A Eutanásia na Bélgica

Quando a eutanásia é legalizada, a mentalidade coletiva de uma cultura a respeito do significado e da importância da vida humana se distorce. Acabar logo com o sofrimento torna-se mais importante do que proteger a vida dos vulneráveis.

Wesley J. Smith | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere | 12 de Fevereiro de 2020

Maravilha das maravilhas: a Bélgica está processando três médicos pela prática ilegal da eutanásia. Depois que Tine Nys, 38, recebeu uma injeção letal, os familiares denunciaram os médicos — um deles, psiquiatra — às autoridades. Eles alegam que a injeção letal aplicada em Nys violou as diretrizes que os médicos deveriam seguir de acordo com as leis de eutanásia na Bélgica. 

As alegações dos familiares são perturbadoras. Nys fora diagnosticada com autismo alguns meses antes de sua morte. Quando jovem, sofria de um transtorno depressivo e tentou suicídio. Mas os membros da família relatam que ela ficou muitos anos sem precisar de tratamento e que, na verdade, queria morrer por causa de um relacionamento desfeito. Segundo a lei, Nys não estava sofrendo de uma desordem “séria e incurável” — requisito necessário para que uma pessoa recorra legalmente à eutanásia.

Depois que Tine Nys recebeu uma injeção letal, os familiares denunciaram os médicos às autoridades.

De acordo com a mídia, esse caso demonstra que a Bélgica trata com seriedade a observância de limites rigorosos para a eutanásia. Mas “rigorosos” e “limites” são conceitos contraditórios quando estamos falando de médicos belgas que matam seus pacientes. Deveríamos ficar angustiados com o fato de essa ser uma das poucas tentativas de responsabilizar médicos, levando-se em conta que as autoridades têm feito vista grossa para outros casos igualmente graves, evitando tomar quaisquer medidas criminais ou administrativas.

A eutanásia foi legalizada na Bélgica em 2002, em meio às usuais garantias displicentes de que firmes limitações impediriam seu abuso. Mas as promessas eram falsas. Desde que a lei entrou em vigor, médicos têm aplicado a eutanásia não apenas em pacientes doentes, mas em pessoas com deficiência, idosos em situação de desespero e pessoas com doenças mentais. Até crianças de nove anos já sofreram eutanásia! Os corpos de pessoas com doenças mentais e com deficiências físicas progressivas são usados para captação de órgãos. Não fosse pela eutanásia, muitos dos que foram mortos teriam vivido por anos. De fato, diversos casos abusivos já foram relatados de forma fidedigna na mídia e por autoridades belgas especialistas em eutanásia — mas nenhum deles resultou em processo. Os casos seguintes são apenas um exemplo.

Há relatos de vários casos de casais de idosos que foram mortos juntos. O primeiro foi em 2011 — nenhum dos membros do casal estava seriamente debilitado, e a eutanásia foi lhes aplicada com o pleno conhecimento e a aprovação inequívoca de sua comunidade. Eles inclusive fizeram os ajustes finais no necrotério local antes de receberem a injeção letal.

Os corpos de pessoas com doenças mentais e com deficiências físicas progressivas são usados para captação de órgãos.

Um caso se destaca por sua crueldade. Um casal saudável “temia o futuro”. Os dois receberam a eutanásia juntos, apoiados pelos filhos. O médico da morte foi inclusive contratado pelo filho deles, que disse ao Daily Mail que a morte dos pais era “a melhor solução”, já que seria “impossível” cuidar deles adequadamente. Sociedades decentes julgam que é trágico o suicídio conjunto de casais de idosos. Mas na Bélgica, aparentemente, ele é considerado uma solução legítima para problemas associados ao cuidado de idosos. 

Outra história perturbadora é a de “Ann. G.”, que sofria de anorexia suicida. Ela fez uma acusação pública contra seu antigo psiquiatra por tê-la persuadido a manter relações sexuais com ele. Como o psiquiatra — que admitiu a acusação — não foi punido com severidade, Ann ficou tão desesperada que procurou outro especialista para pedir a eutanásia. Ela morreu com quarenta e quatro anos. Com amarga ironia, o primeiro psiquiatra só disciplinado pelo abuso depois da morte de Ann.

Agora imagine que você está no trabalho cumprindo suas tarefas. O telefone toca. Você atende, e a voz do outro lado lhe informa que ele trabalha para o necrotério do hospital onde está o corpo de sua mãe. “Como assim? O corpo da minha mãe está aí!?”, você exclama. “Ela recebeu a eutanásia hoje”, responde a voz. “O que deveríamos fazer com o corpo?” 

Sim, isso aconteceu em 2012 com o químico belga Tom Mortier. Numa conferência antieutanásia, da qual participei em 2014, ele descreveu o trauma emocional pelo qual passou. Sua mãe, Godelieva de Troyer, lutou contra a depressão durante boa parte da vida — algo que na Bélgica pode servir de fundamento jurídico para a eutanásia. Mas aqui está o truque: ela não foi morta por seu psiquiatra, que poderia ter determinado — de acordo com a lei — que ela era incurável. Em vez disso, ela foi morta pelo Dr. William Distelmans, um oncologista conhecido por sua predisposição para aplicar a eutanásia em pessoas que não foram seus pacientes anteriormente.

Diversos casos abusivos de eutanásia já foram relatados, mas nenhum deles resultou em processo.

Infelizmente, o mesmo Distelmans também aplicou a eutanásia num homem transgênero que ficou perturbado por causa de uma cirurgia malfeita de mudança de sexo. Diz a história publicada no Daily Mail

Um transexual belga decidiu morrer por meio da eutanásia depois que uma cirurgia malfeita de mudança de sexo, que deveria completar sua transformação em homem, o deixou parecido com um “monstro”. Nathan Verhelst, 44, morreu na tarde de ontem depois de ter recebido autorização para tirar a própria vida por causa de “sofrimento psicológico insuportável”. Horas antes de morrer, ele disse ao Het Laatste Nieuws: “Estava pronto para celebrar meu novo nascimento, mas quando me olhei no espelho fiquei indignado comigo”.

Agora temos de nos perguntar: Verhelst teve sua situação de desespero tratada por um profissional de saúde mental adequado? Recebeu ajuda em seu momento de angústia? Não. Ele foi morto por um especialista em câncer.

Os casos que destaquei aqui — há muitos outros — ilustram a frágil natureza das “diretrizes rigorosas” na Bélgica. Os casos dessas pessoas — que não estavam de modo algum próximas da morte — foram relatados; portanto, não se pode dizer que as autoridades não sabiam deles. Mesmo assim, nenhum dos seus assassinos foi responsabilizado criminalmente, como aconteceu no caso de Nys. 

Uma condenação no caso de Nys poderia conter o impulso da contínua expansão da eutanásia na Bélgica. Parece não haver dúvidas sobre o caso. Porém, isso não significa muita coisa na cultura da morte. Para ser sincero, ficarei agradavelmente surpreso se houver uma condenação.

