cada palavra (uma dimensão completamente ausente no símbolo), é expressa por títulos como Pai dos pobres, luz dos corações, doce hóspede da alma e dulcíssimo alívio. A mesma sequência dirige ao Espírito Santo uma série de orações que são especialmente belas e respondem às nossas necessidades. Concluimos, proclamando-as juntos, talvez tentando encontrar entre elas aquela que sentimos mais necessária para nós:

Lava quod est sórdidum,
riga quod est áridum,
sana quod est sáucium.

Flecte quod est rígidum,
fove quod est frígidum,
rege quod est dévium.

Lava o que está impuro,

molha o que está seco,

cura o que sangra.

Dobra o que está rígido,

aquece o que está frio,

endireita o que está torto.

[© Tradução ao português, do original italiano, feita por Thácio Siqueira]

[1] Lumen gentium 12.

[2] Cf. La riscoperta dello Spirito. Esperienza e teologia dello Spirito Santo, a cura di Claus Hartmann e Heribert Muhlen, Milano 1975 (ed. originale, Erfahrung und Theolgie des Heiligen Geistes, München 1974).

[3] Y. Congar, Credo nello Spirito Santo, 2,  Brescia 1982, pp. 157-224

[4] K. Rahner, Erfahrung des Geistes. Meditation auf Pfingsten, Herder, Friburgo  i. Br. 1977.

[5] H. Mühlen , Der Heilige Geist als Person. Ich – Du – Wir, Münster in W., 1963

[6] U. von Balthasar, Spiritus Creator, Brescia 1972, p. 109.

[7] J. Moltmann, Lo Spirito della vita, , Brescia 1994, pp. 102-108

[8] M. Welker, Lo Spirito di Dio. Teologia dello Spirito Santo, Brescia 1995, p.62.

[9] Editi da Libreria Editrice Vaticana nel 1983.

[10] Third Article Theology: A Pneumatological Dogmatics, a cura di Myk Habets, Fortress Press, Settembre 2016.

[11] Basilio di Cesarea, De  Spiritu Sancto XVIII, 47 (PG 32 , 153).

[12] S. Atanasio, Lettere a Serapione, I, 24 (PG 26, 585).

[13] Cf H. Mühlen, Der Heilige Geist als Person. Ich – Du – Wir, Aschendorff, Münster in W. 1963. Il primo a definire lo Spirito Santo il «divino Noi» è stato S. Kierkegaard, Diario II A 731 (23 aprile 1838).

[14] In A. Hänggi – I. Pahl, Prex Eucharistica, Fribourg, Suisse, 1968, p. 250.

Fonte:Rádio Vaticano

A Grande Conspiração do Aborto

O aborto e as fundações internacionais: A grande Conspiração do Aborto

Prepare-se para o que você vai ficar sabendo agora, tenho convicção que depois de ler este artigo você nunca mais vai ver a questão do aborto da mesma forma.

De forma bem resumida e acompanhando uma linha histórica você vai saber tudo sobre os reais motivos da implantação do aborto no mundo.

Vinculado ao conhecimento sobre a real intenção abortista, proponho às pessoas de boa vontade, uma organizada, entusiasmada e sistemática defesa da vida humana.

Considerando a trama orquestrada abortista,  cito aqui um trecho do documento Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI : “A Igreja se sentiria culpada diante do seu senhor se ela não lançasse mão desses meios potentes que a inteligência humana torna a cada dia mais aperfeiçoados. É servindo-se deles que ela ‘proclama sobre os telhados’ a mensagem de que é depositária”

O que faz toda a trama promotora do aborto ser ainda mais nociva é a quase total ignorância por parte da sociedade a respeita dela.

Introdução

Durante esta apresentação, inevitavelmente, passaremos por algumas questões morais, éticas e políticas, mas vamos nos deter na questão ideológica que culmina, obviamente, em ações concretas, deixando para outra ocasião as questões biológicas, teológicas, filosófica e psicológica que envolve o tema.

Gostaria de começar citando uma notícia recente: “DUPLA DE ESPECIALISTAS DEFENDE O DIREITO DE ASSASSINAR TAMBÉM OS RECÉM-NASCIDOS.”

Por Reinaldo Azevedo – colunista da revista VEJA

“Os neonazistas da “bioética” já não se contentam em defender o aborto; agora também querem a legalização do infanticídio! …! E ainda atacam os seus críticos, acusando-os de “fanáticos”.

