A TRADIÇÃO DO NATAL

O evangelista Mateus retrata uma discursão entre os fariseus e os escribas, querendo O interpelar a respeito da falta de cumprimento da tradição deles por parte dos discípulos. Fizeram então a seguinte pergunta: “Porque os teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois que não lavam as mãos quando comem”. Ele respondeu – lhes: “E vós, porque violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: Honra pai e mãe e Aquele que maldisser pai ou mãe, certamente deve morrer. Vós, porém dizeis: Aquele que disser ao pai ou à mãe “Aquilo que de mim poderias receber foi consagrado a Deus, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe”. E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaias a vosso respeito quando disse: Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são mandamentos humanos “(Mt 15, 2-9).

O que vimos nesta passagem da Sagrada Escritura é que a tradição oral a que os fariseus e escribas submetiam o povo sob o pretexto de assegurar a observância da Lei escrita, ia mais longe do que ela. No caso acima, o rodapé da Bíblia de Jerusalém nos explica: Porque os bens assim votados, ou seja, oferecidos a Deus (Korbâm) passaram a revestir um caráter “sagrado”, que interditava aos pais pretenderem para si qualquer parte deles. Esse voto, aliás, fictício, não obrigando a nenhuma doação real, era um meio odioso de livrar-se de um dever sagrado. Os rabinos, embora reconhecendo seu caráter imoral, consideravam válidos tais votos.

E o que isto tem a nos ensinar no dia de hoje? Cada vez que meditamos com a Palavra de Deus, ela tem a capacidade de fazer nova todas às coisas e de ser tão viva e atual, pois o Senhor quer nos falar exatamente sobre essas tradições as quais muitas vezes nos faz viver um Natal que nos tira do verdadeiro sentido: O nascimento do seu Filho Jesus.

O que fazemos muitas vezes por tradição, seguindo os mandamentos dos homens? O natal hoje é focado no consumismo desenfreado, nas compras em excesso, nas preocupações com a grande ceia de Natal, nos amigos secretos… Os canais de televisão com as suas propagandas, jornais, filmes, só nos mostram o Papai Noel, a árvore de Natal, os presentes… Aqui e ali é que vemos um presépio.

E com tudo isso, esquecemos que estamos vivendo um tempo tão maravilhoso da nossa Igreja, Tempo de Advento, Tempo de Espera, Tempo de Expectativa, que nos levou a refletir com os profetas e com Nossa Senhora de como anda a nossa vida e como está o nosso coração. Será que verdadeiramente estamos preparados para celebrar a nossa maior vitória, que é a nossa salvação trazida pelo Menino Deus? Ele é a nossa salvação.

Que na noite de hoje ao nos reunir com as nossas famílias, possamos elevar os nossos olhos e os nossos corações a Deus, e juntos louvar e agradecer pelo maior de todos os seus presentes: Jesus Cristo, o nosso salvador! Por Ele o Senhor abriu as portas do céu para nós, possibilitando alcançarmos a nossa vitória. Ele sim é o único motivo de celebrarmos tão grande festa!

Que este Menino Deus, venha tocar os nossos corações para que possamos verdadeiramente honrá-Lo com os nossos lábios e também com a nossa vida…

Um abençoado Natal.

Rosana (CCRM).

UMA REFLEXÃO SOBRE O NATAL!

No primeiro capítulo do evangelista João está escrito: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus… E o Verbo de fez carne e habitou no meio de nós”. Todo esse tempo em que nos preparamos para o dia de hoje, tempo de Advento, tempo de espera, tempo de expectativa… Tempo em que refletimos e meditamos com os profetas, especialmente o profeta Isaías, e também João Batista, o precursor, aquele que veio preparar os caminhos para a chegada do Senhor, aquele que dizia: “Preparai o caminho do Senhor, tornai reta as suas veredas, toda colina seja rebaixada, todo monte seja aterrado” (Lc 3,4-5). Por último meditamos com Maria, aquela que acreditou e através do seu sim, possibilitou a realização da promessa do Pai para nós: “Havíamos perdido a posse do bem, era preciso no-la restituir” (Cat 454). Era preciso que um Deus tão grande se rebaixasse, se humilhasse, vindo até nós para nos elevar, para nos fazer filhos e filhas de Deus! E esse Deus que é Mistério, nos confundiu com a sua chegada. Esperávamos um Deus que nasceria em um palácio. Um Deus que libertaria Israel pela força e pela espada, mas aí onde está o paradoxo: Quis o Senhor das Misericórdias necessitar do sim de uma simples mulher, sem prestígio, sem dinheiro, sem influencia política ou social. A descendência de Davi se referia a casta de José. Outro detalhe, Belém nem ao menos era uma cidade, e sim um povoado, que foi elevado a cidade pelo nascimento do Senhor: “E tu Belém de Éfrata, de modo algum és a menor das cidades” (Mq 5,1-2).

A liberdade que o povo esperava, aquele que os livraria da escravidão, aos poucos se fez entender que esta liberdade era interior e não exterior, e que a maior de todas as armas era o amor. Porque o amor não escraviza, liberta! É como o evangelista João define Deus: Deus é amor! O próprio Deus é amor e seu nome já expressa a sua identidade e missão, Jesus, que significa Deus Salva! A salvação, portanto é uma Pessoa e ele mesmo definiu a sua missão quando entrou na sinagoga de Nazaré e desenrolou o livro do profeta Isaías: “O espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu, para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação a vista, para restituir a liberdade aos oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). E quando João Batista é preso, em sua agonia envia os seus discípulos até Jesus para lhe perguntar: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?” E Jesus manda dizer a João: “ Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: Os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11, 2-5). Ou seja, é o Reino dos Céus acontecendo no meio de nós. O céu começa aqui e agora, em você e em mim, quando permitimos que em nós e através de nós essas coisas aconteçam. É Ele que retira a venda dos nossos olhos, que age em nossas paralisias, que purifica o nosso coração, que nos faz escutar a sua voz e que ressuscita em nós o que está morto. Que nos evangeliza através de suas palavras e de seus ensinamentos. A nós é dado o Reino dos Céus e o homem ainda não consegue perceber isso…

Precisamos buscar esse Menino-Deus dentro de nós, para que o nosso coração possa tonar-se uma manjedoura, a nossa vida um presépio, pois mesmo em meio a simplicidade de um estábulo a luz brilha, a alegria e a paz se tornam realidade, porém só os simples e os humildes têm a capacidade de acolher este tão grande Mistério.

Um Feliz Natal!

 

Rosana