O recente processo contra uma médica que pratica a eutanásia na Holanda, onde a morte administrada por médicos também é legalizada, demonstra por que sou tão cético. Uma paciente que sofria de demência, ainda na posse de suas faculdades, pediu à médica que lhe aplicasse a eutanásia quando estivesse incapacitada. Mas ela também informou que gostaria de poder dizer quando isso ocorreria. Finalmente, a família dela e a médica decidiram, sem o consentimento dela, que a hora havia chegado. A médica pôs um entorpecente no café da paciente e, tão logo ela adormeceu, iniciou o procedimento para aplicar a injeção letal. Porém, a mulher acordou inesperadamente e lutou para impedir que fosse morta. Em vez de parar, a médica instruiu a família a segurá-la enquanto ela se debatia, para assim finalizar o homicídio.

Em vez de parar, a médica instruiu a família a segurá-la enquanto ela se debatia, para assim finalizar o homicídio.

Esse poderia parecer um caso inequívoco de eutanásia involuntária, que é tipificado como assassinato segundo a lei holandesa. Porém, um tribunal não apenas absolveu a médica, mas também a elogiou por ter agido no “interesse” da paciente. Em outras palavras, o juiz decidiu que a paciente que lutava para sobreviver não tinha mais capacidade mental para desejar viver. 

Quando a eutanásia é legalizada, a mentalidade coletiva de uma cultura a respeito do significado e da importância da vida humana se distorce. Acabar logo com o sofrimento torna-se mais importante do que proteger a vida dos vulneráveis, dificultando cada vez mais a restrição da eutanásia e do suicídio assistido a casos extremos — aqueles aos quais essas práticas deveriam estar reservadas, segundo a falsa promessa de seus defensores. Os raros casos de processo decorrentes de abusos inequívocos, muitos dos quais malsucedidos, aceleram esse processo. Não há nada tão eufemístico quanto dizer que as pessoas com tendência suicida têm permissão moral para acabar com suas vidas, ao mesmo tempo que se garante que os médicos da morte acreditem ter a aprovação da lei para satisfazer os desejos mais obscuros dos membros mais desesperados da sociedade.

Os úteros das mulheres e as togas dos magistrados

A partir do momento em que o ventre materno passa a abrigar uma nova vida humana, o útero deixa de ser um assunto privado para ser de interesse de toda a sociedade.

Equipe Christo Nihil Praeponere

15 de Novembro de 2018

“A mulher não é um útero a serviço da sociedade”. Foi com uma frase rasteira dessas que um conhecido ministro do Supremo Tribunal Federal voltou a defender esta semana um suposto “direito” das mulheres a abortar os próprios filhos.

Ora, que a mulher não seja o próprio útero é algo tão óbvio quanto ela não ser o seu esôfago, o seu coração ou o seu cérebro. A parte não é o todo, sim; mas “o todo sem a parte não é todo” também. Cada órgão exerce a sua função e tem a sua importância no corpo humano. Se o esôfago ajuda na alimentação, o coração bombeia sangue para todo o corpo e o cérebro comanda todas as atividades do organismo, o útero, por sua vez, abriga novas vidas. A diferença é que o esôfago, o cérebro e o coração são comuns a todo ser humano, ao passo que o útero — e com ele a maternidade — é privilégio das mulheres, e de ninguém mais.

Mas o que a humanidade deveria ver — e durante muito tempo realmente viu — como um privilégio é visto por esse ministro como um fardo. Por isso, não espanta que ele defenda justamente o oposto da maternidade: ao invés de dar a vida, as mulheres deveriam ter o direito de “dar a morte” a seus filhos; ao invés de dá-los à luz, seria a hora de dá-los “às trevas”, por assim dizer.

Dito neste termo, o argumento soa estranho, para não dizer maluco. Mas é a única forma de descrever o aborto como ele realmente é. Não se trata apenas de um debate sobre o útero feminino, sobre uma pars viscerum matris, isto é, sobre uma “extensão” do corpo da mulher. Estão em jogo aqui os direitos fundamentais de outra pessoa, e é o próprio ministro defensor do aborto que admite o fato em seu discurso. A partir do momento em que o ventre materno passa a abrigar uma nova vida humana, o útero deixa de ser um assunto privado para ser de interesse de toda a sociedade.

Não sem razão o aborto consta na seção de crimes contra a vida do Código Penal, ao lado do homicídio, do infanticídio e do auxílio ao suicídio. (Todos os termos com o radical “cídio”, do verbo latino occido, querem dizer “matar”.) Não sem razão a nossa Constituição Federal, da qual os ministros do STF deveriam ser “guardiões” (cf. art. 102, caput), diz com todas as letras que é inviolável o direito à vida (cf. art. 5.º, caput). Ora, se uma simples lesão corporal, aos olhos do Direito, merece ser punida por representar uma agressão não só contra um indivíduo, mas contra a sociedade em geral, quanto mais um ato como o aborto, que dá fim nada menos do que à vida de outrem!

Mas se as leis humanas reconhecem que ninguém pode matar, por que falar, então, de um “direito ao aborto”? Se o próprio ministro em questão reconhece que há um “conflito de direitos” envolvido aqui, como entender que ele não defenda o valor fundamental de todo o ordenamento jurídico e lhe sobreponha, ao invés, um suposto direito à “autonomia individual da mulher”, que nem na Constituição está escrito? Desde quando a “autonomia” de uma pessoa pode trucidar (literalmente, neste caso) a vida de outra? Se a liberdade de uma mulher é um valor superior à vida do nascituro, o que impede outra mãe de matar seu filho recém-nascido, ou mesmo qualquer um de matar, e sair impune por isso?

A resposta é simples. O aborto é um direito porque o ministro assim o quer (e, poderíamos acrescentar, “depois da investidura, ele não deve satisfação a mais ninguém”). Ponto e acabou: é o império do voluntarismo de toga. Para adaptar-se às ideias de um juiz, à sua visão de Direito, à utopia feminista que ele mesmo criou, todos os entraves no caminho se transformam, por um passe de mágica, em instrumentos a seu dispor. A Constituição não fala de direito fundamental à autonomia da mulher? Extraiamo-lo, pois, de uma interpretação livre do texto constitucional. O Código Civil fala de direitos do nascituro? Submetamo-los a outro direito, que nós mesmos inventamos, sob o pretexto de aplicar um malfadado princípio de “proporcionalidade”. O Código Penal criminaliza o aborto? Não pode ser, é inconstitucional! A interpretação que eu mesmo fiz da Constituição prova que o aborto tem de ser descriminado…

Rumo a essa ideia, que só existe na cabeça de um magistrado que se crê acima de tudo e de todos, caminha à força uma nação inteira. O juiz que é contra os úteros “a serviço da sociedade” usa uma toga a serviço de sua própria causa ideológica… e ninguém tem nada com isso.