“Os acadêmicos Alberto Giublini e Francesca Minerva publicaram um artigo no, ATENÇÃO!, “Journal of Medical Ethics” intitulado “After-birth abortion: why should the baby live?“ – literalmente: “Aborto pós-nascimento: por que o bebê deveria viver?”

Ao longo da reportagem foram relatados os argumentos daqueles que defendem o infanticídio.

Justificando o assassinato em vez de entregar a adoção, disseram:

“Precisamos considerar os interesses da mãe, que pode sofrer angústia psicológica ao ter de dar seu filho para a adoção.”

“A mãe que sofre pela morte da criança deve aceitar a irreversibilidade da perda, mas a mãe natural [que entrega filho para adoção] sonha que seu filho vai voltar. Isso torna difícil aceitar a realidade da perda porque não se sabe se ela é definitiva“.

Resumindo, já estamos presenciando a defesa do infanticídio em revistas científicas e a tendência é relaxar ainda mais os parâmetros morais. Estamos à beira de uma catástrofe moral.

De onde surgiu o atual movimento abortista?

O movimento pró-aborto atual, com intuitos políticos, tem início em 1920 com Lênin na União Soviética marxista ateia.

O primeiro país do mundo a legalizar o aborto foi a União Soviética em 1920. Segundo as leis daquele país, os abortos seriam gratuitos e sem restrições para qualquer mulher que estivesse em seu primeiro trimestre de gravidez. Os hospitais soviéticos tinham os chamados “abortórios“, unidades especiais criadas para realizar abortos em ritmo de produção em massa. Segundo relatos de médicos estrangeiros que visitaram a União Soviética em 1930 para estudar a implantação do aborto, um laboratório com quatro médicos era capaz de realizar 57 abortos em 2 horas e meia. Desde 1913, Lênin já defendia a legalização do aborto.

Depois foi implantado por Adolf Hitler em 1935.

O segundo país a legalizar o aborto foi a Alemanha Nazista em 1935, mediante uma reforma da “Lei Para Prevenção de Doenças Hereditárias Para a Posteridade“, que permitia a interrupção da gravidez de mulheres consideradas de “má-heredietariedade” (ou seja, “não-arianas” ou portadoras de deficiência física ou mental). Posteriormente esse programa pró-aborto nazista foi ampliado e acabou se transformando em um programa de “eutanásia de crianças” em larga escala, chegando a um ponto onde até mesmo crianças arianas sem defeitos físicos eram mortas apenas por razões sociais. A morte era assistida por médicos pediatras e psiquiatras. Com o tempo, a idade das crianças mortas ia ampliando e no final até mesmo crianças arianas eram mortas por razões banais como orelhas deformadas ou até mesmo por urinarem na cama ou ainda por serem consideradas difíceis de educar.

Em meados de Julho de 1942, Karl Brandt, médico pessoal de Hitler, e Martin Bormann, secretário pessoal de Hitler, viajaram pela Ucrânia com a finalidade de estudarem a sua demografia. Hitler assumiu as conclusões desse estudo:

“A fertilidade dos eslavos não é desejável. Podem usar contraceptivos ou praticar o aborto – quanto mais, melhor. Tendo em vista a grandeza das famílias só nos pode servir que as moças e as mulheres façam o maior número de abortos possíveis.” [1]

A política de controle populacional incluía um parágrafo que parafraseava Hitler: “Quando as moças e as mulheres dos territórios ocupados do Leste provocam o aborto, só podemos estar ao seu favor; para todos os efeitos não nos devemos opor a isso ” [2]

[1] A. Hitler, citado in 1. William Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, London, Pan Books, 1964, p. 1,118.
Documento fonte: Nuremberg # 1130-PS, ‘Nazi Conspiracy and Agression,’ Volume VIII, p. 53. 2. Hillel and Henry, Of Pure Blood, p. 148, citando ‘Tigesprache im Fuhrerhauptquartier’.
[2] Leon Poliakov, Harvest of Hate, Syracuse, New York, 1954, pp. 272-274. Também Kamenetsky, pp. 197-199.

Como e quando o aborto se torna projeto mundial?

Em 1952, o bilionário americano, John Rockefeller, na época, o 2º homem mais rico dos Estados Unidos, preocupado com o crescimento populacional no mundo, pois era uma ameaça à soberania americana, decide investir pesado em projetos de controle demográfico e cria, juntamente com 26 especialistas em demografia, o Conselho Populacional.

Este Conselho deixou clara a posição de que somente através da implantação do aborto seria possível controlar a explosão demográfica mundial.