Abortista depõe em caso sobre órgãos fetais: “Alguns desses fetos nasceram vivos”

Um médico que já realizou mais de 50 mil abortos disse que a Planned Parenthood alterava o protocolo para garantir tecidos fetais frescos e intactos.| Foto: Reprodução/ Planned ParenthoodMairead McardelNational Review[04/10/2019] [09:40]3Um médico abortista sentou-se no banco das testemunhas de um tribunal de San Francisco e, surpreendentemente, depôs em nome de dois investigadores pró-vida disfarçados, David Daleiden e Sandra Merritt, que estão sendo processados por fazerem uma gravação secreta de executivos da indústria do aborto falando que eles procuram partes de fetos humanos para vender a pesquisadores.
De acordo com testemunhas, o obstetra-ginecologista dr. Forrest Smith disse à corte que os executivos no vídeo provavelmente alteraram ilegalmente procedimentos de aborto, fazendo com que os bebês nascessem vivos e sujeitando as mães a complicações em sua busca por órgãos fetais mais intactos.
Daleiden, Merritt e a organização que eles comandam, o Centro pelo Progresso Médico, ganharam as manchetes no verão de 2015 depois de terem divulgado horas de vídeos gravados secretamente mostrando executivos da Planned Parenthood e a conferência de 2014 da Federação Nacional do Aborto. Os executivos da indústria do aborto foram flagrados barganhando com os investigadores, que se passavam por representantes de uma empresa de pesquisas que usava tecidos fetais, e admitindo alterar ilegalmente os procedimentos a fim de obterem órgãos fetais mais frescos e intactos, que valem mais para os pesquisadores.

Quando Smith viu Daleiden na televisão, em 2015, ele disse à esposa: “Eu vou destruir esse filho da mãe. Ele está querendo me destruir”, depôs o abortista.
Depois de conhecer Daleiden, contudo, ele chegou à conclusão de que o investigador estava certo quanto ao tráfico de órgãos da indústria do aborto e quanto a outras atividades ilegais e disse até que Daleiden “não sabia nem metade do que estava acontecendo”.
“Não tenho dúvidas de que ao menos alguns dos fetos nasceram vivos”, disse Smith ao tribunal quando lhe perguntaram se os procedimentos de aborto mais agressivos e controversos que os executivos da Planned Parenthood descreviam no vídeo podiam resultar no nascimento de um bebê. “Poucas pessoas no mundo do aborto, fora a Planned Parenthood, fazem isso”.
“Você pode até matar um ser humano, e admito que o aborto é isso”, disse Smith, “mas tem que fazer isso de uma certa forma”.
Smith diz ser “o mais antigo médico abortista em atividade nos Estados Unidos hoje” e diz ter realizado 50 mil abortos.

Daleiden e Merritt são acusados de 14 crimes de gravar informações confidenciais sem consentimento.
De acordo com testemunhas do depoimento, Smith também mencionou a ideia de se pedir que a gestante concordasse em doar os tecidos fetais depois de ela se submeter ao aborto, dizendo que a única opção ética é fazer a pergunta depois do procedimento, de modo que o médico abortista não tenha nenhum incentivo para mudar o procedimento.
O juiz, então, perguntou se Smith estava sugerindo que as mulheres são facilmente manipuladas, ao que Smith respondeu que ele se referiu a “pacientes”, não mulheres.
Minutos mais tarde, Smith disse acreditar que uma mulher grávida é, sim, facilmente manipulável, dizendo que mulheres diante de decisões assim difíceis são muito vulneráveis.
“O dr. Forrest Smith demonstrou uma honestidade heroica ao revelar as mentiras, os eufemismos e os segredos da Planned Parenthood em seu depoimento”, disse Daleiden à National Review. “Suas qualificações como especialista deixam claro que a Planned Parenthood está trazendo crianças à luz em procedimentos de abortos tardios e que empresas que traficam órgãos de fetos matam bebês para tirar seus órgãos”.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/abortista-depoe-em-caso-sobre-orgaos-fetais-alguns-desses-fetos-nasceram-vivos/

Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Aborto, assassinato de uma Pessoa

“Fetos encontrados em casa de médico não são lixo hospitalar. São seres humanosClínicas de aborto tentam esconder os horrores do procedimento. Descoberta de milhares de fetos em casa de médico mostram que não há nada de limpo no aborto.| Foto: PixabayAlexandra DesanctisNational Review[18/09/2019] [13:31]9O aborto interrompe intencionalmente a vida de seres humanos. Nós nos lembramos disso de uma forma especialmente macabra no fim de semana passado (14), quando os restos mortais de 2246 fetos foram descobertos na casa do ex-médico abortista Ulrich George Klopfer. A família dele descobriu fetos preservados na propriedade que Klopfer tinha em Illinois depois da morte dele, no começo do mês.
Ele realizou abortos ao longo de quase quatro décadas no norte de Indiana – sobretudo em South Bend, mas também em Fort Wayne e Gary — e teve sua licença médica cassada em 2016, depois de violado leis de registros de abortos e padrões de segurança durante os procedimentos.
Quando a clínica de aborto Women’s Pavilion, onde Klopfer trabalhava, em South Bend, encerrou suas atividades na primavera de 2016, ele teve de comparecer diante do Conselho Médico de Indiana como parte de uma investigação da procuradoria estadual que analisava mais de 2.000 reclamações sobre suas práticas.

O conselho descobriu que, entre outras violações, Klopfer tinha realizado abortos em duas meninas de 13 anos e esperado meses para relatar os procedimentos, sendo que a lei exigia que ele fizesse isso num prazo de três dias. Ele também admitiu ter feito aborto numa menina de dez anos que fora estuprada por um tio, mas Klopfer nunca relatou o caso às autoridades.
Então o fato de Klopfer ter preservado mais de 2.000 corpos como troféus de seu tempo como abortista talvez não seja surpresa para aqueles que conheciam seu trabalho.
Mas talvez surpreenda a consciência de um país que aprova legalmente o aborto de quase um milhão de fetos por ano. É fácil ignorar isso quando os restos mortais são jogados nos terrenos atrás das clínicas ou em lixões, onde nunca os vemos. Eles não devem reaparecer, escondidos na casa de abortistas e emergindo em nossos jornais ou nas telas de televisão.
A morte pode continuar, desde que não tenhamos de prestar atenção. Mas às vezes não temos escolha.