Rockefeller conseguiu nas três primeiras décadas, estabelecer em diversos países nos cinco continentes, departamentos de demografia, fábricas de DIU’s e na África e Ásia programas de planejamento familiar.

Em 10 anos, Rockefeller gastou mais de 1 bilhão e 700 mil dólares para promover o controle demográfico.

Ao longo dos anos foram se ajuntando a ele várias instituições e empresas privadas, políticos e fundações gigantes como: Fundação FORD, Fundação MacArthur, OAK Fundation e Global Fund for Women.

As ONG’s e movimentos feministas recém criados tomaram o mundo sendo patrocinados por essas fundações.

O Relatório Kissinger

Definitivamente se mostrou como projeto mundial em 1974 com a apresentação do “Documento do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos”, também chamado de “Relatório Kissinger”, pois foi assinado pelo então secretário de Estado Henry Kissinger.

Esse documento foi classificado como confidencial e tem como título: “Implicações do crescimento da população mundial para a segurança e os interesses externos dos Estados Unidos” cód. NSSM 200

O Documento foi desqualificado pela Casa Branca em 1989 e isso fez com que se tornasse conhecido amplamente.

O relatório Kissinger foi rejeitado como projeto oficial do Governo americano, porém, enviado a todas as embaixadas dos Estados Unidos, como instrumento de trabalho e posto em prática.

Para tornar a situação ainda pior, as tais fundações e instituições privadas, compraram a ideia e hoje são as grandes financiadoras do projeto contido no Relatório Kissinger.

No Relatório Kissinger encontramos:

“A condição e a utilização das mulheres nas sociedades dos países subdesenvolvidos são particularmente importantes na redução do tamanho da família… As pesquisas mostram que a redução da fertilidade está relacionada com o trabalho fora do lar” (NSSM 200, Pag.151)

“Ter como prioridade educar e ensinar sistematicamente a próxima geração a desejar famílias menos numerosas” (idem pag.111)

“A grande necessidade é convencer a população que é para seu benefício individual e nacional ter em média, só 3 ou então dois filhos” (idem pag.158)

“…devemos mostrar nossa ênfase no direito de cada pessoa e casal determinar livremente e de maneira responsável o número e o espaçamento de seus filhos e no direito a terem informações, educação e os meios para realizar isso, e mostrar que nós estamos sempre interessados em melhorar o bem-estar de todos (idem pag.22, §34)

“Há também o perigo de que alguns líderes dos países menos desenvolvidos vejam as pressões dos países desenvolvidos na questão do planejamento familiar como forma de imperialismo econômico e racial; isso bem poderia gerar um sério protesto” (idem pag.106)

“Prestar serviços de planejamento familiar integrados aos serviços de saúde de maneira mais ampla ajudaria aos EUA a combater a acusação ideológica de que os EUA estão mais interessados em limitar o número de pessoas dos países menos desenvolvidos do que em seu futuro bem-estar” (idem pag.177)

“A assistência para o controle populacional deve ser empregada principalmente nos países em desenvolvimento de maior e rápido crescimento nos que os EUA têm mais interesses políticos e estratégicos especiais. Esses países são Índia, Bangladesh, Paquistão, Nigéria, México, Indonésia, Brasil, Filipinas, Tailândia, Egito, Turquia, Etiópia e Colômbia (idem, pag.14/15, §30)

Quanto diretamente ao aborto o documento diz:

“Certos fatos sobre o aborto precisam ser entendidos:

-Nenhum país já reduziu o crescimento de sua população sem recorrer ao aborto.

-As leis de aborto de muitos países não são estritamente cumpridas e alguns abortos por razões médicas são provavelmente tolerados na maioria dos lugares. É sabido que em alguns países com leis bastante restritivas, pode-se abertamente conseguir aborto de médicos, sem interferência das autoridades.

…sem dúvida nenhuma, o aborto legal ou ilegal, tem se tornado o mais amplo método de controle da fertilidade em uso hoje no mundo (idem.pag. 182/184)

Um breve resumo

Resumindo, eles estão interessados na hegemonia dos países do Norte (desenvolvidos) sobre os países do Sul (subdesenvolvidos). O desenvolvimento dos países mais pobres é uma ameaça para eles.

Explico: Para que os países do Norte continuem sendo potências mundiais, precisam que os países mais pobres não se desenvolvam e continuem dependentes e submissos a eles, fornecendo suas riquezas em vez de consumi-las. Obviamente este é o motivo dos países do Sul não poderem crescer também em números de habitantes, razão pela qual se aplica o Controle Populacional ou Controle Demográfico.

Referente a eles próprios, também querem um povo saudável, inteligente, notável, sem defeitos mentais ou físicos… Enfim, o mais próximo do perfeito, para que comandem o mundo e tenham a mais alta qualidade de vida. Um mundo de poucos e com alta qualidade de vida.

Por isso o interesse em implantar o aborto eugênico (por seleção genética), visando eliminar todos os nascituros portadores de alguma deficiência. Exatamente como Adolf Hitler queria e chegou fazer pelo Nazismo.

Existe também o interesse da lucrativa indústria do aborto, que geram milhões de dólares todos os anos para as clínicas aborteiras.

O tráfico de órgãos e indústria de cosméticos que utilizando gordura de fetos abortados, também tem interesses na desqualificação do nascituro como ser humano.  (Fatos denunciados por Carlos Heitor Cony – Folha de São Paulo – 11/04/2008)

Assim como é do interesse de alguns cientistas que não se assuma que a vida comece na fusão do ovócito com o espermatozoide, porque isso seria empecilho para as pesquisas com manipulações de embriões humanos e para o mercado da fertilização in vitro.

Ações práticas para implantar o controle demográfico

Para conquistar seus objetivos eles investem em alguns princípios que impedem o crescimento e o desenvolvimento dos países subdesenvolvidos, são eles:

·                     HOMOSSEXUALISMO

·                     Feminismo

·                     Cultura da família pequena

·                     Contracepção

·                     Esterilização

·                     Alarde sobre o aquecimento global e explosão demográfica na tentativa de afirmar que o problema do mundo está no número de pessoas.

·                     Abortos

Todas estas coisas implantadas e assimiladas nos países em desenvolvimento têm como consequência a redução drástica da população e por consequência o enfraquecimento do país.

O Brasil foi o único país que reduziu em 20 anos a taxa de natalidade para 50%. Façanha que os promotores do Controle Populacional comemoraram. A taxa de 6 filhos por mulher caiu para 2 da década de 60 até 2006, ou seja, estamos atingindo a taxa incapaz de repor a própria população existente (fonte: Indicadores Socio-demográficos e de Saúde no Brasil – 2009” –IBGE)

A “raça pura” – o aborto como instrumento racista

Sobre o interesse na subsistência de uma “raça pura”, o aborto também foi incorporado como método para eliminar pessoas consideradas de raça inferior ou possuidoras de defeitos físicos e mentais.

A IPPF (International Planning Parenthood Federation)- em tradução: Federação Internacional de Planejamento de Paternidade, cuja fundadora é Margaret Sanger, possui 142 filiais no mundo e no Brasil a BEMFAM, sua afiliada, tem um orçamento médio anual de 2 milhões e meio de dólares para seus projetos.

Margaret Sanger a fundadora e primeira presidente da IPPF declarou suas ideias no livro “Pivot of Civilization” e em sua revista “Birth Control Review”:

“Controle de natalidade – mais filhos dos saudáveis, menos dos incapazes”;

“Controle de natalidade – para criar uma raça de puro-sangue”;

“Os filantropos que dão recursos para atendimentos nas maternidades encorajem os sãos e os grupos mais normais do mundo a igualar o fardo da irracional e indiscriminada fecundidade de outros, que trazem com ele, sem nenhuma dúvida, um peso morto de desperdício humano. Em vez de reduzir e tentar eliminar as espécies que mais comprometem o futuro da raça e do mundo eles tendem a tornar essas raças dominantes numa proporção ameaçadora”

(M. Sanger, Pivot of Civilization – N. York, Bretano’s, 1992, p. 177, in Father of Modern Society – Elasah Drogin).

Em Um Plano para a Paz (1932), p. 106, Margaret Sanger propôs a criação de um departamento no Congresso Americano para:

“Manter as portas da imigração fechadas à entrada de certos estrangeiros cuja condição seja reconhecidamente prejudicial à força da raça, tais como retardados mentais e disléxicos, idiotas, lentos, loucos, portadores de sífilis, epiléticos, criminosos, prostitutas profissionais e outros nesta classe barrados pela lei de imigração de 1924.”

Sanger, “A Plan For Peace”, Birth Control Review, April 1932, p. 106

E, seguindo:

Aplicar uma estrita e rígida política de esterilização e segregação àquele grau da população cuja prole já seja manchada por algum defeito ou cujas características genéticas passadas de pai para filho sejam tais que traços censuráveis possam ser transmitidos aos descendentes.