Em seu livro Lições Mortais, o ex-cirurgião Richard Selzer fala sobre o aborto. Ele descreve uma manhã de verão no seu bairro, quando um caminhão de lixo sem querer deixou cair um saco de fetos na rua e ele e seus vizinhos saíram de casa e tropeçaram acidentalmente nos corpinhos.
“Você se abaixa para ver. Porque você tem que ver”, escreve Selzer. “E não estou brincando. Aquela macies cinza não pode ser outra coisa. É um bebê e ele está morto. Você cobre a boca e os olhos. Você fica paralisado. O horror toma conta de você e você jamais será o mesmo”.
Selzer continua:
Mais tarde, na delegacia, a investigação é rápida e conclusiva. O diretor do hospital é quem fala: “(…) os fetos acidentalmente foram misturados ao lixo hospitalar (…) que foi recolhido às oito e meia por um caminhão. De alguma forma, o saco plástico, com a inscrição ‘material perigoso’, caiu do caminhão e se abriu. Não, ninguém sabe como os fetos acabaram no saco alaranjado com a inscrição ‘material perigoso’. Foi um acidente”. O diretor do hospital quer que você saiba que não é algo cotidiano. Foi algo que acontece uma vez na vida, disse ele. Mas você viu aquilo, e o que ele tem a lhe dizer agora?
Ele se torna afável, como se o conhecesse, e lhe diz que, por erro, os fetos se misturaram aos outros lixos. (Sim, ele diz outros e diz lixos). Ele passou o dia todo, diz, tentando descobrir o que aconteceu. Ele quer que você saiba disso. De alguma forma, isso é importante para ele. Ele continua:
Os fetos abortados que pesam menos de meio quilo são incinerados. Os que pesam mais do que isso são enterrados no cemitério municipal. Ele diz isso. Agora você entende. É uma coisa ordeira. É racional. O mundo não está louco. Esta ainda é uma sociedade civilizada (…).
Mas só dessa vez, sabe, não é. Você viu e você sabe.

Os vizinhos de Klopfer não tiveram de tropeçar nas vítimas dele na rua, mas, com sua descuidada coleção de restos mortais, ele nos obriga a vermos os horrores que o aborto causa no feto, a admitir para nós mesmos que aquilo é uma criancinha. A verdade é que o aborto é um ato de violência, o fim de uma vida humana.
E ter a verdade estampada na primeira página do jornal local é algo ruim para os negócios. A recém-reformada clínica de aborto de South Bend emitiu uma nota no fim de semana dizendo-se surpresa com as notícias. Nela, lê-se: “A clínica Whole Woman’s Health de South Bend tem orgulho de atender essa comunidade com serviços de aborto de alta qualidade que respeitam a dignidade das mulheres e das famílias. Seguimos os mais altos padrões de higiene e tratamos nossas pacientes com a compaixão e o respeito de que elas mais precisam”.
Se o padrão e a compaixão estão em não levar para casa restos mortais de fetos abortados no fim do expediente, então talvez a clínica abortista Whole Woman’s Health pode dar um jeito nisso. Mas não há muita diferença entre o que acontece na clínica e o que aconteceu na clínica de Klopfer, entre o que os abortistas farão com os corpinhos e o que Klopfer fez aos 2.246 fetos encontrados na casa dele.
Se a família dele tivesse descoberto milhares ou centenas ou até dezenas de corpos de adultos, assistiríamos a uma interminável cobertura noticiosa sobre o mais famoso serial killer da história — e acertadamente. Mas como os corpos são minúsculos, vamos fechar nossos olhos. Daqui a alguns dias, a maioria de nós esquecerá. Diremos a nós mesmos que Klopfer era um criminoso mas os outros não, que o aborto é um procedimento estéril e sanitário e que os fetos não têm corpos desde que não precisemos vê-los.”Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/feto-medico-aborto-lixo-hospitalar-seres-humanos/?webview=1

Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O nascituro é um ser vivo (II)

Vanderlei de Lima | Set 11, 2019

O grande geneticista francês Jérôme Lejoune é quem declara: “Se o ser humano não começa por ocasião da fecundação, jamais começará

A vida só é vida, porque não é um corpo inorgânico e nem um corpo organicamente morto (é óbvio). Acompanhe, pois, com atenção os detalhes desta afirmação.
Corpo inorgânico é aquele que não tem vida, não é organizado. Exemplo? – Os minerais que crescem por justaposição, ou seja, quando há união física sem que um assimile algo do outro. Desse modo, a pedra A pode, por exemplo, juntar-se lateralmente à pedra B, mas cada uma, apesar da junção, conserva suas propriedades particulares. Jamais se fundem.

Contudo, se a união é química, produz-se uma nova substância diferente das duas (ou mais) que se unem. Assim, duas partículas de hidrogênio e uma partícula de oxigênio, formam a água (H2O).

Os corpos organicamente mortos, por sua vez, são organismos que já tiveram vida e, atualmente, não têm mais.

Outra definição diz que vida é “a propriedade ou qualidade por meio da qual organismos vivos são distinguidos dos organismos mortos em três categorias: (1) vivo, (2) morto (vivo anteriormente) e (3) inanimado/inorgânico” (Clowes, Brian. Os fatos da vida. Brasília: Pró-Vida Família, 1999, p. 201).

Fora dessa demarcação, não há nenhuma outra categoria possível, pois um organismo ou é vivo, ou é morto (já esteve vivo, mas agora não mais está) ou é inanimado/inorgânico (nunca esteve e nem estará vivo), segundo vimos acima.

Daí se segue que a maneira mais simples (e óbvia) de provar que o nascituro é vivo se dá mediante a seguinte observação: o óvulo da mulher e o espermatozoide do homem são células vivas e se unem dando origem a um ser vivo da mesma espécie humana. A prova de que há vida é que essas duas células, logo que se fundem (surge uma nova vida), se reorganizam, crescem e continuam a ter todas as propriedades de uma célula viva.

MAIS EM HOME

A arma “secreta” do diabo para nos destruir

Os Papas e o doce nome de Maria

A solidão pode trazer felicidade?

Cientistas revelam a maneira perfeita de ajudar os avós a viver mais

O bombeiro do 11 de setembro de 2001 que virou padre para salvar corpos e almas
Portanto, contra a tese abortista, o bebê está vivo. Ele não é nem morto (se fosse morto, o organismo feminino o expeliria pelo aborto espontâneo ou daria sinais de mal-estar e levaria a mulher a buscar ajuda médica) e nem é inanimado/inorgânico (se fosse, nunca poderia nascer vivo).

E mais: um ser morto ou inanimado não realiza divisão celular. Ora, os bebês, além de nadarem e se locomoverem no útero da mãe vivenciam uma taxa bem alta de divisão celular (41 das 45 divisões que ocorrem na vida de um indivíduo).

O grande geneticista francês Jérôme Lejoune é quem declara: “Se o ser humano não começa por ocasião da fecundação, jamais começará. Pois de onde lhe viria uma nova informação? O bebê de proveta o demonstra aos ignorantes. […] Aceitar o fato de que, após a fecundação, um novo ser humano chegou à existência já não é questão de gosto ou de opinião.”

Sobre o aborto diz ele: “Em nossos dias, o embrião é tratado como o escravo antes do Cristianismo; podiam vendê-lo, podiam matá-lo… O pequeno ser humano, aquele que traz toda a esperança da vida, torna-se comparável ao escravo de outrora”.

“Uma sociedade que mata seus filhos, perdeu, ao mesmo tempo, sua alma e sua esperança” (Revista Veja n. 37, de 11/09/1991, apudPergunte e Responderemos n.485, nov. 2002, p. 462-468).

Por tudo isso que acabamos de expor, vê-se que o bebê é um ser vivo e defender o aborto é promover o homicídio.