Sanger, “A Plan For Peace”, Birth Control Review, April 1932, p. 106

Um outro documento de estratégias para mudanças da legislação, resultante da 9ª Conferência da IPPF -, que aliás é a maior organização privada internacional abortista de controle de população, estabelece:

“Vemos, pois que um terceiro papel das associações nacionais (no Caso do Brasil a BEMFAM) o de encontrar novas áreas para a atividade dos grupos de pressão… poderá exercer pressão em favor de mudanças da legislação referente ao aborto, para colocá-la de acordo com a política da IPPF e as atitudes culturais da população” (Gente sin Opción, pág. 59/60)

“De tal modo, as associações nacionais deverão operar até mesmo à margem da lei e até contra a lei, onde a legislação é dúbia ou não está sincronizada com a opinião pública” (idem pág. 77)

Evidentemente todas essas estratégias e diretrizes não ficaram apenas nesses documentos.

Para materializar essas ações algumas medidas foram tomadas:

a) destinação de recursos nos chamados “Projetos de População”;

b) criação de associações e movimentos feministas para implementarem as medidas;

c) criação e manutenção de um “lobby” junto ao Congresso Nacional para trabalhar pela aprovação de leis que atendam àqueles objetivos;

d) criação e manutenção do “Grupo Parlamentar de Estudos de População e Desenvolvimento” para apresentação e aprovação de projetos de lei que consubstanciassem as medidas propostas;

d) destinação de recursos específicos para “assessoramento” a parlamentares a nível federal.

e) pressão dos países ricos, nas conferências internacionais, para que se adote o “planejamento familiar” com o objetivo de controlar o crescimento da população através da contracepção da esterilização e do aborto.

A ONU compra a ideia

Em 1994, na Conferência Populacional, realizada no Cairo, a ONU manifesta a adesão ao controle demográfico e define conceitos totalmente novos para o mundo, conceitos estes que já vinham sendo defendidos pelas grandes fundações internacionais.

Essa adesão foi um marco para a implantação do aborto, até mesmo pelo prestígio que a ONU gozava e goza perante muitos países no mundo.

Entre as novas diretrizes no documento final emitido pela ONU, provenientes da conferência encontram-se estas:

– O conceito de saúde reprodutiva, considerado como algo mais do que a simples ausência de doenças

-O direito das mulheres ao acesso a serviços de abortos de qualidade quando a prática não for contrária à lei

– A urgência das ONG’s, ainda que não sejam constituídas por profissionais da saúde, de cooperar e supervisionar (ou pressionar) os governos na prestação dos serviços de saúde reprodutiva (incluindo o serviço ao aborto legal)

-Os direitos reprodutivos, que derivam do conceito de saúde reprodutiva, como um novo tipo de direito humano ( que futuramente poderia incluir o direito ao aborto).

O plano de pressão da ONU

Com o sucesso da Conferência Populacional em 1994 e da Conferência sobre a Mulher em 1995, a ONU promoveu em 1996, informalmente, a famosa Reunião de Glen Cove, numa ilha próxima a Nova York, onde reuniu as recém criadas ONG’s e movimentos feministas.

Ali se estabeleceu o plano de gradual pressão sobre os vários países, em especial sobre os da América Latina, no sentido de acusá-los de violarem os direitos humanos ao não legalizarem o aborto.

Entre outras metas para implantarem o aborto no mundo estava a de conseguir fazer com que o direito ao aborto entrasse oficialmente na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A denúncia do Papa

O Papa Bento XVI, publicou em Junho/09, sua 3ª Encíclica: “CARITAS IN VERITATES” (caridade na verdade). Nela o Sumo Pontífice denuncia claramente os grupos e movimentos nacionais e internacionais que tramam para impor o aborto principalmente aos mais pobres, como controle demográfico.

Parágrafo 28

28. Um dos aspectos mais evidentes do desenvolvimento atual é a importância do tema do respeito pela vida, que não pode ser de modo algum separado das questões relativas ao desenvolvimento dos povos. Trata-se de um aspecto que, nos últimos tempos, está a assumir uma relevância sempre maior, obrigando-nos a alargar os conceitos de pobreza [66] e subdesenvolvimento às questões relacionadas com o acolhimento da vida, sobretudo onde o mesmo é de várias maneiras impedido.

Não só a situação de pobreza provoca ainda altas taxas de mortalidade infantil em muitas regiões, mas perduram também, em várias partes do mundo, práticas de controle demográfico por parte dos governos, que muitas vezes difundem a contracepção e chegam mesmo a impor o aborto. Nos países economicamente mais desenvolvidos, são muito difusas as legislações contrárias à vida, condicionando já o costume e a práxis e contribuindo para divulgar uma mentalidade antinatalista que muitas vezes se procura transmitir a outros Estados como se fosse um progresso cultural.

Também algumas organizações não governamentais trabalham ativamente pela difusão do aborto, promovendo nos países pobres a adoção da prática da esterilização, mesmo sem as mulheres o saberem. Além disso, há a fundada suspeita de que às vezes as próprias ajudas ao desenvolvimento sejam associadas com determinadas políticas de saúde que realmente implicam a imposição de um forte controle dos nascimentos. Igualmente preocupantes são as legislações que preveem a eutanásia e as pressões de grupos nacionais e internacionais que reivindicam o seu reconhecimento jurídico.

O Brasil como porta de entrada para o aborto na América Latina

No final dos anos 80 a América Latina foi visitada por diversas vezes por profissionais da IWHC (International Women Health Coalition) traduzindo: Coalizão Internacional Saúde da Mulher – Muitos destes profissionais já haviam participado do processo de elaboração do Relatório da Fundação Ford sobre saúde reprodutiva.

Eles chegaram à conclusão que o Brasil seria o país que levaria toda a América Latina a legalizar o aborto, por sua influência política e pela facilidade de criar e coordenar os grupos de pressão pró-aborto.

Foram criadas então, organizações que pressionariam as políticas públicas no Brasil, após um evento realizado pela IWHC e CEPIA em 1993, no Rio de Janeiro.

Financiando o aborto no Brasil

Nos anos 90 a Fundação MacArthur despejou no Brasil U$36 milhões de dólares para financiar e criar estratégias para a legalização completa do aborto no país.

Criou algumas ONG’s e outras foram escolhidas para serem patrocinadas visando estes interesses internacionais.

Entre elas estão:

·                     CASA DA CULTURA DA MULHER NEGRA

·                     CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR

·                     IPAS

·                     CFEMEA

·                     REDE FEMINISTA DE DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS

·                     CEPIA

·                     CUNHÃ

·                     EDUCAÇÃO SEXUAL LIBERAL

·                     ECOS

·                     GTPOS

·                     SOS CORPO – GÊNERO E CIDADANIA

·                     THEMIS

Algumas delas atuam pra derrubar a questão moral do aborto, outras para implantar leis que  facilitem o aborto “legal”, algumas especialistas em Lobby junto ao Congresso Nacional, outras para defender o aborto na área jurídica, outras ainda para tentar conquistar a adesão popular pela mídia, muitas delas especialistas em manipular dados e pesquisas, enfim, entram em pontos estratégicos da sociedade brasileira.

Revelações surpreendente de médico ex-abortista

Dr. Bernard Nathanson , foi um dos fundadores da NADAL, 1969; Hoje é a Liga Nacional do Direito ao Aborto nos EUA.

Ele foi por 2 anos o diretor da maior clínica de aborto do mundo e compôs o núcleo que conseguiu a legalização do aborto nos Estado Unidos. Nathanson se transformou num dos maiores defensores da vida, quando, após a chegada do Ultra-Som, fez a verificação da vida intra-uterina. Ele abre o jogo e revela como fazem os abortistas para conquistarem a opinião pública e a aprovação das leis a favor do aborto:

1º A tática de ganhar a simpatia dos meios de comunicação.

2º A tática de atacar o Catolicismo.

3º A tática de denegrir e suprimir toda evidência de que a vida se inicia na concepção.”

O Governo Lula

Ao assumir o poder, em 2003, tanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, como o próprio Partido dos Trabalhadores, aderiram entusiasmadamente a este projeto.