O nascituro é um ser vivo (I)

Vanderlei de Lima | Set 03, 2019

Rezemos continuamente pela vida e contra a cultura da morte que ronda nossa sociedade

Quase 90% dos brasileiros defendemos a vida inocente e indefesa no ventre materno.
Ora, um dos pontos muito levantados pelos defensores do assassinato de inocentes no ventre materno é o de que (absurdo!) o nascituro ainda não tem vida. Daí à luz da ciência e da fé, tratarmos do assunto neste e no próximo artigo, tentando, apesar do uso de termos da Filosofia e da Biologia, ser simples e acessível aos nossos leitores.

É certo que não basta apenas saber que há vida a ser defendida desde a concepção, mas é preciso agir, dentro da lei e da ordem, para que essa vida seja respeitada, acolhida e amada até o seu fim natural, como nos têm lembrado os Papas São João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Passemos, pois à reflexão a que nos propusemos no início deste texto.

O nascituro é um ser vivo: Para iniciar, é preciso dizer – com os Dicionários – que “vivo” é definido como “tendo vida” (Clowes, Brian. Os fatos da vida. Brasília: Pró-Vida Família, 1999, p. 201).

Portanto, todo ser que tenha vida, obviamente, está vivo. Daí ser preciso, embora não fosse necessário, definir o que se entende por vida e dar provas de que o aborto direto é HOMICÍDIO, pois tira uma vida inocente e indefesa.

A vida é “a soma de propriedades pelas quais um organismo cresce, reproduz, e se adapta ao seu ambiente; a qualidade através da qual um organismo difere de corpos inorgânicos ou organicamente mortos”.

Detalhemos cada afirmação contida na definição acima, a fim de melhor entender a vida intrauterina valendo-nos de E. Bettencourt, em seu Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1994, p. 71.

A “soma de propriedades”: é um conjunto de ingredientes ou características próprias de um ser, sem as quais ele não seria o que é (seria outra coisa e não a vida). “Pelas quais um organismo cresce, reproduz e se adapta ao seu ambiente”: o conjunto de ingredientes que faz a vida ser vida (e não outra coisa) se demonstra em três ações principais que são o crescer, o reproduzir-se e o adaptar-se. Vejamos cada uma delas:

MAIS EM HOME

O que o Papa estava fazendo naquele 11 de setembro de 2001

A arma “secreta” do diabo para nos destruir

Como desenvolver um bom relacionamento com os professores dos seus filhos

Os Papas e o doce nome de Maria

A solidão pode trazer felicidade?
Crescer: todo ser vivo alimenta-se retendo o que lhe é útil e rejeitando o que lhe é nocivo. Com o que é útil a um ser vivo, ele cresce, desenvolve-se até tornar-se um organismo completo, característico de sua espécie: um vegetal, um animal irracional ou um animal racional (ser humano).

Reproduzir: todo ser vivo, por uma série de atividades complexas, mas organizadas entre si, elabora sementes capazes de se desenvolver em indivíduos da mesma natureza.

Adaptar-se: todo ser vivo, ao ser provocado por algum estímulo externo, reage de maneira a defender e a ajudar o seu organismo.

Essa defesa e ajuda se realizam por uma série de movimentos (contrações, secreções, reflexos etc.), que são destinados a manter e a aumentar o seu bem-estar, segundo leis da Física e da Química.

O vivente tem, portanto, uma imagem (Gestalt) interior que assegura a sua centralização e a estruturação de suas atividades, o que lhe proporciona a defesa contra inimigos internos e externos, restaura-lhe as partes lesadas e restabelece as funções prejudicadas em sua luta contínua pela sobrevivência.

Na matéria não viva isso não ocorre. Veremos isso mais detalhes em nosso próximo artigo, se Deus quiser. 

Rezemos continuamente pela vida e contra a cultura da morte que ronda nossa sociedade.

Eugenia, aborto e a normalização de outros males

A reafirmação das leis que legalizaram o aborto nos Estados Unidos têm por trás uma fantasia antiga e perigosa: a eugenia

Public Discourse [17/06/2019] [14:53]

G. K. Chesterton começa seu livro Eugenia e Outros Males, de 1924, alertando que “o golpe de uma machadinha só pode ser contido enquanto ela estiver no ar”. A machadinha no ar era a eugenia, mas o golpe já atingiu seu alvo nos Estados Unidos.
Num caso da Suprema Corte julgado há três anos, Buck vs. Bell, o Ministro Oliver Wendell Holmes Jr. escreveu um voto sustentando uma lei recém-sancionada na Virgínia que determinava a esterilização obrigatória de pessoas sofrendo de “imbecilidade, idiotia, retardo ou epilepsia” – mesmo diante dos protestos de Carrie Buck, 17 anos, que tinha certo atraso mental, mas não a ponto de ignorar a injustiça que estava sendo perpetrada contra ela.
Leia também: Aborto e eugenia

Permitindo que o Estado removesse cirurgicamente as trompas de Falópio de Buck, diante de um só voto dissidente, dado pelo único ministro católico da corte, o Ministro Pierce Butler, Holmes escreveu: “É melhor para todo o mundo, em vez de esperar executar filhos degenerados por crimes ou permitir que eles morram de fome por causa da imbecilidade, que a sociedade possa evitar que os claramente inadequados se reproduzam”.
Buck foi uma das 60 mil pessoas esterilizadas nos Estados Unidos no século XX, como notou Clarence Thomas em seu voto dissidente no caso Box vs.Planned Parenthood de Indiana e Kentucky, uma apelação que discutia a questão se o estado de Indiana podia legalmente proibir abortos feitos por causa do sexo, raça ou deficiências do feto que está sendo assassinado. A “ideia perigosa” de Thomas — como Ross Douthat a chamou recentemente — é a de que a história sórdida da eugenia nos Estados Unidos continua sendo relevante para nossa interminável disputa constitucional quanto ao aborto.
De acordo com a jurisprudência da Décima Quarta Emenda da Suprema Corte [que fala sobre o devido processo legal], um estado não pode impor um direito fundamental a não ser que por trás dele haja um interesse que só pode ser satisfeito por meios os menos restritivos possíveis. Supondo, apenas para o bem da argumentação, que haja um direito fundamental constitucional ao aborto, ainda assim o Estado tem interesse em impedir abortos feitos por motivos eugenistas — para se deter a machadinha no ar?
Leia também: Por que os esquerdistas não conseguem falar honestamente sobre aborto