O movimento internacional pró-aborto contou com a aliança do governo brasileiro que deu passos concretos em direção para o aborto totalmente livre no Brasil, foram eles:

2004, o então presidente Lula assinou de próprio punho o PLANO NACIONAL DE POLÍTICA PARA AS MULHERES, onde continha como prioridade nº 3.6, envolver o poder executivo, legislativo e judiciário a fim de despenalizar o aborto. A então Ministra Nilcéia Freire revelou a conversa pessoal dela com Lula e revelou a adesão pessoal de Lula e do Partido dele pela legalização do aborto.
Abril de 2005 o governo Lula comprometeu-se com a ONU, em legalizar o aborto no Brasil. Registrado no IIº Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (nº 45).
Maio de 2005 a comissão da Secretaria para a Política das Mulheres do Governo Lula, após seminário com grupos pró-aborto da ONU, começou a defender não só a legalização do aborto, mas a própria inconstitucionalidade de qualquer criminalização do aborto
Agosto de 2005, o governo reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher. Entregou ao comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a Mulher (CEDAW) documento confirma a declaração.
Setembro de 2005, o governo apresentou ao Congresso o Projeto de Lei 1135/91 de autoria do Dep. José Genoíno – PT, que propunha descriminalizar o aborto até o 9º mês de gestação e por qualquer motivo.
Abril de 2006, a discriminação do aborto foi oficialmente incluída pelo PT como diretriz do programa de governo para o segundo mandato do Presidente Lula. O documento intitulado “Diretrizes para a Elaboração do Programa de Governo” foi oficialmente aprovado pelo PT e contém: “…o Governo Federal se empenhará na agenda legislativa que contemple a descriminalização do aborto.”
Setembro de 2006, quatro dias antes do primeiro turno das eleições, em exatamente, 27 de Setembro, o próprio Presidente Lula incluiu o aborto em seu programa pessoal de governo para o segundo mandato e se compromete em legalizar o aborto no documento intitulado: “Lula Presidente: Compromisso com as mulheres, Programa Setorial de Mulheres 2007-2010”
Setembro de 2007, No 3º Congresso Nacional do PT, no documento intitulado: “Por um Brasil de Mulheres e Homens livres e iguais”, o Partido assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público, como programa do Partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir a causa como programa.
Outubro de 2007A então Ministra Dilma Roussef, em entrevista gravada em vídeo para Folha de São Paulo afirma ser um absurdo que no Brasil ainda não haja a descriminalização do aborto.
Em Setembro de 2009 o PT puniu os dois deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto.
Com o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o governo Lula emplacou o discurso: “legalizar o aborto é questão de saúde pública.”
Fevereiro de 2010 o Partido dos Trabalhadores, o presidente Lula e a então Ministra Dilma Rousseff, firmaram oficialmente, com assinaturas de próprio punho, o apoio incondicional ao 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, a retirada de símbolos religiosos das repartições públicas, a união civil homossexual, entre outros absurdos.
junho de 2010 o PT e os aliados boicotaram a criação da CPI do Aborto que investigaria as origens dos financiamentos por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil. Por temerem ser revelado o financiamento das fundações internacionais que investem para que o aborto seja legalizado no Brasil, entre elas a Fundação Ford, Fundação Rockfeller, Fundação MacArthur, etc.
O partido do governo não respeitou a própria constituição do país que declara o direito de todos à vida, não respeitou o Pacto de São José da Costa Rica do qual é signatário, onde se confirma a vida começando na concepção. (obs: O pacto de São José da Costa Rica é um pacto internacional, compromisso acima das leis nacionais, ficando abaixo apenas da Constituição Federal)
Em Julho de 2010, exatamente dia 16, o governo Lula assinou um documento chamado “Consenso de Brasília” que propõe a liberação completa do aborto para todos os governos da América Latina.
Fevereiro de 2010 – A Presidente Dilma Roussef coloca Eleonora Menicucci, feminista e militante pró-aborto, como Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres; ela que revelou ter feito – inclusive – um curso fora do país de abortamento por sucção.
A população brasileira contra o aborto

Uma boa notícia é que a última pesquisa realizada pela Vox Populi, mostra que 82% da população brasileira não aceita a legalização do aborto no país e este número continua crescendo.

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Referências

– As informações desta apresentação estão contidas no documento intitulado “CONTEXTUALIZAÇÃO DA DEFESA DA VIDA NO BRASIL –Como foi planejada a introdução da cultura da morte no país” ” elaborado pela Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Guarulhos, pela Comissão em Defesa da Vida da Diocese de Taubaté, ambas compondo a Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul -1 da CNBB.

Encíclica “CARITAS IN VERITATES” – Papa Bento XVI – Junho/09

Também no documento intitulado “O Aborto e sua legalização”, elaborado pela presidente do movimento Pró-Vida Família, Prof. Humberto L. Vieira, ex-consultor da OMS (Organização Mundial da Saúde), consultor legislativo do Senado Federal e membro vitalício e consultor da Pontifícia Academia para a Vida, nomeado por João Paulo II.

Assim como no texto “Ubi PT, Ibi abortus” de Padre Luiz Carlos Lodi, Presidente do Pró-Vida de Anápolis.