Respondendo a essa pergunta e associando-a às categorias da análise da Proteção Equânime da Corte, Thomas escreveu um voto dissidente de vinte páginas detalhando a história da eugenia nos Estados Unidos, como o objetivo de demonstrar que a lei de Indiana e “leis parecidas promovem o interesse do Estado em impedir que o aborto se tornasse um instrumento da eugenia moderna”.
Como notou Thomas, o “movimento da pílula anticoncepcional do século XX” se misturou e “se desenvolveu juntamente com o movimento eugenista norte-americano”. Ambos “buscavam ajudar a raça [humana] na eliminação dos inadequados”, como escreveu Margaret Sanger em seu ensaio “Birth Control and Racial Betterment” [Pílula anticoncepcional e melhoramento racial].
Mas Sanger expressava dúvidas já no fim do ensaio, perguntando se “a reprodução de casais saudáveis” ou a “esterilização de certos tipos reconhecidos de degenerados” era capaz de limitar a reprodução “em meio às grandes massas que, por pressão econômica, habitam as favelas e lá, impotentes, geram outras massas impotentes, doentes e incompetentes que reforçam tudo o que a eugenia é capaz de fazer entre aqueles cuja condição econômica é melhor”.
Apesar de Sanger não trilhar por esse caminho, a distância estre este ponto de partida e o aborto eugenista não é muito grande. Poucos anos depois de Sanger ter publicado seu ensaio, o eugenista anglicano progressista William Ralph Inge escreveu abertamente em seu livro Outspoken Essays [Ensaios sinceros] que “o dogma ridículo de que os homens nascem iguais está morto, mas não enterrado. A ‘santidade da vida humana’ precisa abrir caminho para a verdade óbvia de que um jardim precisa ser aparado”. Sem o dogma da santidade da vida humana, o que impede o jardineiro da metáfora de matar as ervas-daninhas?

A questão quanto ao aborto ser usado para fins eugenistas, depois das leis de liberalização do aborto no século XX, era séria. Diante disso, parecia fazer sentido que as pessoas interpretassem os comentários da Ministra Ruth Bader Ginsburg numa entrevista de 2009 para a New York Times Magazine como um aceno positivo para o objetivo eugenista de desestimular a reprodução dos pobres e outros indesejáveis. “Sinceramente, eu achava que, quando o caso Roe [que legalizou o aborto nos Estados Unidos] foi julgado”, disse Ginsburg a Emily Bazelon, “havia uma preocupação quanto ao crescimento populacional, sobretudo das populações das quais não queremos ter muitos representantes. De modo que o caso Roe iria estabelecer um financiamento público para o aborto”.
VEJA TAMBÉM: A perversa “eugenia preventiva” Um novo nome para uma velha fantasiaNuma entrevista posterior para Bazelon, na Yale Law School, Ginsburg insistiu que suas palavras tinham sido reproduzidas com precisão, mas que ela fora “enormemente mal interpretada”. Talvez, e a visão generosa de Bazelon é a de que Ginsburg estava resumindo uma ideia que estava no ar em 1973, mas com a qual ela pessoalmente não concordava (apesar de suas palavras numa entrevista diferente de 2014, na qual ela dizia que “não faz sentido ter uma política nacional que promova o nascimento somente entre os pobres” parecerem endossar tanto os lados positivo e negativo da eugenia).
É impossível dar a mesma interpretação generosa a uma carta de Ron Weddington, um dos advogados do caso Roe vs Wade, ao presidente Bill Clinton em 1992. “Depois de convencer os pobres de que eles não conseguirão sair da pobreza tendo tantas bocas a mais para alimentar”, escreveu Weddington, “você terá de criar meios para evitar a existência dessas bocas a mais”. Isto é, “vasectomias, laqueaduras e abortos” feitos pelo Estado. Para deixar ainda mais claro, Weddington encerrava a carta insistindo enfaticamente que “não precisamos de mais bebês pobres”. A categoria dos “pobres”, claro, geralmente representa outras categorias de “indesejáveis”, seja implícita ou explicitamente.
A tecnologia avançou muito desde 1992 e, como diz Thomas, “com os exames pré-natais de hoje e outras tecnologias, o aborto pode ser facilmente usado para eliminar crianças com características indesejáveis”. Isso levou à eliminação quase completa de crianças com Síndrome de Down em muitos países ocidentais e à disseminação do aborto de acordo com o sexo na Ásia e em algumas comunidades dos Estados Unidos. Além disso, há disparidades raciais nas taxas de aborto em muitas comunidades norte-americanas.

É importante ter em mente que o eu na palavra eugenia significa “bom” – bons genes – e que as pessoas que defendem isso acham que estão defendendo algo de bom para a sociedade e o futuro. E eugenia foi e é um movimento progressista — movimento que se baseia numa visão de desenvolvimento, progresso e perfeição. A história do século XX, contudo, mostra que essa visão do Paraíso leva a resultados do inferno. A busca eugênica pelos bons genes se dá à custa da dignidade e igualdade humanas, deixando de lado o dogma da santidade da vida humana. Em vez de nos alertar que a eugenia pode ser posta em prática aqui, o voto dissidente de Thomas expõe o que já aconteceu aqui, e o Estado está interessado em evitar a volta dessa ideia.
Justin Dyer é professor de ciência política e diretor do Kinder Institute on Constitutional Democracy da University of Missouri.

©2019 Public Discourse. Publicado com permissão. Original em inglês”Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/eugenia-aborto-e-a-normalizacao-de-outros-males/?webview=1

Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

A “fake news” que humilhou jovens católicos nos Estados Unidos

Numa época de “luta de classes”, parece ser uma lei editorial promover o descrédito e a ridicularização de quem quer que se atreva a crer num Deus acima dos céus e a defender uma vida dentro do útero.

Equipe Christo Nihil Praeponere | 31 de Janeiro de 2019

Parecia um fato absurdo: um grupo de rapazes brancos, católicos e pró-vida zombando de um índio idoso, durante um protesto na capital americana. Ao menos era essa a impressão que causava um vídeo que se tornou viral na manhã de 19 de janeiro, provocando reações instantâneas em toda a mídia. Às pressas, o The New York Times mandou publicar como manchete: “Boys in ‘Make America Great Again’ Hats surrounding Native Elder at Indigenous Peoples March”, algo assim em português: “Garotos com bonés do ‘Faça a América grande outra vez’ cercam índio idoso, na Marcha dos Povos Indígenas”. Outros tantos jornais repercutiram a mesma história logo em seguida, acompanhados pelo coro de sabe-se lá quantos políticos, artistas e ativistas dos direitos humanos.

A polêmica repercutiu até na Igreja e em sítios católicos na internet. A escola onde os adolescentes estudam, Covington Catholic High School, precisou fechar as portas naquela semana, dada a quantidade de ameaças e protestos contra a instituição. Para apaziguar os ânimos, sugeriu-se a expulsão dos meninos. Dom Roger Foys, bispo da diocese de Covington, em Kentucky, também condenou a agressão e aproveitou para se desculpar pelo incidente. Na página da Marcha pela vida, evento do qual os rapazes haviam participado poucas horas antes de o problema acontecer, os organizadores emitiram um comunicado repudiando a zombaria contra os indígenas. Enfim, padres, blogueiros católicos e demais lideranças embarcaram na narrativa midiática, que expressava indignação contra os rapazes, aqueles “fascistas”, e exigia as devidas providências.