Fonte: Blog do Tiba na Canção Nova

Leia mais: http://www.afecatolica.com/news/a-conspira%c3%a7%c3%a3o-abortista%21/

O Ser Humano em questão

AS INCONSISTÊNCIAS FILOSÓFICAS E ANTROPOLÓGICAS DA DECISÃO DO MINISTRO BARROSO SOBRE A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO ATÉ OS TRÊS PRIMEIROS MESSES DE GESTAÇÃO

“Ninguém pode deixar de ser o que é desde o seu início”. Tertuliano. A cronologia de um fato tão marcante como a concepção de um ser humano não pode ser medida pelo desenvolvimento orgânico do córtex cerebral. Para o ministro Barroso o que determina o humano é a formação do córtex Cerebral. Segundo ele antes da formação do mesmo não há nenhum tipo de sentimento, reação ou atitude humana. Quer dizer na visão de Barroso antes dos três messes nada do que acontece é humano. Como deveríamos chamar então ao período que se dá entre a concepção e os três messes? 0. “Existir subjetivamente,existir corporalmente são uma e mesma experiência.” E. Mounier. O ministro não possui clareza frente ao fato antropológico do que significa o verbo existir. Para o ministro o importante é salvaguardar a integridade da mulher; porém ele esquece que não se fala em integridade e sim em integralidade! A decisão do ministro é totalmente subjetiva. Esquece que a gestação é uma experiência única! Integral. Que não pode ser levada em conta só a decisão da mulher, pelo fato de existir externamente. A existência do embrião é tão real é tão objetiva quanto à daquela que se pode expressar. Sendo em si mesma uma única experiência. 0. ” Toda a verdadeira vida é encontro”. M. Buber. Qual deveria ser o apelativo com o qual pudéssemos denominar a relação entre a mulher que espera e o embrião que também espera. A realidade filosófica do encontro nasce a partir da manifestação eloquente de saber que há um “outro”. Posso afirmar tudo o que for necessário para não entrar em contato com o outro; só que não posso eliminá-lo. O ministro está negando a real e existente relação entre dois seres, afirmando que antes de um tempo determinado não houve nada mais a não ser uma espécie de invasão ou de introdução de algo que pode ser removido sem prejuízo nenhum. Há um esquecimento total do significado do termo alteridade. Como posso exigir direito à vida se não reconheço a vida de alguém que já é. 0. ” A divisão positivista de um fato não longe de indicar uma solução, define um problema”. J. Habermas. O ministro Barroso utilizou um método hermenêutico inconsistente, ilógico e antiético. Não podemos separar uma realidade intrínseca como é o fato da concepção afirmando que é só uma das partes aquela que tem direito a decidir. Aqui é onde os pro abortistas não tem compreendido o valor filosófico da linguagem. Aliás se faz necessário que para que um discurso tenha peso científico este possua um método epistemológico dentro do qual as formulações superem as condições. O ministro se baseia em supostas afirmações e todas elas carecem de carácter discursivo. O dualismo é evidente quando vc faz afirmações como as que Barroso faz: ” preservar a integridade da mulher sobre a sua sexualidade e a reprodução”. Duas antinomias precedidas de sentimentalismo. 0. ” A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida a liberdade do ser humano”. João Paulo II. O aborto sempre será um ato violento. Quer numa clínica oficial e higienizada quer numa clandestina infectada. Todos os meios para que o aborto sejam realizados são meios invasivos, agressivos e anti humanos. A dignidade da pessoa prima em todos os seus momentos e circunstâncias. Assim como afirmamos que o fim não justifica os meios; temos que reafirmar que a finalidade da vida não está pautada pela decisão legal ou jurídica de quem se sente no direito de amparar um, eliminando o outro. Mesmo aqueles que negam a participação Divina na criação do ser humano a nossa liberdade vem do excelso conceito grego conhecido como AUTOPOIESE, que não é outra coisa que a capacidade que tem o ser humano de se desenvolver por si próprio. Mesmo que o embrião seja aninhado no útero e tenha uma dependência do mesmo, sua autonomia é tão válida quanto à da mãe. O ministro define autonomia exclusivamente como um fato próprio da gestante e não envolve em nada ao embrião quem também é suficientemente autônomo.

PhD Padre José Rafael Solano Durán.
Sacerdote da Arquidiocese de Londrina – PR.
Professor de Bioética e Moral da PUC – PR. Campus Londrina.