O respeito ao ser humano é um dever de justiça. Por isso, não há dúvida de que o comportamento dos estudantes mereceria toda censura, não fosse um importante detalhe: eles não haviam feito nada. Depois das primeiras manchetes da imprensa, outros vídeos surgiram na internet, mostrando a história completa de tudo o que, de fato, havia ocorrido em frente ao Monumento a Lincoln, em Washington. Não houve zombaria contra nativos, não houve tentativa de intimidação nem bloqueio de passagem. Foi Nathan Phillips, o senhor que aparece no vídeo tocando um tambor na cara de outro rapaz, Nick Sandmann, quem livremente se aproximou dos estudantes para, supostamente, “ouvir seus ataques”. Ao contrário, os meninos do Covington Catholic High School é que haviam sofrido ataques por parte de outro grupo de manifestantes, os Israelitas Negros Hebreus, que os chamavam de “racistas”, “viados” e “ratos brancos”. Os meninos brancos, católicos e pró-vida apenas cantavam para encobrir os insultos quando Nathan Phillips se aproximou.

Os estudantes mereceriam toda censura, não fosse um importante detalhe: eles não haviam feito nada.

Em tempo, o jornalista Gleen Beck fez o excelente trabalho de reunir todos os vídeos e organizá-los segundo a sequência lógica dos fatos. Na tarde de 18 de janeiro, três manifestações ocorriam na cidade de Washington: a Marcha pela Vida, a Marcha dos Povos Indígenas e um protesto dos Israelitas Negros Hebreus, estes conhecidos por suas posições radicais e extremistas. Quando os jovens chegaram ao Monumento a Lincoln para tomarem o ônibus de volta a Covington, já acontecia uma confusão entre os dois outros grupos, como mostram as imagens dos vídeos. Foram os Israelitas Negros Hebreus que iniciaram a provocação. Sem entender o que se passava no local, e diante dos insultos que começaram a receber, os meninos apenas entoaram cantos da escola e algumas danças. Foi nesse momento que o ativista Nathan Phillips se aproximou deles para tocar-lhes o tambor. Eles não insultaram ninguém, não agrediram ninguém, não oprimiram ninguém. No local errado e na hora errada, esses garotos foram vítimas de um vídeo maldosamente editado, que se revelou mais tarde uma grande farsa.

Mas a mídia já havia feito seu serviço de causar a primeira impressão. Apesar das desculpas e lamentações pelo equívoco por parte dos jornais, os meninos brancos, católicos e pró-vida terão sempre na testa a marca de um crime que não cometeram. Nick Sandmann foi ameaçado de morte. Numa época de “luta de classes” — hostil ao cristianismo e à vida —, promover o descrédito e a ridicularização de quem quer que se atreva a crer num Deus acima dos céus e a defender uma vida dentro do útero parece ser uma lei editorial. Nick Sandmann e seus colegas empunhavam bandeiras contrárias aos valores mainstream: marchavam contra o aborto e defendiam uma “América grande de novo”, slogan não só do presidente Trump, mas que já foi usado por outros políticos como Ronald Reagan e, imaginem só, Bill Clinton. Isso tudo bastava para que jornalistas burlassem o protocolo de checar as fontes antes de publicá-las. The New York Times é aquele mesmo jornal que, anos atrás, publicou um anúncio incentivando os católicos a abandonar a Igreja. A causa acima da ética.

O que assusta, no entanto, é como católicos se deixaram ludibriar por um vídeo de apenas alguns minutos, unindo-se à narrativa da mídia contra os estudantes do Covington Catholic High School. De quem justamente se esperava prudência, a mãe de todas as virtudes, veio primeiro justiça. Diante de toda pressão, era preciso condenar rapidamente aquele episódio, a fim de que a Igreja passasse uma imagem positiva para o mundo, que espumava de ódio e indignação. De fato, a imprensa conseguiu machucar tanto a imagem dos católicos — sobretudo pelos desgraçados escândalos de pedofilia — que, agora, qualquer mínima suspeita levantada pelos jornais contra algum membro da Igreja é o bastante para que nós, católicos, disparemos anátemas e penitências. Para a nova mentalidade, todo católico deve ser considerado um racista-homofóbico-misógino-pedófilo em potencial, até que se prove o contrário.

O sr. Nathan Phillips, frente a frente com o jovem católico Nick Sandmann.

O incidente com os alunos do Covington Catholic High School é apenas mais um episódio de uma narrativa que se deseja construir contra o cristianismo: a de que se trata de uma religião perversa e inimiga da sociedade. No passado, os católicos podiam se ufanar da própria fé, com as mesmas palavras de Santo Agostinho aos fautores do Estado:

Os que dizem que a doutrina de Cristo é contrária ao bem do Estado dêem-nos um exército de soldados tais como os faz a doutrina de Cristo, dêem-nos tais governadores de províncias, tais maridos, tais esposas, tais pais, tais filhos, tais mestres, tais servos, tais reis, tais juízes, tais contribuintes, enfim, e agentes do fisco tais como os quer a doutrina cristã! E então ousem ainda dizer que ela é contrária ao Estado! Muito antes, porém, não hesitem em confessar que ela é uma grande salvaguarda para o Estado quando é seguida (Epist. 138 [al. 5] ad Marcellinum, cap. II, n. 15).

Hoje esse discurso não só parece soberbo como completamente fora da realidade. A ênfase com que os meios de comunicação expuseram os maus exemplos de tantos soldados, políticos e familiares católicos criou na mentalidade comum dos fiéis um verdadeiro “complexo de inferioridade”, como afirma a colunista Charlotte Allen, de modo que quase nos envergonhamos de servir ao Senhor. Ser católico não parece mais uma graça, mas um defeito.

Malgrado as desculpas da mídia, os meninos brancos, católicos e pró-vida terão sempre na testa a marca de um crime que não cometeram.

Para todos os efeitos, tanto o bispo da diocese de Covington como os organizadores da Marcha pela Vida e outros líderes católicos pediram desculpas aos jovens. “Nós não deveríamos ter nos deixado intimidar a fazer uma declaração tão prematura”, lamentou Dom Roger Foys. A “fake news” que humilhou esses jovens católicos nos Estados Unidos expõe, no fim das contas, o estado da guerra cultural contra o cristianismo e a crise pela qual passam as instituições católicas. De um lado, uma elite anticristã cada vez mais descarada, oportunista e mentirosa, disposta a tudo para sepultar os valores cristãos da sociedade, até assassinar a reputação de jovens estudantes; do outro, uma Igreja confusa com o barulho do mundo, pressionada pela bagunça entre a moral politicamente correta e a moral cristã.

Planned Parenthood admite que sua prioridade é o aborto

“Com nova presidente, a Planned Parenthood finalmente admite que seu foco é o aborto

A organização finalmente está fazendo uma confissão que deveria fazer com que políticos de todos os Estados Unidos repensassem os 500 milhões de dólares que ela recebe do bolso dos contribuintes Quanto mais pessoas souberem em que tipo de negócio a Planned Parenthood está metida, melhor PixabayA nova presidente da Planned Parenthood tem um ponto forte a seu favor: ela não tem vergonha de dizer a verdade. Leana Wen, a sucessora de Cecile Richards, está finalmente admitindo o que todos nós já sabemos há muito tempo: a Planned Parenthood pode falar sobre uma grande variedade de assuntos, mas só se importa realmente com um deles: aborto.
Leia mais: O que é a Planned Parenthood?
Depois de 12 anos tentando fazer o seu negócio de abortos passar despercebido, a Planned Parenthood estabelece uma nova estratégia sob a direção de Wen: dizer as coisas como elas são. 
Nossas Convicções: Defesa da vida desde a concepção
Depois que uma reportagem do Buzzfeed insinuou que a médica chino-americana quer que o grupo “foque na assistência médica não-abortiva”, Wen surpreendeu a todos dizendo exatamente qual é a prioridade real da Planned Parenthood. “Nossa missão central é oferecer, proteger e expandir o acesso ao aborto e à saúde reprodutiva. Nós nunca recuaremos nessa batalha”, tuitou ela. “É um direito humano fundamental e a vida das mulheres está em jogo”. 
Leia mais: A Planned Parenthood enfrenta grandes problemas com a lei
Seu tuíte, que foi complementado com defesas do aborto ainda mais militantes, explodiu mais de uma década de subterfúgios e figuras de linguagem com apenas alguns bits. A Planned Parenthood, que limpou meticulosamente qualquer referência ao aborto em seus pronunciamentos públicos no tempo de Richards, está finalmente fazendo uma confissão que deveria fazer com que políticos de todos os Estados Unidos repensassem os 500 milhões de dólares que ela recebe do bolso dos contribuintes. 
A verdade não fazia muito bem aos negócios, observa Philip Wegmann, do Washington Examiner, sobre a Planned Parenthood. Para sufocar as críticas de que o governo estava financiando a maior rede abortiva do país, Richards costumava repetir que os abortos correspondiam a apenas 3% dos seus serviços – como se não houvesse nada de errado em matar se você só faz isso de vez em quando, diz Wegmann. Até veículos como o Slate e o Washington Post recusavam essa estatística como sem sentido e enganosa. 
Leia mais: Mulher conta por que deixou Planned Parenthood
Durante anos, a Planned Parenthood defendeu enfaticamente a estatística dos 3%, e a cumplicidade da imprensa a replicou de forma acrítica. Sua ex-presidente Cecile Richards a repetiu durante um depoimento no Congresso. Jornalistas da CNN, do Politico e do New York Times a publicaram sem questioná-la. O número foi repetido tantas vezes que se tornou uma mentira blindada.
Explicar a verdade seria um desastre para a Planned Parenthood. O Congresso talvez não assinasse tantos cheques dos contribuintes se o público soubesse que a maior rede de abortos lucra, de fato, através da realização de abortos – 328.348 abortos por ano, de acordo com seu último relatório anual. 
Leia mais: O sofrimento silencioso dos pais depois do aborto
Talvez, como apontam outras pessoas, a nova estratégia de Wen seja a sua forma de atrair a nova maioria da Casa. Afinal, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi (dos democratas da Califórnia), já prometeu que a sua pauta seria “pró-escolha”. A honestidade de Wen pode ser, porém, um tiro no pé diante dos eleitores. Mais da metade deles (55%) não sabem que a Planned Parenthood faz abortos – imagine só se souberem que é a maior rede de abortos do país. 
Leia mais: Em estratégia desesperada, defensores do aborto partem para o vale-tudo
A mídia gosta de falar sobre o apoio que a Planned Parenthood tem junto às bases. Mas, como diz o instituto de estatísticas Gallup, “não está claro se os norte-americanos têm uma opinião favorável à Planned Parenthood por causa do seu papel no debate sobre o aborto ou apesar dele”.
No fim, a confissão de Wen pode ter sido um favor para o lado pró-vida. Quanto mais pessoas souberem em que tipo de negócio a Planned Parenthood está metida, melhor. 

Tony Perkins é presidente do Family Research Council 

Tradução: Felipe Sérgio Koller.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/com-nova-presidente-a-planned-parenthood-finalmente-admite-que-seu-foco-e-o-aborto-0vepro2abhxgh5dtfifw21zlk/appCopyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Apresentadora espera bebê com anencefalia e avisa: “Não vamos abortar”

anencefalia

“Deus tem um plano para ela”, declarou a profissional, junto com o esposo

Apresentadora do canal norte-americano Wish TV, Brooke Martincomunicou no início deste mês que espera uma bebê diagnosticada com anencefalia e acrescentou que, junto com o marido, Cole, decidiu não abortá-la.

“Nossa bebê foi diagnosticada com anencefalia, uma doença rara que faz com que o crânio do bebê não se desenvolva. Descobrimos que é uma menina e que ela não tem possibilidade de sobreviver, mas decidimos prosseguir com a gravidez até quando ela continuar viva”.

A fé de Brooke e do esposo foi a inspiração para o nome da pequena:

“Escolhemos o nome dela: Emma Noelle. Os dois nomes, juntos, soam como Emmanuel, que significa ‘Deus conosco’”.

Anencefalia e manipulação ideológica

Os casos de anencefalia são frequentemente utilizados ​​como um “argumento” para se legalizar o aborto. Entretanto, a forma de tratar o assunto costuma ser impregnada de manipulação emocional unilateral, chegando-se a empregar, em certos discursos pró-aborto, expressões como “gestar um funeral” para “descrever” a gravidez de um bebê com esta condição.

É fato que ainda não existe nenhum tratamento padrão para a anencefalia e que a quase totalidade dos bebês anencéfalos morre logo após o nascimento. No entanto, há muitas controvérsias quanto à forma de lidar com esta situação por parte da gestante e da sua família, com testemunhos de mulheres que levaram a gravidez adiante e consideraram que esta decisão foi determinante para o seu próprio processo de cura psicológica. Trata-se de um processo de aceitação, superação e cura mediante a escolha da vida, semelhante ao que ocorre quando uma vítima de estupro consegue fazer a objetiva separação entre o trauma da violência sexual e a inocência do bebê gestado nesse ato de violência: há muitos relatos de mães para quem o bebê se revelou um “bálsamo” capaz de saná-las, em contraposição aos relatos de vítimas que optaram pelo aborto e depois constataram que, além de manterem o trauma do estupro, ainda acrescentaram a ele o trauma do aborto. Esta perspectiva, porém, é frequentemente omitida no debate público.

Um plano de Deus

Brooke e Cole, que já são pais do pequeno Max, hoje com 2 anos, complementam:

“Estamos desolados. Estamos muito tristes. Por outro lado, temos a certeza de que Deus tem um plano para Emma e ​​que Ele vai redimir a sua história”.

Enquanto Cole se declara orgulhoso da esposa e “da forma como ela lidou com a notícia“, Brooke prossegue:

“Normalmente, um bebê com anencefalia morre. Existe a possibilidade de que possamos perdê-la até antes do parto (…) Nós sabemos que algum dia vamos poder estar com ela na eternidade. E esta é a nossa confiança. Esta é a nossa esperança”.